terça-feira, dezembro 30


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Mário Crespo, como sempre, Priceless. Bom ano.
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"Porque a realidade excede os meus dotes ficcionais, esta Ficha de Avaliação da Doutora Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação, assenta nos critérios seguidos pelo seu Ministério incluindo, a terminologia usada na avaliação de docentes, o número de alíneas e a bitola de classificação.
Níveis de Pontuação: Mínimo 3, máximo 10.
A - Preparação e execução de actividades.
A - 1 Correcção científico-pedagógica e didáctica da planificação.
Classificação obtida - Nível 3
(Não efectuou as reformas previstas no Programa do Governo por falta de trabalho preparatório. As cenas de pugilato, luta greco-romana e intimidação por arma de fogo simulada nas áreas que lhe foram confiadas vão originar um aumento significativo da despesa pública com a contratação à Blackwater (por ajuste directo) de um mercenário israelita por cada sala de aula e dois nas salas dependentes da DREN).
A - 2 Adequação de estratégias.
Classificação obtida - Nível 3
(Não definiu linhas de rumo nem planos de acção que permitissem concretizar a missão delineada, usando como benchmarking nacional os parâmetros seguidos no sistema educativo da Faixa de Gaza.)
A - 3 Adaptação da planificação e das estratégias.
Classificação obtida - Nível 3
(Não obteve eficácia aferível em três anos de actividade, consumindo no processo a maior parcela de verba pública atribuída a um Ministério. Insistiu em manter o organograma dos seus serviços (em particular da DREN) inspirado no modelo das Tentações de Santo Antão de Jeronimus Bosh).
A - 4 Diversidade, adequação e correcção científico-pedagógica das metodologias e recursos utilizados.
Classificação obtida - Nível 3
(A observação empírica dos resultados é indiciária de um inadequado e/ou incorrecto aproveitamento de recursos disponibilizados em sucessivos Orçamentos de Estado em tal monta que fazem o BPP parecer uma operação rentável. Adicionalmente, o seu Ministério atingiu tal desordem que faz a Assembleia Geral do Benfica parecer um retiro de monges Cartuxos).
B - Realização de actividades.
Classificação obtida - Nível 3
(A avaliação conclui que à incapacidade da avaliada na "promoção de clima favorável" se junta a insuficiência de valências de conhecimentos gerais essenciais, como o atesta a confusão que fez a 23 de Junho de 2005 pp. em entrevista televisionada, falhando na distinção entre "República" e "Governo da República". Isto deu novas dimensões ao Estatuto da Autonomia dos Açores e inspirou o Chefe do Estado a crescentes afrontas à vontade do Parlamento com graves e desgastantes consequências para o executivo.
Nas secções C e D da Ficha de Avaliação do Ministério da Educação, nos quatro subgrupos, a avaliada obteve oito classificações de Nível 3, pelo que, feita a média aritmética dos dezasseis parâmetros cotados lhe é atribuída a classificação geral de Insuficiente. Recomenda-se que sejam propostas à Doutora Maria de Lurdes Rodrigues as seguintes opções: integrar o quadro de mobilidade especial até colocação em Baucau; frequentar um curso das Novas Oportunidades e/ou filiar-se no Movimento Esperança Portugal; aceitar o 12º lugar na lista de espera para o próximo Conselho de Administração da FLAD; frequentar o curso de formação do INA - Limites da Autonomia Regional; ser animadora de As Tardes de Maria de Lurdes na RTP África; integrar a quota ainda disponível para antigos executivos socialistas na Mota Engil, Iberdrola ou BCP."

segunda-feira, dezembro 29

Com o 2009 já ao virar da esquina.

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Uma das melhores descobertas que fiz no ano que agora termina foram os vídeos de Matt Harding - um rapaz normal que um dia mandou, quase, tudo às favas e se pôs a dançar sem que a falta de jeito o impedisse, em inúmeros lugares do planeta. A proeza ganhou vida própria e patrocínios, e este jovem arrecadou, para uns quantos nos quais eu me incluo, uma das vivências mais singelas e invejadas que se conhecem. Aproximamo-nos do final de mais um ano e, sendo esta uma altura propícia a desejos desmedidos, faço votos de que este tipo de vivências invada, connosco no papel principal, mais partes do nosso quotidiano.
Sorte e saúde a todos, feliz 2009.

quinta-feira, dezembro 25

quinta-feira, dezembro 18

Nos tempos da outra senhora


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Escola de outros tempos... Cliquem para maximizar.

O buraco negro

terça-feira, dezembro 16

Sem rodeios, como se quer!



Este artigo é em homenagem a Valentim Loureiro, um boy com "B" maiúsculo, que coloca tudo às claras desde o intelecto até a sua posição corporal. Louvo a sua coragem em sair do armário, laranja...

“O ambiente que se vive em Gondomar e que tem a ver com quem lidera Gondomar não é o ambiente que, hoje, se encontra pelo país. Assim é que nós devemos estar na vida e na política e não andar em manifestações contra o Governo com o qual me identifico, sobretudo com o Primeiro-ministro”
by Valentim Loureiro, edil Gondomarense

Sexto sentido ou bom senso?



Não sou apreciador mas não dei por perdido o tempo que utilizei na leitura do artigo que aqui deixo. Não copio as suas palavras na totalidade apenas a parte que achei mais significativa e sobre a qual já me tenho debruçado aqui e em conversas "de café". Vinda de quem vem talvez acabe por ter mais repercussão.
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"A crise aprofunda-se e generaliza-se. Os Estados desviam milhões, que vêm directamente dos bolsos dos contribuintes, para evitar as falências de bancos mal geridos ou que se meteram em escandalosas negociatas. Será necessário. Mas o povo pergunta: e as roubalheiras, ficam impunes? E o sistema que as permitiu - os paraísos fiscais -, os chorudos vencimentos (multimilionários) de gestores incompetentes e pouco sérios, ficam na mesma? E os auditores que fecharam os olhos - ou não os abriram suficientemente - e os dirigentes políticos que se acomodaram ao sistema, não agiram e nem sequer alertaram, continuam nos mesmos lugares cimeiros, limitando-se a pedir, agora, mais intervenções do Estado, com a mesma desfaçatez com que antes reclamavam "menos Estado" e mais e mais privatizações?
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Pedem-se e pediram-se sacrifícios para cumprir as metas do défice, impostas por Bruxelas. Mas, ao mesmo tempo, os multimilionários engordaram - os mesmos que agora emagreceram na roleta russa das economias de casino - e os responsáveis políticos (os mesmos, por quase toda a Europa) não pensam em mudar o paradigma ou não anunciam essa intenção e não explicam sequer aos eleitores comuns, os eternos sacrificados, como vão gastar o dinheiro que utilizam para salvar os bancos e as grandes empresas da falência, aparentemente deixando tudo na mesma? E querem depois o voto desses mesmos eleitores, sem os informar seriamente nem esclarecer? É demais! É sabido: quem semeia ventos colhe tempestades...
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Nas ruas e universidades da Grécia, há vários dias, os estudantes manifestam- -se violentamente, atiram pedras contra a polícia, incendeiam automóveis, provocam distúrbios. Indignação ou houve o pretexto de a polícia ter matado um estudante? Não são, contudo, jovens marginais, filhos de imigrantes, habitantes de bairros problemáticos, como sucedeu, há meses, em França. São filhos da burguesia que está a ser muito afectada com a crise.
A França foi a primeira a inquietar-se. Com razão. Quando há uma crise latente, que fere em consciência as classes médias, qualquer pretexto serve para gerar a revolta. Maio de 68 foi assim. De Gaulle, que era o De Gaulle, desapareceu e esteve dois dias na Alemanha a ouvir as forças militares de ocupação ali estacionadas.
A Espanha também tem motivos de preocupação: a subida em flecha do desemprego, o mal-estar social latente, que sucedeu a um período de grande crescimento, a bolha do imobiliário, que rebentou como era previsível, as tensões crescentes entre algumas autonomias e o centralismo de Madrid.
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Portugal também não deve ficar indiferente. Com as desigualdades sociais sempre a crescer, o aumento do desemprego que previsivelmente vai subir imenso, em 2009, a impunidade dos banqueiros delinquentes, o bloqueio na Justiça, e em especial, do Ministério Público e das polícias, estão a criar um clima de desconfiança - e de revolta - que não augura nada de bom. Oiçam-se as pessoas na rua, tome-se o pulso do que se passa nas universidades, nos bairros populares, nos transportes públicos, no pequeno comércio, nas fábricas e empresas que ameaçam falir, por toda a parte do País, e compreender-se-á que estamos perante um ingrediente que tem demasiadas componentes prestes a explodir. Acrescenta-se o radicalismo das oposições, à esquerda e à direita, que apostam na política do "quanto pior melhor". Perigosíssima, quando não se apresentam alternativas credíveis...
França, Espanha, Portugal e outros Estados membros não são a Grécia, é verdade. Cada país é um caso. Mas a União Europeia não está a ajudar nada. O plano aprovado na última cimeira não passa de um paliativo: injectar dinheiro nos bancos e nas grandes empresas, para que tudo - de essencial - possa ficar na mesma. Sem ter em conta o grande descontentamento e a grande desconfiança que os provocam sem esclarecer satisfatoriamente as opiniões públicas, sem transparência, sem uma visão estratégica, coerente e concertada dos 27 Estados quanto ao que é necessário fazer, para assegurar a mudança.Nesse aspecto, a nova América de Obama está bem melhor do que a União Europeia. Além do mais, porque na América o pessoal político está a mudar. E, na Europa, continuam as mesmas caras, insusceptíveis de entusiasmar seja quem for..."

