segunda-feira, fevereiro 27

O danado ponto de vista


Paul Krugman veio a Portugal receber (podiam ter vendido... sempre se pagava qualquer coisinha) o doutoramento honoris causa não de uma, não de duas mas de três universidades nacionais. Bom... se até Durão Barroso já ganhou... Krugman como foi Nobel teria que o ser com a devida diferença.
Chegou, sentou e disse: Portugal deve baixar os salários 20 a 30% relativamente à Alemanha. Estou um pouco farto da Alemanha, não dos Alemães mas da Alemanha. Penso nas palavras de Krugman, que até gosto de ir lendo, e olho o meu recibo de vencimento, penso nas palavras de Krugman e reviro de novo os olhos ao recibo...s que o dia-a-dia me vai ofertando ao cabo de cada compra. Se o que Krugman diz é verdade então por exemplo o café, a bica, o cimbalino tem que voltar a custar 50 escudos ou vinte e cinco cêntimos. Eu não bebo café mas meço por aí, no preço dos bens que desde que chegou o euro subiram como se não houvesse amanhã e, tal como já referi aqui noutro tempo, o governo nada fez. Parece que o impacto do valor dos bens na carteira é residual mas não se vê o mesmo relativamente aos salários. E os níveis de poupança, inclusive o meu, está ao nível da erecção de um octogenário sem químicos.
Krugman tem o peso de ter previsto o que ao tempo era imprevisível e granjeou uma aura de guru e é isso mesmo que a economia me suscita. Ando com imensa vontade de ir assistir a uma aula de economia numa universidade nacional para perceber até que ponto o senhor que está no palanque é familiar do zandinga. Parece-me que se navega, no meio económico e por arrasto nos Governos em crise, não à vista mas na perfeita escuridão e no meio dela os outros que navegam na costa dizem (por... telemóveis :) )
"Olha acelera nisso!"
replica o outro: "Não posso o barco tem muito lastro!"
"Deita coisas fora"
"O quê, só trago tripulação!"
"Eh pá... pois... olha vai deitando, entrega-lhes uma tábua mas não deites nenhum nobre que talvez assim ninguém dê por falta de..."
É assim. Faz-se governação às escuras baseando a mesma em previsões dos arautos nacionais, ou não, da economia que cada vez se assemelha mais a uma esquizofrénica pseudociência ao puro estilo kafkiano. Como é que uma disciplina desta importância se esvazia e perde lógica às mãos de mercados de capitais cuja única lógica é sobejamente conhecida. Qual será a lógica por detrás disto? Não tarda, qual será a reacção lógica?

Para refrescar a mona angela



Pensavas que não te acontecia nada. Que brincavas com a gente e que não levavas troco. Nós somos diferentes dos gregos que se dão porrada entre eles. Nós atacamos onde mais dói. A gente sabe o tempo que essa permanente leva todos os dias! Ahh pois é! Primeiro ataque: António, Tó para os amigos, o tuga escolhido para o ataque cirúrgico com uma bandeja de Sagres (aproveitamos e fazemos publicidade das nossas cervejas em terras Bávaras). Reparem nos pormenores: sem pêlo facial, botão da camisa até ao cimo para disfarçar a macheza ibérica, óculos para passar um ar intelectualogermânico, cabelo à escovinha e abanos à moda bávara (que aqui a gente não usa as orelhas para tapar do frio porque está bom tempo!)
Ora toma lá um banhinho que é para refrescares a mona! Pensamos em sapatos mas está muito visto além de que a indústria nacional do calçado não precisa de um arremesso publicitário. O próximo está a ser urdido... naprons ou a bela faiança das caldas... ainda não foi decidido. Vais ver como elas mordem (sejam cães de loiça ou não).

Ao cuidado de: Álvaro



Ao abrigo de "quando um sábio aponta para a Lua, o parvo olha para o dedo" deixo aqui uma dica, não foi a primeira nem será seguramente a última, para a nossa exportação, à laia do dedo esticado para o "pastel" de Álvaro. Bem sei que é cultura... pois, essa putrefacta semente que alimenta uma parte cada vez mais exígua do espírito do Homem (maldita sejas ó resquício pensante que interfere com a nossa passividade e colhe a produtividade em massas), mas talvez seja de considerar. É que acredito que nós aqui no extremo oriente lusitano, ups perdão (ainda bem que este não é, e eu por extensão, um meio informativo do estado senão era maso-insana e incessantemente sanado e não por esta ordem) extremo oriente euro-asiático-angolano não daremos por falta dela
- entre as horas de trabalho, a supressão de férias, feriados, os bancos de horas e demais disposições do acordo da concertação entre patrões, governo e um senhor gordinho e meio carecas de óculos genro do sempre em pé -
mas os senhores do nosso dinheiro, do corpo em vida ou não e do destino terão com que se entreter enquanto contam os dividendos das nossas privatizações e dos juros dos empréstimos forçados. Para eles a cultura ainda faz sentido e que melhor que comer um pastel de belém acompanhado de um sumol e ouvir esta rapaziada num jardim do CCB nas margens do rio Spree (sim... também desmontaremos o CCB que irá passar-se a chamar CCB... - Centro Cultural de Berlim - sendo este reedificado numa das margens do rio Spree com vista para a Porta de Brandemburgo).
E esta música até pode servir de slogan do Governo. A palavra Hang tem múltiplas leituras: como aguentem-se (hang on), como saiam (hang out) ou para o falecimento propositado induzido (hang yourselfe).