segunda-feira, dezembro 15

Som na caixa

Cara a cara

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E finalmente chegou um certo acerto de contas entre o responsável americano e um mero iraquiano. Após anos de guerra, morte, devastação, mentiras, abusos nada melhor que pegar nos sapatos e fazer pontaria ao alvo da ira sem apelo nem agravo. Aplaudo porque a crise política vive-se e vê-se reflectida em políticos medíocres como o é Bush, Berlusconi ou Socrates. Interessante ver os reflexos de Bush... talvez lhe sejam de grande utilidade no futuro que lhe auguro e que se aproxima.
Conceda-se um mimo este Natal ou então nas futuras e retumbantes campanhas que 2009 vai ver, haja democraticamente, com sapatos nos pés ou não, tenha pontaria nas mãos ou na língua, e não deixe de acertar contas com os ineptos nacionais e posso prometer-lhe algo: sentir-se-á muito melhor. E volto ao de sempre: só existirá democracia quando as populações a exigirem e quando os políticos tiverem repercussões diárias dos seus actos. Antes de finalizar um reparo em forma de pesar: tenho imenso desgosto em ver que ainda há portugueses estúpidos ao ponto de participarem em acções contaminadas com a presença do primeiro-ministro como é a encenação dos diplomas das novas oportunidades e só tenho um comentários: ridículos.

domingo, dezembro 14

Caldos de mudança


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Este foi um ano estranho a nível global. Faz, de certo modo, de um modo muito particular, lembrar o que sucedeu à Física no fim início do século passado. Tinham-se por certas muitas verdades quando, de repente como que do nada, de uma experiência residual e à qual poucos davam importância, resultou a revolução do século cientifico e nunca mais nada foi igual. Talvez em todos os princípios de século tenha existido assim algo definitivo e profundamente importante que tenha dado origem a novos paradigmas. Em século parece estar virado para as questões económicas a pontos de se dizer à boca cheia que qualquer um pode dissertar sobre Economia porque nos tempos que correm, nem os economistas sabem o que raio se vai passar. Chegou-se ao ponto anárquico da lei única. Em anarquia só existe uma lei e é não haver lei nenhuma. Em Economia por estes tempos só se sabe que ela, ou melhor nós, não vai andar bem a pontos de Karl Marx ter dado tantas voltas no túmulo como os hambugers nas chapas capitalistas dos McDonalds.
Creio que tudo se resume a uma crise profunda de valores éticos e morais nos mais críticos decisores, a todos níveis sem excepção. Daí que se tenham vivido crises com uma base anual em diferentes pontos da Europa. É certo que a Europa é o local mais sangrento da história da existência humana, onde se travaram as mais longas, mais cruéis, mais ferozes guerras mas os últimos tempos esses conflitos, contidos é certo, têm se revelado nos sul do continente, um local geograficamente pouco dado a este tipo de erupções. Passou-se em França, tivemos algumas crises em Itália e agora é a Grécia. Lia-se recentemente no The Guardian que a crise grega tinha como principais factores a descrença na classe política e na falta de alternativa de oposição, nos sistemas saúde e judiciais e na insatisfação de diferentes agentes sociais como os professores ou os médicos. Paremos o tempo de um fôlego e pensemos: Onde é que eu já vi este filme? Será o sinal dos tempos?
Por cá, sendo nós, um povo pacato, sereno como ouvimos noutro tempo, onde as revoluções são de cravos sem montras partidas como no caso presente grego ou no estudantil Francês de há quarenta anos, esse tipo de situações e vontades diluíram-se geração após geração desde os tempos do pai da Portugalidade mas a insatisfação anda por aí. Professores, médicos, juízes, povo em geral anda descontente e pouco interessado em curas bancárias quando ainda há poucos meses não havia dinheiro para fazer cantar um ceguinho. Estou como Belmiro de Azevedo quando afirmou que se um, e aqui penso no BPP, ou dois bancos marginais falissem… poucas saudades deixavam e a moralização talvez atingisse todos os patamares sociais. O prejuízo destas situações permitiriam corrigir um sistema tão falível como outro qualquer que, no caso nacional, só apresenta vantagens porque a tal crise afecta-nos e a todos os países globalizados e iremos a reboque da cura doutrem.
Esta é a prova que apostar num cavalo nunca é boa opção daí que arriscar, como as parangonas propagandista socialista verborreiam à boca ligeira, apenas na pestilenta política do betão em vez de diversificar os investimentos, é má política, má gestão e principalmente, mau sentido histórico e de estado. Estou num ponto que estranho onde uma anarquia me parece mais compreensível, menos duradoira e consequente, mais produtiva e higiénica do que esta mísera e doentia democracia e isso é mau.

sábado, dezembro 13

Pontos de vista.


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Almeida Santos, ex-Presidente da Assembleia da República e reconhecido militante do PS, veio este final de semana pronunciar-se sobre a questão das faltas dos eleitos parlamentares portugueses. Talvez devido há idade e, por inerência, há senilidade, Almeida Santos veio defender os pobres faltistas nesta questão. Segundo a ideia deste rePUTado militante socialista, os deputados ganham pouco e como tal não podem exercer apenas o dever público de deputado. Almeida Santos considera também que é uma filha da …ce marcarem sessões às sexta-feiras arrematando com a pérola “é preciso arranjar horas para a votação que não sejam as horas em que, normalmente, é mais difícil e mais penoso estar na Assembleia da República” Caramba… pode ser penoso estar na casa de todos nós!? Só se for por ouvir a corja de mentirosos que peja a maior parte da oposição e governo mas de resto aquilo parece ser um sítio bom para se estar. Até a aguinha nos levam à mesa. Realmente é uma tortura. Eu por mim, acho que deviam começar a fazer as sessões via messenger ou afins, talvez assim não fossem interrompidas as vidas profissionais de suas excelências, os dePUTAdos.
Consolo? Não há mas não somos os únicos a ser roubados diariamente.

domingo, dezembro 7

Notas.. debaixo do colchão.



Afinal debaixo do colchão nacional havia dinheiro. Fala-se e distribuí-se milhões como quem fala em pasteís de nata. Sou sincero, dá gosto ver que afinal alguém tem dinheiro a rodos neste país. Já desconfiava que ele teria que estar guardado nalgum sítio. O sacrifício de uma porção de gente, mais ou menos a totalidade da classe média, vai servir para algo, para suster as jogadas de monopólio de uns quantos ineptos e bem falantes como é, por exemplo, o ex-bastonário Júdice. Dava gosto vê-lo falar dos seus "bons investimentos" semanas antes num programa económico de Camilo Lourenço ao contrário do que mostrava à frente das camaras de tv nestes dias negros do BPP.
Parece também que esta é a prova do algodão de certas questões: Matemática não é connosco. Há inúteis no banco de Portugal, a começar pelo Governador, naquela sublime plataforma "Compromisso Portugal" que defende menos estado mas quando nos toca... venham de lá os milhões e um taxinho; os membros dos diferentes bancos que, à excepção do BPI, se mostram todos ávidos pelos milhões.
Gosto também dos sucessivos planos de "ataque" a uma crise que há 3 meses não o era e que agora surge como a inevitabilidade do dia e das noites. Jorram os milhões para bancos, para empresas automóveis numa vaga que faz lembrar que as eleições estão do outro lado da esquina e os votantes tipo, classe média, já eram. Milhões de sementes para que a flor comece a florecer lá para a primavera. Três notas, Primeira: A Ministra da Educação que, tal como um doente mental, repete à saciadade que "é este ano, é este ano" - o "para o ano" tanto faz já por esta altura; Segunda: Eusébio. O Pantera Negra disse recetemente que não gosta do Sporting. Tudo bem, mas para quem se diz, e ganhará como tal, embaixador da Selecção Nacional considero que é uma frase indigna desse estatuto. Sim sou do Sporting mas a frase é estúpida quer seja dita sobre o Sporting ou sobre o Carcavelinhos. Ele há coisas que uma bola não ensina e a educação parece ser uma delas. Fico aliviado por que Eusébio disse isso após ser operado uma vez que o médico, temente ao juramento de Hipocrates, é também adepto verde e branco. Terceira: O PCP anda enevoado segundo é possível constatar nas intervenções dos últimos dias. Senhor Jerónimo de Sousa, tanta rispidez por uma falta de convite é no mínimo, mimo. Julgo que os convites primarão pela ausência e quem quisesse aparecia. Não seja flor de estufa nem se julgue o PCP, nesta altura de possível redistribuição de eleitorado, mais do que ou outros. "todos juntos venceremos" não era assim a letra?

quarta-feira, dezembro 3

Faúlas de um dia não como os outros.



Acompanhava as incidências da greve geral dos professores. Interessante ver que um dos Secretários de Estado da Educação parece ser o super-homem - desdobra-se em mil e uma intervenções públicas no sentido contrário aos factos. Relembro que o Ministro da Propaganda iraquiano dizia que a guerra estava ganha quando as tropas americanas se assomavam às margens do rio Tigre. Pois bem este ministério é feito com pessoas do mesmo carácter.
Guardo as insanas palavras do inútil Secretário de Estado, Valter Lemos, quando questionado sobre número de escolas que aderiu à greve: "as escolas não estão fechadas, as cantinas funcionam normalmente, tal como os outros serviços administrativos das escolas". Qualquer inútil consegue obter colocação num governo socialista. Gostava de ver este mentecapto dizer isto de frente para um encarregado de educação que tem o seu filho solto como um passarinho. É verdade... aqui para nós.. este senhor foi dispensado pelo excessivo número de faltas que dava lá para os lados de Idanha-a-Nova e só a sua astúcia carrapatosa lhe permitiu dar vida à máxima: agradece ao 25 de Abril a possibilidade de dizeres tanta asneira junta.
Noutro tom e com menos enjoo, continuo a pedir às pessoas que comentam à boca cheia sobre este miserável processo, que antes de o fazerem se informem, leiam e que depois critiquem de forma ponderada e alicerçada. E deixo uma nota aos que criticam os professores só quando não têm "amas-secas" onde deixarem os seus rebentos: meus senhores tal como uma greve de enfermeiros, tal como uma greve de maquinistas, tal como médicos, a nossa greve teria que inevitavelmente abanar as vossas vidas de algum modo. Não somos nem menos nem mais do que todos os outros.

segunda-feira, novembro 24

Mais rápido que a sombra



Dá gosto ver a rapidez e a sensibilidade com que o Presidente da República reagiu às insinuações sobre a sua ligação ao BPN. Julgo mesmo que a rapidez foi tal que o próprio Lucky Luke coraria numa justa de fronte para o Chefe de Estado. Enche-me de orgulho ver que as capacidades do Presidente, e ao contrário do que julgava, se encontram melhor que nunca. Quem diria… depois de ver como reagiu, e continua a reagir, à crise da educação e à crise económica e financeira, dos combustíveis entre outras.
Só me faz lembrar uma frase algo reles mas que indicia bem de onde surge a urticária Presidencial: Pimenta no cu dos outros, para nós, é refresco.
Nos professores, na população em geral, a conversa é uma mas quando nos toca a nós, leia-se Presidente, esta muda de figura. De nada vale falar em pudor, fale-se antes de “pudor de quem?”. Acabo com uma frase de uma menina que acompanhava com os pais a entrevista de Judite de Sousa à ainda titular da pasta da educação. Os pais criticavam e no meio das críticas surgiu, do chefe de família, a que se pensava ser a derradeira frase: Políticos, isso é tudo farinha do mesmo saco. Replica a petiz: “mude-se o saco”. Touché.

sexta-feira, novembro 21

Querem saber?


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Para quem se quiser literar sobre a problemática educativa deixo a moção aprovada por esmagadora maioria na escola onde lecciono.
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Exma. Senhora Ministra da Educação
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Com Conhecimento à:
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Presidência da Republica, Presidente da Assembleia da República, Governo da Republica, Grupos Parlamentares, Procuradoria-Geral da Republica, Direcção Regional de Educação do Centro, Câmara Municipal de Mação, Presidente da Associação de Pais do A.E.V.H., Presidente do Conselho Geral do A.E.V.H., Presidente do Conselho Executivo do A.E.V.H.
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Os Professores e Educadores do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte de Mação, reunidos em Assembleia-geral no dia 18 de Novembro de 2008, pelas 17.40 horas tomaram posição sobre o processo da avaliação do desempenho docente, considerando que: Não é possível pensar a acção educativa sem conceber a sua avaliação, quer se trate dos alunos, dos docentes ou, de um modo geral, de todos os profissionais envolvidos no fenómeno do ensino e da aprendizagem. Como qualquer actividade humana, a educação está sujeita às mudanças que se vão operando no seio das sociedades, estruturadas em paradigmas que variam consoante as épocas. Do mesmo modo, os pressupostos subjacentes ao conceito de avaliação, bem como os instrumentos pelos quais esta se actualiza, devem ser continuamente revistos, numa perspectiva formativa, construtiva, de modo a poder dar uma resposta adequada às exigências que as sociedades modernas hoje nos colocam em termos dos padrões de conhecimento.
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Avaliar e ser avaliado sempre foram dois aspectos indissociáveis da condição de professor. Olhando para trás, ao longo das várias reformas educativas, a avaliação foi um direito que, de alguma maneira, foi negado aos professores, na medida em que todo o empenho, profissionalismo, dedicação e qualidade científica que muitos deles sempre puseram no seu trabalho foram submersos na mediania igualitária – não necessariamente justa – de uma menção de Satisfaz.Vivemos um tempo de mudança. Sabemos que qualquer mudança digna desse nome provoca sempre alguma instabilidade, encontra resistências, causa apreensões. Daí a necessidade e a importância de debater as questões em profundidade, de pensar em conjunto sobre os problemas, de tentar perceber a fundamentação dos pressupostos e operacionalizar os modos da sua articulação à prática.
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Numa altura em que o modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente está a ser posto em prática à revelia de toda uma classe, não porque os profissionais rejeitem ser avaliados, mas porque exigem uma avaliação construtiva, não burocrática, que não perca de vista o objectivo principal da acção educativa – os alunos e as suas aprendizagens - e que não transfira para os profissionais do sistema o ónus das fraquezas desse mesmo sistema. No modelo presente, a prossecução desses objectivos é posta em causa pelas questões que suscitamos, pela sua inoperância, incongruência ou mesmo conflitualidade com normas legais:
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1. Do conteúdo da avaliação
1.1. Não é aceitável que se estabeleça qualquer paralelo entre a avaliação interna e a avaliação externa, quando sabemos que este critério apenas é aplicável às disciplinas que têm exame a nível nacional, havendo, por isso, uma violação evidente do princípio da igualdade consagrado no Artigo 13º da Constituição da Republica Portuguesa.
1.2. O Decreto Regulamentar nº 2/2008 condiciona a avaliação do professor ao progresso dos resultados escolares dos seus alunos. Os professores desta Escola consideram que mecanismos como a consideração directa do sucesso educativo dos alunos na avaliação dos docentes são incorrectos e injustos e estão em desacordo com as recomendações da Comissão Científica da Avaliação de Professores (CCAP).
1.3. O documento Recomendações 2/CCAP/2008 é explícito nas indicações para a simplificação do processo e para a necessidade de não quantificar, “No caso particular da aplicação do processo de avaliação de desempenho ao ano escolar de 2008-2009, o progresso dos resultados escolares dos alunos não seja objecto de aferição quantitativa”, pela inexistência de instrumentos próprios para o efeito, “De momento, não existem instrumentos de aferição para determinar com objectividade o progresso dos resultados escolares”
1.4. Também o CCAP recomenda que “A produção de instrumentos de aferição fiáveis e de reconhecida credibilidade científica é uma tarefa complexa e morosa, a desenvolver por instâncias competentes e alheias ao processo de avaliação de desempenho”. Tal recomendação não vêm sendo cumprida, dado que a elaboração de tais instrumentos vem sendo feita nas escolas, tendo de ser clarificado quem é responsável pelo processo de avaliação, se a CCAP, a DGRHE, o Conselho de Escolas ou outra entidade.
1.5. Por que razão os professores têm de se comprometer, no início de cada ano lectivo, com metas que, desde logo, não dependem só de si, como a melhoria dos resultados dos alunos e a diminuição da taxa de abandono escolar?
O Artigo 18º, ponto 1, alínea c) do Decreto Regulamentar nº 2/2008, segundo o qual a Avaliação de Desempenho está condicionada ao “progresso dos resultados escolares esperados para os alunos e redução das taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeducativo” sem que haja qualquer referência, no diploma, a outros condicionalismos evidentes no percurso escolar dos alunos, como os socioculturais e socioeconómicos e que, por não dependerem do controlo e responsabilidade do professor, não devem interferir na sua própria avaliação.
1.6. O documento Recomendação 1/98 do Conselho Nacional de Educação refere os factores que influenciam o abandono e de entre 25 enunciados (8 individuais e 17 externos) apenas dois podem ser considerados como referidos ao trabalho dos professores e ainda assim parcialmente, a saber:
- ausência de estratégias personalizadas (desadequação da leccionação em relação ao ritmo de aprendizagem de cada aluno);
- apoios pedagógicos reduzidos e ausência de diversificação de pedagogias. Este mesmo documento refere claramente que “O sucesso e o insucesso de uma escola não se processam dentro de uma ilha, mas são antes o resultado de um contexto socio-económico e cultural. O abandono tem uma ligação muito intensa ao insucesso e reflecte o fracasso do sistema. Estritamente através da pedagogia não se conseguirá inverter o abandono escolar. ”Gostariam os professores subscritores de conhecer documento ou estudo que actualize esta posição de forma coerente com o que é implícito ao processo de avaliação do desempenho.
1.7. Alguns dos Professores deste Agrupamento encontra-se, segundo os Artigos 44º e 51º do Código do Procedimento Administrativo, legalmente impedidos de participar no processo de Avaliação de Desempenho, devido aos laços de amizade ou inimizade criados e desenvolvidos ao longo dos anos e que poderão, porventura, ser motivo de “escusa” ou “ suspeição”.
1.8. A possibilidade efectiva deste Modelo de Avaliação do Desempenho colidir com normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44º da Secção VI (Das garantias de imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no ponto 1, alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão. Ora, alguns professores avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas.
1.9. Ainda este impedimento ocorre no momento em que os Docentes propõem níveis para a avaliação sumativa dos seus alunos, dado que estarão a actuar em processo do qual irão reverter na sua própria avaliação.
1.10 Este modelo não discrimina positivamente os docentes que leccionam turmas com situações problemáticas e com maiores dificuldades de aprendizagem.
1.11. A imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos configura uma violação grosseira do previsto na legislação em vigor quanto à decisão da avaliação final do aluno, a qual é da competência do Conselho de Turma sob proposta do (s) professor (es) de cada área curricular disciplinar e não disciplinar.
1.12. Os docentes deste Agrupamento rejeitam a penalização do uso de direitos constitucionalmente protegidos como sejam a maternidade/paternidade, doença, participação em eventos de reconhecida relevância social ou académica, cumprimento de obrigações legais e nojo, nos critérios de obtenção de Muito Bom ou de Excelente.
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2. Dos mecanismos da avaliação
2.1. Os critérios que nortearam o primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular geraram uma divisão artificial e gratuita entre “professores titulares” e “professores”, valorizando apenas a ocupação de cargos nos últimos 7 anos, independentemente de qualquer avaliação da sua competência pedagógica, científica ou técnica e certificação da mesma.
2.2. Face a este processo de selecção dos avaliadores, e não estando atestada a validade da sua capacidade para desempenhar funções como avaliador e a preponderância da sua opinião, não consideramos verificado o disposto no art. 6:º-A do Código do Procedimento Administrativo, particularmente na alínea a) do nº 2.
2.3. A este propósito é suscitada a questão da objectividade, postulada também pela DHGRE num powerpoint apresentado no âmbito da formação contínua de professores, que decorreu em Julho e Setembro de 2008, sobre “Análise e Implicações do Quadro Normativo aplicável à Avaliação de Desempenho dos Docentes”, onde estabelece a importante “Diferença entre facto e opinião, definindo:
• Opiniões – discutíveis, contestáveis, sentidas.
• Factos – indiscutíveis, incontestáveis, constantes.e dando exemplos para cada um deles: “Está calor.” ou “Está sempre atrasado.” são opiniões, “Estão 32º.” ou “Chegou 10 minutos atrasado à reunião.” são factos.” Ora, a maioria dos itens sobre os quais seremos avaliados consistem de opiniões e não de factos como se concluirá facilmente da análise das fichas de avaliação.
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3. Dos instrumentos de avaliação
3.1. Na ficha de avaliação pelo Presidente do Conselho Executivo (PCE)
3.1.1. Relativamente ao parâmetro A.1. não está esclarecido o que significa o cumprimento de 100% do serviço lectivo, uma vez que o professor pode estar ausente por acompanhamento de alunos em visita de estudo, sendo deste modo sempre penalizado, porque ou não deu a aula (A.1) ou não participou ou dinamizou actividades previstas no PEE, PAA e PCT’s (C.1.).
3.1.2. Como se vai avaliar objectivamente o parâmetro “Cumprimento do serviço do apoio educativo e do apoio individual aos alunos” (A.2.1.1)? E, no caso de entender que “o docente propôs, dinamiza e colabora sistemática e continuadamente em actividades de apoio educativo e apoio individual aos alunos” (A.2.1.1.4) qual a distinção quantitativa?
3.1.3. Se, em relação ao parâmetro B.1.2, o docente tiver definido os objectivos pelo mínimo terá grandes probabilidades de os superar. Pode o PCE garantir que os objectivos estavam clara, objectiva e honestamente definidos?
3.1.4. Como é que o PCE avalia objectivamente “o empenhamento e a qualidade da participação” de todos os docentes nas estruturas de orientação educativa e nos órgãos de gestão (C.3.1)?
3.1.5. Não será utópico que aos professores, para além das múltiplas e absorventes tarefas e funções, ainda lhes seja exigida a “participação e dinamização de projectos de investigação, desenvolvimento e inovação educativa” (C.4)?
3.1.6. O parâmetro D implica a participação em acções de formação contínua, o que é apenas obrigatório para docentes vinculados e para efeitos de progressão na carreira. Os professores contratados não têm de fazer formação e são até preteridos no acesso a acções de formação face a colegas vinculados. Como classificar tendo em conta estes aspectos de descriminação?
3.1.7. Parâmetro E. “Relação com a comunidade”, baseia-se apenas nos objectivos individuais? O que é preciso fazer para ter a nota máxima? Como tratar sem beneficiar as situações de professores locais de outros que à partida têm menos conhecimento, familiaridade e proximidade à comunidade?
3.1.8. No parâmetro F.1.3. o avaliador é penalizado se atribuir “à maioria dos docentes avaliados igual classificação em todos ou quase todos os itens e parâmetros”. Afinal, não é possível isso acontecer, sobretudo em áreas disciplinares onde se trabalha muito em equipa, i.e., os professores dos mesmos anos planificam aulas em conjunto, elaboram testes em conjunto e partilham experiências e recursos?
3.1.9. Possui o PCE instrumentos de registo de todas as observações que tem de efectuar? Se não tem, o processo não pode ser iniciado. Se tem, temos direito a conhecê--las.
3.1.10. Tem o PCE capacidade e tempo disponível para avaliar com objectividade, coerência, fundamentação e justiça todos os docentes deste agrupamento em todos os indicadores e parâmetros? Quais as garantias?
3.2. Na ficha de avaliação pelo Coordenador de Departamento/Professor Avaliador:
3.2.1. Parece haver incoerências no parâmetro A., uma vez que o parâmetro A.1. “Correcção científico-pedagógica e didáctica da planificação das actividades lectivas” engloba todos os outros, i.e., as estratégias, metodologias e recursos fazem parte da planificação.
3.2.2. No parâmetro B.1. há uma redundância pois os objectivos e orientações já estão incorporados nos programas.
3.2.3. Quanto ao parâmetro B.3., para além de poder ser questionada a questão da eficácia da utilização das tecnologias na aprendizagem dos alunos, assim como a sua acessibilidade, também é necessário definir o que são “recursos inovadores” e se a única forma de observação deste parâmetro são as grelhas das aulas assistidas. Afinal vamos ter de fazer planos de aula “especiais” para quando o avaliador está presente ou será simplesmente mais honesto e natural seguir o nosso plano de trabalho?
3.2.4. O conteúdo do parâmetro C, itens/indicadores C.1., C.2., e C.3., remete para muito do que já está incorporado no parâmetro B., enquanto o item C.3. remete para situações extra lectivas que não podem ser observadas.
3.2.5. Possuem os Coordenadores de Departamento/Professores Avaliadores instrumentos de registo e critérios de todas as observações que têm de efectuar? Se não têm, o processo não pode ser iniciado. Se tem, temos direito a conhecê-las.
3.2.6. Têm os Coordenadores de Departamento/Professores Avaliadores competência científica e/ou pedagógica para avaliar com coerência, justiça, fundamentação e objectividade todos os docentes que lhes estão atribuídos, mesmo que não pertençam à sua área disciplinar ou eventualmente tenham uma preparação científica, académica ou até pedagógica superior?
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Finalmente, é válida e/ou coerente a legitimação de uma divisão na carreira docente que decorre da antiguidade na carreira num momento nunca antes pré-determinado, quando alegadamente o novo Estatuto da Carreira Docente pretende pôr fim à progressão assente na antiguidade?Por todas as questões suscitadas, qualquer acção de implementação do processo de avaliação neste Agrupamento seria infundada, pelo que, e até que sejam esclarecidas estas mesmas dúvidas, nenhuma acto será praticado no âmbito do processo de avaliação.
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Mação, 18 de Novembro de 2008(Lido e aprovado pelos professores subscritores)"

segunda-feira, novembro 17

G-20, 19, 18, 17... 3, 2, 1... Bbuumm!


© Chappatte in "International Herald Tribune"

A propósito da cimeira do fim de semana...

O herói do dia.



Que esta pessoa altruísta e corajosa, que visível e compreensivelmente ficou afectada pelo sucedido, não fique sujeita à sua sorte e vergada a certas situações incompreensíveis neste país, como a falta de reconhecimento da necessidade de apoio psicológico em situações extremas deste tipo. Força amigo. Deixo o link.

Vários golpes.


Vivem-se tempos críticos ao nível educativo. Apesar de ter este espaço, pouco visitado é certo, nunca o usei como meio de arremesso irracional sobre as políticas educativas. Não poucas vezes tive vontade de usar o corriqueiro vernáculo, rude, sujo e rasteiro ou de me atirar com toda a força e raiva aos responsáveis por uma dinâmica intransigente, irresponsável, imprudente, injusta e obtusa.
Tenho-me mantido atento, dentro do possível, a todos os programas, debates, artigos publicados e demais meios informativos, no sentido de perceber se a população já entendeu o que se passa e qual é o fundamento deste descontentamento do qual sobeja este protesto diário e maciço.
A leitura feita por todos prende-se com a avaliação. Finalmente já todos perceberam que o problema não é o “sim ou “não” à avaliação mas sim o modelo imposto, e não proposto ou discutido. Dirão uns: o patrão pode impor. Sim é certo, mas nenhum modelo ou processo se sustenta em ar, isto é, sem a sua base de trabalho. Existem muitas coisas estranhas dentro do edifício educativo, até fisicamente na 5 de Outubro, quer a governação tenha génese neste ou naquele partido político. Parte logo pela eleição do Ministro que tutela a Educação. Nunca, e corrigir-me-ei no caso de estar a cometer uma inverdade (em estilo político), houve um Ministro da Educação que partisse da classe que visa tutelar, a dos professores e educadores.
Com as devidas diferenças, quem responde pelos advogados, o bastonário, é um advogado, tal como no caso dos médicos é um médico, nos diferentes ministérios onde quem o tutela não é alguém da classe, verificam-se sempre dificuldades de entendimento. Faço questão de sublinhar que só sabe da poda quem anda na vinha – desconstruíndo – só perceberá das questões educativas quem anda pelas escolas. Sempre me pareceram estranhas as opções tomadas e os resultados estão à vista. Para não falar que é de consenso geral que a classe à qual pertenço é uma das basilares a uma democracia salutar e robusta e uma das que mais investe em formação, quer em tempo, quer em dinheiro, quer em projectos familiares. Adiante…
O que transtorna os professores? Falarei por mim, sabendo que muitos dos professores espalhados pelo país, assinalariam este, aquele, senão todos os pontos que vou focar, e mais algum que irei, certamente, omitir.
A falta de responsabilidade por parte dos encarregados de educação na vida, civilidade e bons modos dos seus filhos, para mim é o mais decisivo. Bem sei que nos dias de hoje as famílias não têm tempo e confiam, literalmente, na escola a educação dos seus filhos. Tal como uma linha de montagem: O rebento nasce, de seguida é entregue às escolas, nós moldamos a criatura e no final o entregássemos já formado. Isso não é correcto e nem aos professores cabe essa função. Muitos pais não vêem, nem transmitem a ideia de que a escola é o melhor investimento que se pode fazer. Serve para aprender, os meninos não querem? Temos paciência, mais tarde entenderão. Parafraseando o neurologista João Lobo Antunes “Ora, a Educação serve fundamentalmente para dar instrumentos de felicidade às pessoas. Ora, a felicidade não é gratuita, tem de ser construída. A escola não serve para manter alunos felizes. Já o Presidente Wilson, dos Estados Unidos, que antes era reitor da Universidade de Princeton, dizia que a preocupação de que os meninos têm de ser felizes na escola não faz sentido.“ O que sentimos é a vitória da imundície que é o eduquês. Quem não respeita os pais, como identificará nos professores um agente a respeitar? Episódios de desrespeito existem todos os dias numa dinâmica “com direitos mas sem deveres.”
Guardo uma ideia da minha infância: “Olha que eu não te quero educar ao açoite. (…) Professor, se ele se portar mal, sacuda-lhe o pó e diga-me algo que eu depois trato do resto”. É óbvio que bater por bater é errado, que é uma acção que deve ser sempre precedida por conversas responsáveis mas não é por nada que um sinónimo de bater é castigar, por vezes não faz mal, venha quem vier, venha até a letra alterada recentemente da lei do Código Penal.
A reboque desta, estão o facilitismo dos currículos, a pressão superior extra e intra-escolar para que existam bons resultados como se a escola fosse uma fábrica de parafusos. Se o metal é fraco, se este não participa com vontade, como é possível fazer dele um parafuso? Na fábrica troca-se o metal, nas escolas tem que se arranjar alternativas não para ser, por exemplo, um prego, mas para ser parafuso à força. Isto é um contra-senso já que se promove, não a universalidade do direito à educação, mas sim a universalidade do direito à passagem e do pouco empenho.
O Estatuto do Aluno que deveria ser lido por todos os que, como pais ou fazedores de opinião, criticam os professores, porque se há coisa que o português se alvitra de ser é professor, treinador da bola ou juiz. Os cursos CEF’s ou os EFA’s, que não fazem mais do que dar lastro ao facilitismo existente, alimenta o crescimento espumoso das estatísticas ao nível da UNESCO, tal como os exames nacionais e que não resulta de “leituras” diferentes entre as escolas e ministério como parece ser hoje o caso do “ajuste” ou “esclarecimento” sobre o estatuto do aluno no referente ao regime de faltas. É real e uma aberração. A própria ideia das aulas de substituição, que eu defendo, mas que carece de uma aplicação mais justa. O próprio sistema de distinção entre professores titulares e os restantes que apenas leva em conta os últimos sete anos, quer para mim, com seis anos de “casa”, quer para colegas com vinte ou trinta anos na defesa da arte.Muitas outras ficaram por explicitar mas como é possível ver não é apenas a questão da avaliação, essa foi a gota de água. Para quem se arroga à posição de crítico faça um favor, leia, estude as coisas e não aventem “tácticas”, concordâncias ou posições sem a mínima instrução sobre o tema. Esse estar não serve outro propósito que o de defender um sistema que está a cair aos poucos e se irá demolir se não for responsavelmente alterado e reforçado. Após esta tempestade ainda estará por vir a necessária discussão sobre o sistema educativo que o país precisa.

quarta-feira, novembro 5

Aconteceu na América



© Chappatte in "International Herald Tribune"

Hoje é daqueles dias difíceis de classificar, de caracterizar com um título ou um mote, ilustrar com uma imagem ou um cartoon. Talvez seja uma daqueles dias do tipo “onde estavas tu no vinte cinco de Abril? Apesar de ser difícil eu não sou desistir e assim…
Olhando, principalmente para os meios de comunicação e para as imensas transmissões nota-se uma enorme alegria, esperança, fé, vontade popular em contribuir para uma nova democracia, um novo tempo, uma nova era. É como se globalmente o mundo estivesse atingindo o “estado orgásmico óptimo” conseguido, em certa forma, com Roosevelt, Kennedy ou Mandela. Era como se hoje, ao sair de casa, tudo tivesse mudado, os pobres deixassem de o ser, os acidentes não acontecessem, as guerras terminassem, os alunos estivessem sossegados J mas afinal… estava tudo na mesma e, algo me diz que assim vai estar por uns tempos.
A aspiração mundial, assente numa alegria colectiva sem precedentes, mostra muitas coisas, por exemplo, a falta, em cada país, de liderança capaz, de uma defesa determinante de valores compatível com os anseios das pessoas baseados em critérios éticos, morais, de justiça ou empregabilidade e prosperidade. É como se o mundo procurasse o giant leap for mankind. Será este dado com Obama? Estou ou sou meio céptico. Dos dois candidatos, este era definitivamente o que me nutria mais consideração, o que me deu mostras de mais capacidade mas… coisas surgem-me na mente: “Muita areia para a sua camioneta”, “Uma andorinha não faz a Primavera” entre outras. A tarefa ou tarefas, surgem-se colossais – “tempos extremos requerem medidas extremas” e logo aí será feita uma bifurcação do caminho. A primeira preocupação será sempre a política interna deixando a política externa, provavelmente, não para segundo plano mas, certamente, não estará no foco inicial da sua atenção.
Outra situação interessante e uma lição para muitos países centra-se na capacidade de resolver, não completamente é certo, a problemática racista em apenas quarenta anos. Desde o dia que Rosa McCauley, mais conhecida por Rosa Parks, decidiu em 1955 completamente sozinha num acto desgarrado e contra as convenções estabelecidas, não ceder às mesmas e ocupar um lugar para “brancos”, que este movimento se iniciou e agora tivesse tido um daqueles momentos determinantes. Merecem também referência as palavras de John McCain que acolheu para si a tarefa utópica de assumir as cores do Bush, provavelmente, o pior chefe de estado do mundo ocidental desde a alvorada dos tempos – “Foi uma eleição histórica. Para os afro-americanos, principalmente, e compreendo o orgulho que sentem hoje. Não há melhor prova de que os EUA percorreram longo caminho do que a eleição de um afro-americano para presidente.” (…) “Nós discutimos as nossas diferenças e ele prevaleceu. Vivemos tempos difíceis e eu ajudá-lo-ei a enfrentá-los. Temos de descobrir caminhos para nos unirmos.” Palavras dignas de um grande Homem. Resta agora viver um dia de cada vez até ao dia da tomada de posse e depois dele… logo se verá. O Sol nasce todos os dias por algum motivo, certo?

terça-feira, novembro 4

De cavalo para burro



O sentido de justiça do OA de 2009, por outras palavras, do Governo, é semelhante à perseguição feita pelos cristãos durante as cruzadas. Então vejamos o exemplo de uma calinada, em tamanho, comparável ao Mosteiros dos Jerónimos. Discorramos em duas ideias base: Diz-se que é necessário ter consciência ambiental – ok, punam-se os veículos que mais poluem, vulgo, os que emitem mais partículas e dióxido de carbono. Tudo bem, é justo, seguinte: Vivemos numa época de recessão económica, as pessoas motores da troca comercial de moeda não gastam, retraem-se e, por exemplo, as empresas de automóveis estão em dificuldades por essa Europa, quer cá como lá fora. Suspendem produções e isso afecta toda a indústria paralela da indústria automóvel. Sim porque um carro anda sem assentos mas sabe mal, anda se travões ou instalações eléctricas mas é perigoso, sem pneus mas é inseguro, desconfortável e... estúpido. Pois bem, guardo o “estúpido” e este conduz-me ao Governo. Quê fez ele? Fomentar alguma poupança? Evitar ao mesmo tempo uma retracção massiva do consumo? Penalizar, no caso da indústria automóvel, quem mais polui, quem mais consome e quem opta por não utilizar filtros de partículas (no caso dos motores a diesel)? Tudo correcto não é? Sim mas da fronteira para fora.
Segundo o ponto de "bista" do Governo, ou seja Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, a ideia é outra. E qual é, perguntam vocês. Simples – Quais são os veículos que mais se vendem? Diesel são quase 70% do parque automóvel. Dramatização de um pseudo-raciocínio.
Diz o Zé: "Oh "Nando" (Teixeira dos Santos) como é que nós arranhamos mais uns cobres nos carros?"
Resposta iluminada: "Oh Zé é fácil, os diesel vendem-se como cerveja nas queimas, vamos taxá-los!"
Zé: "Como?"
Nando: "Oh Zé nem pareces tu, é fácil: Os que têm filtros pagam por ter e os que não pagam por não ter; os que emitem menos CO2 pagam por isso mesmo; aumentamos, mas menos, o preço dos carros a gasolina que assim eles começam a comprar a gasolina..."
O Zé interrompe: "então e a poluição!??"
Nando: "Não podes querer tudo! Ólh-ó défice! Pensa, assim os totós compram carros a gasolina – o combustível é mais caro e gastam mais!"
Zé: "Oh Nando és um espectáculo!"
Nando: "Eu sei".

Deixo uma infografía do JN que atesta a tal estupidez não orçamental mas política, ambiental e racional.

segunda-feira, novembro 3

Pausa porreira



O país já está xoné por isso, também... fiquem com a ovelha xoné.

domingo, novembro 2

Rácios de sur(estupi)dez...


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Orelha guicha – quem está atento, com as badanas/orelhas no ar.
Autoridades de supervisão em Portugal – Orelhas moles…

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E o BPN nacionalizou-se… Uma pergunta ganha logo corpo, que raio fazem as entidades reguladoras neste país, e concretamente na banca? O BCP fez o que fez, o BPN acumula dívidas em 700 milhões de euros e o Banco de Portugal ou o Governo, apesar de dizerem que estavam atentos, deixaram as coisas chegarem a este ponto. Cavalgo na seguinte metáfora: de que serve a um professor estar atento à fraca performance dos seus alunos se este não toma medidas atempadas e se os catraios ficam todos retidos (chumbados)? Será chamado de mau professor, pelo menos. Ora façamos o mesmo para, por exemplo, Vítor Constâncio. Que raio faz este senhor, para além de falar em rácios, acertos, solvabilidades, prazos, processos e conversas deste tipo, que não seja cobrar-se religiosa e dispendiosamente mês após mês dos nossos impostos? Os bancos roubam, fazem aumentos de capital virtuais, vão à falência, ou quase se não fosse o bolo que o estado acabou de cozinhar, e a este senhor nunca lhe são acatadas responsabilidades apesar de as ter. Não é prática democrática ter direitos, por exemplo ao salário, e deveres, por exemplo fazer o seu trabalho? E que ninguém diga que o senhor se escusa de que a lei nada lhe pode ou deixar fazer. Se já chegou a essa conclusão o mais que tem a fazer é pedir para que os seus poderes sejam melhorados/modificados. O que nunca pode acontecer é este tipo de saber estar malandro com todos os traços característicos de isso mesmo: Bem-falante, fluente em conversa mole, ávido em discursos longos, bolorentos e extenuantes para os ouvintes e uma postura genérica de virgem Maria desonrada. Vai sendo hora de te fazerem “o acerto dos prazos num processo expedito e que te terminem a solvência de patrocínio público”

terça-feira, outubro 28

Evidências tardias


“Curvas com medidas desadequadas, defeitos de alinhamento, de empeno, travessas que necessitam de substituição imediata, anomalias na suspensão dos veículos”
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Serão nestas, ou nas restantes conclusões do relatório pedido sobre a linha do Tua, que as famílias enlutadas tentarão encontrar paz de espírito e respostas para a perda dos seus familiares. Espero que encontrem motivos para uma acção em tribunal. Já há época do acidente de Entre-os-rios, a culpa ficou solteira (Humor negro: talvez isso explique a pouca natalidade…), mesmo com a demissão do Ministro Jorge Coelho. Portugal é um país assim, quando a culpa assome à porta de uma grande empresa ou de alguns cargos governamentais, limpa-se a “caspa” e todos ficam a olhar para um lugar (comum) vazio.
Do mesmo modo que Helena Roseta, Manuel Alegre e ontem, Miguel Sousa Tavares, concluíram que o estado é pessoa de mal e optaram, e bem, pela acção cívica directa meios de comunicação adentro e, também aqui, um grupo de advogados deveria entrar em jogo (tal como no caso Esmeralda) e partir a louça toda. Seria boa publicidade, com muitas semelhanças ao American Style, o que é positivo para empresas privadas e faria o sérvio público que o estado não consegue fazer aos seus concidadãos.

Universalidades

..........................Anxiety

....................by Angel Boligan

segunda-feira, outubro 27

O caminho que trilhamos



O texto (a pérola) que se seguem tem o alto patrocínio do Ministério da Educação e dos últimos Ministros da Educação, sem excepção já que nenhum se aproveita. Recebi este texto como resultado de um brainstorming, certamente extenuante, de um aluno de nono ano. A situação não a posso confirmar mas a veracidade da empreitada, se se confirmar, não me surpreende.
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REDAXÃO - 'O PIPOL E A ESCOLA'
Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas. Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto montanhoso? ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? ou cuantas estrofes tem um cuadrado? ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?
E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os lesiades', q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???
O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. tarei a inzajerar?
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Acabo com uma frase de Abraham Lincoln que creio que vem muito a propósito:
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"Better to remain silent and be thought a fool than to speak out and remove all doubt."

sábado, outubro 25

Ferida de Morte


Realmente este país tem o que merece. Os cargos públicos e as suas lapas orientam à esquerda e à direita a seu belo prazer, com a conivência da maior parte dos media. O povo, nos programas de opinião na rádio ou na televisão, arremetem contra professores, médicos e todos os que desempenhem uma profissão que não seja a deles mas quando ministros proferem este tipo de afirmações, eu pergunto: mas que merda é esta!? A vergonha governamental é tanta que se permitem afirmar as maiores sandices, disparates, baboseiras sem que nada suceda ou que, pelo menos os media, critiquem e façam notícia de afirmações deste calibre! Numa recente entrevista, a néscia, fátua, inapta, incompetente, irresponsável, cadáver da educação – eu recuso-me a classificá-la como pessoa, quanto mais ministra, disse a seguinte… (não tenho classificação a não ser através de má educação):

Mas porque é que a escola portuguesa mantém esses 7,4% de alunos na 2.ª classe?Tem vindo a baixar, eram 18%, há 15 anos. O que é que os professores pensam? A criança não aprendeu a ler, vale mais que fique retida, para aprender a ler. E fica para trás.
E vale a pena ficar para trás?
Não vale. E isto para uma criança de 7 anos é dramático. É o início de um percurso desastroso. Absolutamente desastroso. São estas crianças que depois abandonam a escola. A primeira coisa é que ficam num ano de ensino desajustado à sua idade. Todos os amiguinhos que vão ter no ano a seguir, já não são os mesmos, são mais novos, e começa aí um processo de desajuste. Todos os estudos provam que a repetência não permite recuperar nada. Porque é que ficam para trás? Porque antigamente a escola era assim.

Fica o excerto e o link do resto da entrevista. E fica o aviso: quando uma pessoa, com grandes responsabilidades, se dá ao desplante de proferir este tipo de afirmações, as acções não dos professores mas dos pais, todos eles, têm que começar a fazer-se sentir e ouvir. É impossível que alguém que defenda que um menino passe sem saber ler não defenda que este deva também passar pela vida sem saber escrever, falar, andar, comer, ouvir, pensar e tudo aquilo que quisermos juntar. Não sei que mais é preciso para que as pessoas todas tomem uma atitude definitiva em relação a estes criminosos. Estamos a milímetros de começar a queimar os livros.

terça-feira, outubro 21

Operações ficcionais



O Orçamento de Estado (O.A.) é o exercício teórico que se pede aos sucessivos governos, há trinta e… quatro anos a esta parte, no que toca às contas públicas. Convém que o mesmo se aproxime da realidade mas Portugal é um país Quântico e questões dessas serão sempre relativas. O que se disponibiliza para cada ministério operar, o que se consegue juntar de modo a saldar as nossas contas, cá dentro e lá fora, e, penso eu, aquele é utilizado para fazer mover a máquina e para a optimizar. O que é que a minha vida, em tempo quase comparável ao tempo de vida republicana do O.A., me tem ensinado? É que a desgraça primeira desta grande nação é a matemática. Se tivessem dito a Pedro Álvares Cabral ou a Vasco da Gama quantos milhares de quilómetros e de horas estes iriam levar até chegarem a terra firme, estes provavelmente teriam ido até à Madeira passar o tempo ao sabor de caipirinhas (seria bom mas o Brasil ainda estava para ser).
Temos bons matemáticos mas eles escasseiam para os lados de São Bento. Seria de todo mais inteligente modificar-se o sistema político, o eleitoral pelo menos, de modo a podermos escolher os nossos ministros um a um. Veja-se o caso das eleições do EUA, onde um boletim de voto se consagra há eleição dos juízes das cidades, do Sheriff, ou para referendar sobre o tipo de empreitada a fazer (se túnel ou passagem superior ou inferior). Ou seja, retrata as preocupações mais fulcrais das pessoas e, se há situações às quais o nosso sistema já não parece ter resposta, por divórcio participativo dos Portugueses e por demérito ou falta de qualidade dos intervenientes, são as preocupações do dia-a-dia. Daí que eu advogue, do alto deste… sítio algures na planura, que o sistema seja revisto de modo a escolher os mais aptos, seguindo um movimento descrito por Darwin a propósito de outras “contas”, as biológicas.
Sendo assim e deste modo, o nosso sistema está estagnado e entregue a ineptos que, ano após ano, vagueiam num exercício que salta entre o absurdo e a utopia, ambas sem transposição prática para a língua matemática. Se por um lado é uma injustiça o que se passou com o sistema financeiro – e que acabou por disseminar o vírus com mais ou menos gravidade para todos – também o é a suposta moralização que a medida das rendas promove quando premeia os que fizeram mal as contas e/ou previram mal o futuro. Sim eu sei, seria complicado prever a volta que isto ia levar, mas havia coisas que se sabia: um – as taxas estavam a mínimos históricos; dois – ter capacidade para colocar de lado algum “cacau” de modo a não ultrapassar a barreira psicológica da “taxa de esforço máxima”.
Com esta regra permite-se indultar, e não “adultar”, os compulsivos aquisitores de casa, carro, plasma, bimbi, férias em Punta Cana e desgostar pessoas cumpridoras para já não falar numa certa lei das rendas aprovada em 2006 e da qual não há notícias, boas pelo menos. Num momento Zandinga, apodero-me do futuro e prevejo o mesmo desfecho para as outras parangonas desta legislatura.

sexta-feira, outubro 17

Hoje só me apetece dizer isto...


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"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
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Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem,
nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência
como que um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
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Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira a falsificação, da violência ao roubo,
donde provem que na política portuguesa sucedam,
entre a indiferença geral, escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
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Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador;
e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
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Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido,
análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
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Guerra Junqueiro . Pátria

quarta-feira, outubro 15

Rigorosamente a não perder

Já não é novidade trazer aqui ao blogue o Professor Henrique Medina Carreira. Gosto bastante do seu estilo e, para lá disso e de me rever nas suas ideias, acho que é das poucas pessoas genuinamente interessadas na causa pública, a par de Silva Lopes, com uma lucidez magnífica que lhe permite falar e dissertar, sem se engasgar, sobre as maiores e as verdadeiras problemática deste país. Com ele serei sempre suspeito mas parem e ouçam, não por mim, não por ele mas por vocês. Peço perdão pelo modo como disponibilizo os vídeos mas a SIC não fornece um meio melhor em página própria e aproveito para deixar esse piscar de olho à SIC.
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terça-feira, outubro 14

Futuro à volta da esquina



O desgraçado do costume a procurar fugir da desgraça instalada.

domingo, outubro 12

Boas propostas


Trago duas propostas que acabam por resumir muitas das inquietações destes tempos de míngua e, pelo menos, num deles a míngua é explicada. Como tudo, sem a outra língua, a que se tornou universal nada é possível. Acho que vale bem o tempo empregue e a sabedoria ganha nas aulas da língua de shakespeare.

1 - Castelos de Cartas - Groundzero do Subprime.

2 - Carros Verdes - A oferta amiga do ambiente e da mobilidade como a conhecemos.

Desta vez...o fogo.



Na senda das "ideias" curiosas. Divirtam-se

Uma nova viagem



Depois de o Google ter disponibilizado o curioso e útil, em certos casos, google earth, é a vez de podermos aceder, em viagem virtual mas muito educativa e curiosa, ao interior do nosso corpo humano. No site visual body, é possível ter uma perspectiva muito interessante sobre "o como", "o porquê", "o onde" das mil e uma características e funções do nosso corpo. Vale bem uma espreitadela.

domingo, outubro 5

My eyes seek reality



As preocupações gerais – e não as particulares como a conta da electricidade, as prestações várias, essas dificilmente mudam – têm andado muito à volta dos abusos. Abuso na concessão de crédito do outro lado do atlântico que acabaram por respingar para o lado de cá, tal é o emaranhado e a procura de lucro a qualquer preço. Aqui lembro-me de duas personalidades nacionais, uma que me merece crédito (Ferraz da Costa) enquanto que a outra (João Salgueiro), nem por isso – em duas alturas diferentes disseram que as pessoas só ficam apertadas com crédito, a mais para o seu ordenado, porque não sabem fazer as contas nem lêem as letrinhas pequeninas. Pois bem com esta crise duvido que eles tenham transformado em actos as suas sábias e acertadas, mas algo extemporâneas, palavras. Gostaria imenso que as perdas não afectem ninguém, como é evidente, mas que o susto e a mão na consciência de que, ninguém está a salvo independentemente do número de contas e do número de pessoas que as fazem por eles, gostava que não passassem sem ele. É que a sensação de controlo é uma miragem, não controlamos muita coisa e só as leis da probabilidade nos dão alguma margem. Como em tudo, há de tudo e o mal reside mesmo na generalização.
Os outros abusos são à nossa maneira e escala, isto é, o pagamento de favores com recursos públicos. Da crise, palavra maldita para os que se vêm afectados, ou em vias de o ser, era complicado saber-se a não ser que se estivesse por dentro do assunto com olhar crítico e aqui aconselho as intervenções de Nouriel Roubini. Já no caso dos favores… aqui tenho uma metáfora, que já existe em forma de saber popular e que reza assim: à mulher de César não lhe basta ser séria, tem que parecer. Fica a ideia, depois de ver todos os programas de debate que isto era algo estranho a todos. Fico com a ideia de que, como um todo, se julgava que a jovem permanecia virgem, impoluta, intocada e depois, há posteriori, descobrem que assim não é e a comoção toma de assalto tudo o todos, longe da privacidade do seu raciocínio e das conversas de algibeira. Todos vergonhosamente surpresos à direita, esquerda e ao centro. Ninguém está salvo e aqui apetece perguntar, quem resta? Até o primeiro-ministro, pessoa que recuso a classificar, parece ter o nome uma investigação com milhões à solta do Freeport ou então com pressões registadas e num tom ameaçador, aquando da polémica do seu pseudo-curso, ao director do jornal Público e disponíveis no site da ERC. Que raios querem que depois uma pessoa pense, faça ou escreva? Digam-me, por exemplo os comentadores da Quadratura do Círculo, ou melhor, não digam, que o mais certo é haver alguma “desculpa”, como é norma, e ainda acabamos nós por ter que pedir perdão.
Estamos num beco de valores sociais e políticos e conómicos e morais e...

Tudo tem uma razão de ser


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E eu, que passo a vida com os meus alunos, a tentar explicar-lhes, mesmo contra a sua vontade, o porquê das coisas na Terra e não só, posso, com este vídeo, aperfeiçoar o meu saber. Bem-haja.

sábado, setembro 27

Ideia (pouco) luminosa.


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Umas das últimas iniciativas da EDP prende-se com a oferta de lâmpadas de baixo consumo, vulgo fluorescentes, a habitações que facturem um baixo consumo energético. A medida é boa ou má? Bem... será sempre boa em virtude de a EDP estar a entregar gratuitamente as ditas lâmpadas, no entanto, se raciocinarmos durante algum tempo talvez cheguemos a demasiadas interrogações. Primeira: serão gratuitas para alguns porque elas serão, ou já foram, sorrateiramente pagas por todos? Segundo: a entrega das lâmpadas deveria previligiar facturas baixas ou famílias de reconhecidos fracos recursos? Falo nisto porque, todos sabemos que neste país existem muitas famílias que possuem segunda habitação apenas para a época de férias (e quem diz famílias diz empresas que arrendam casas por breves períodos durante o ano, os de praia). Ora bem, essas casas são habitadas por breves épocas ao longo do ano o que configurará uma situação de baixo consumo energético ao fim do ano e como tal entrarão nesta contabilidade de baixos consumos mas por uma premissa errada - a pouca utilização e não os fracos recursos financeiros. E vocês devem estar a pensar: "Hmm... eles devem ter pensado nisso e terão feito a correspondente avaliação caso a caso". Aqui eu respondo: olhe que não porque eu conheço casos em que isso não foi feito e não são assim tão poucos. Cinco lâmpadas por habitação dá uma apreciável quantia. Os senhores dos media que investiguem a colham os louros do "furo".

terça-feira, setembro 23

Dêem-lhe uma arma, por favor.



Estou a ouvir, neste preciso momento, o Reitor da Universidade de Lisboa que clama, com alguma dor na voz, pelo apoio financeiro em falta e com os cortes sistemáticos que as Universidades têm sofrido. Gostaria imenso de ainda ter na voz a capacidade de explanar as minha ideias com calma e ponderação e de transmitir ainda o sentimento de confiança sobre o assunto que me diz mais respeito, o ensino dito regular, mas sinto que já não consigo e, por isso também, vergo-me à intervenção que... agora termina. Venho de mais uma interminável reunião sobre o modo como aplicar de modo efectivo o modelo de avaliação do ensino Básico e Secundário e, de lá chego com a seguinte ideia: No futuro, as pontes irão cair, acidentes vários acontecerão, seremos mal servidos nos diferentes serviços públicos ou privados, correremos perigo quando formos actualizar o cartão das vacinas, formos ser operados, levantar dinheiro ou pedir uma tosta mista. Estamos seriamente a caminhar para o descalabro como sociedade porque é no ensino que se erguem muitos valores futuros e se o meu caro Reitor acha que bateu fundo... espero um par de anos. Diz-me quando estudaste e dir-te-ei o tamanho da tua ignorância.
Por conselho do meu advogado é preferível não atentar contra a vida de ninguém, até mesmo no que concerne às afirmações que aqui exprimo. Por isso não vou publicitar, que tenho há muito em mente, um concurso para a contratação de um serial killer internacional para atentar violentamente, sem remorsos, com requintes extensívos no tempo e na malvadez, contra a vida quer do primeiro ministro quer da ministra da educação. Não posso publicitar, como alguém me disse que seria melhor fazer, mas se os sonhos se tornassem realidade... eu era Engenheiro encartado e não via candonga e cavava daqui para longe.

Imagem . 18


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Gosto muito de faróis mas ultimamente creio que me dizem mais. Não sei se é por não ver muita "luz" nas imediações...

domingo, setembro 21

...mais do que mil palavras



Miguel Barreira resume nesta imagem uma ideia - O pior inimigo de nós próprios somos nós. Falta saber se é Paulo Bento que pensa "que raio vou eu fazer contigo" ou se o teor do instante se centra mais na ideia "como eu me enganei contigo". Coisas certas: P. Bento é disciplinador mas como os bons pescadores sabem, às vezes, é preciso dar linha ao peixe; é sabido que a rapaziada do leste europeu, particularmente os ex-jugoslavos, são pessoas de carácter complicado e aqui entra uma ideia deixada por outro treinador leonino já falecido, Big Mal - Malcolm Allisson. Quando questionado sobre o carácter de alguns dos seus pupilos, após a conquista de um campeonato, o mesmo disse que todos são diferentes e, por exemplo, António Oliveira precisava de mimos e ouvir sistematicamente que era o melhor jogador de todos, e assim Oliveira rendia e muito. Será que Vukcevic não será desses jogadores? Se fosse Ronaldo a história seria diferente? Uma coisa é certa, P. Bento é ainda um jovem treinador, que admiro, com muito a conquistar, a dar ao futebol e a aprender tal como o jovem Vukcevic mas, no entanto ambos e os dirigentes do clube, encontram-se num negócio que não se compadece com teimosias ou caprichos, sejam elas de quem forem. Resolvam isso duma vez por todas, nem que seja num ringue de boxe, mas deixem-se de mariquices.

Assimetrias socias via "bola"



Apanhei, como que por acaso, o programa do provedor da televisão e acabei por ficar por me ter deparado com imagens de um programa que me é simpático – liga dos últimos. Sou relativamente assíduo deste programa por mera questão de horários porque o considero uma lufada de ar fresco na televisão portuguesa. Dá uma imagem real do que é o país, principalmente, fora da mais povoada faixa litoral sendo que algumas pérolas se encontram por todo o lado. Serve para passar um período agradável, bem disposto, para ajudar a perceber as diferenças sociais e como ainda persiste ou subsiste o desporto amador com um sentimento de “amor à camisola” já pouco visto. Tudo bom menos a análise que estava a ser feita pelos intervenientes chamados a comentar o dito programa. Pessoas menores, considero eu, em virtude de falarem com um ar incomodado com realidades que o são, e o eram, mesmo antes delas próprias terem saído da província e se tivessem convenientemente esquecido do que por lá existe. Pessoas que pretendem que, estas personagens sejam formatadas segundos os padrões “metropolitanos”, quando a sua realidade é outra. E, no entanto, é essa mesma realidade “rasteira” e “suja” que as permite sobreviver, de um modo equilibrado em locais esquecidos, envelhecidos, desertificados, afastados de shoppings e desconfortos citadinos. São também as mesmas pessoas que preferem deitar para trás das costas tudo aquilo que as envergonha e que não está ao seu nível, qualquer que esse seja e sem que tentem perceber o porquê das coisas ou contribuam para alterar esse modo de estar. São as que visitam a Rep. Dominicana, dizem maravilhas mas não saem do resort, que trocam o substantivo velho pelo mais limpo rústico. E o que mais irrita é que lhes dão ouvidos…