quinta-feira, fevereiro 23

Fez notícia há vinte e cinco anos atrás



José Afonso desapareceu, prematuramente, num dia como o de hoje há vinte e cinco anos. Foi um dos poucos cantores que sempre associei ao meu pai. Se tocava ele fazia questão de o sublinhar. Certa noite não houve outro programa de televisão que servisse de álibi para que o meu pai deixasse que o burgo lá de casa trocasse o concerto de Zeca que iria dar no Coliseu. Já na altura se sabia que este se encontrava doente e esse seria provavelmente o seu último, e creio que assim foi.
Como todos os grandes deu-lhe para falecer muito antes do tempo mas ao contrário de Pessoa que deixou um espólio muito maior do que o público conhecia, de Zeca não sobrou nada mais do que o silêncio ao ouvi-lo nas trovas conhecidas, do uníssono fielmente entoado quando as pessoas saem à rua neste tempos de despropósito democrático e de reconhecermos nele um dos estandartes de uma parte recente da história nacional que se fez de Homens com valores maiores do que a própria vida. Que a memória não morra. Relembro uma história já aqui postada.

José Afonso era um professor que se apresentava sempre com grande simplicidade, não usava fato e gravata, e granjeou a simpatia de muitos alunos, antes de ser expulso do antigo Liceu de Setúbal, em 1968.
A descrição é da advogada Alice Brito, uma antiga aluna de José Afonso, o poeta e cantor de Grândola Vila Morena, canção que, anos mais tarde, viria a ser utilizada pelos militares como senha da Revolução de Abril de 1974. "O José Afonso era um professor de História que contava muitas histórias. Lembro-me da análise que ele fazia dos manuais de História da época, que eram coisas intragáveis".
"Dizia-nos que se alguém gostasse daqueles manuais, provavelmente também gostava de palha", acrescentou, reconhecendo que o facto de ter sido aluna do "Zeca", acabou por marcar o seu percurso de vida. A antiga aluna de José Afonso recorda que, a dada altura, se soube entre as alunas - havia turmas separadas de rapazes e de raparigas - que aquele professor cantava, era cantor e que até tinha discos gravados. "Aquela ambiência quase mágica que as aulas já tinham foi ainda reforçada, porque ter um disco hoje não tem o impacto que tinha na altura", disse Alice Brito, recordando que também chegou a andar com um livro do José Afonso escondido, por dentro da bata, porque não podia ser mostrado no liceu. Além da História que fazia parte do programa curricular, José Afonso contava outras histórias nas salas de aula, algumas das quais ainda hoje permanecem na memória dos alunos, como foi o caso de um estranho encontro de Zeca Afonso com um pescador num imenso areal.
"Distraído, como sempre, José Afonso foi embater num pescador, que estava no areal remendar as redes", contou Alice Brito, adiantando que nunca mais se esqueceu da resposta dada pelo pescador: "e o mar é tão grande". Alice Brito, que define José Afonso como "um poeta inato, em que a poesia ia desde o motivo escolhido para a história até à forma como a apresentava, garantiu que na altura já se sentia que aquele professor não gostava do antigo regime e que foi por isso que o expulsaram do ensino oficial. "Ainda hoje não sei como é que foi feita a denúncia e como surgiu o problema, mas lembro-me que houve uma revolta sincera, sentida e dorida, de muitos alunos". "Claro que na altura as revoltas eram muito contidas, entre criaturas muito jovens, ainda adolescentes. Mas lembro-me dos cochichos, de se falar disto no recreio e mesmo fora do liceu". Olhando o passado, Alice Brito, garantiu à Lusa que tem "muito orgulho por ter sido aluna de José Afonso". In Expresso

terça-feira, fevereiro 21

O querer separar de águas


Ao abrigo do carnaval decidi ir confirmar se na capital estava instalado o bulício da praxe. Enganei-me. Lisboa no domingo pela noite até pareceu terra sem rei nem roque. Não se via ninguém o que serviu para treinar o pouco estofo das minhas capacidades de orientação na metrópole. E porque falo nisto?
Porque acabei de ler uma notícia da metrópole que…diz assim:
“O Conselho de Administração da Assembleia da República manifestou-se, mais uma vez, contra a introdução da água da torneira nas reuniões parlamentares, argumentando que o seu custo é quase 30 vezes superior ao da água engarrafada (…) Num documento enviado aos deputados, o Conselho de Administração do Parlamento sustenta que a água engarrafada servida nas reuniões da comissão custa 259,20 euros por mês. Para a água da torneira, o valor a que se chegou foi muito maior. O cálculo incluiu os custos de pessoal “para o enchimento, limpeza, colocação e arrumo dos vasilhames” e chegou à cifra de 2730 euros – cerca de dez vezes o valor para a água mineral. O Conselho de Administração também considerou o custo dos jarros em si, avaliados em 4680 euros – o equivalente a 18 meses de água mineral.” In Público.
Diversas considerações rasgam-me a cabeça. Os valores envolvidos neste estudo, as minhas reuniões e os acessos de sede que sofro nas mesmas e as diferenças que parecem existir entre pessoas que são semelhantes, única exclusivamente, trabalham em locais diferentes – um numa escola do interior esquecido e os outros na casa da democracia. Vou-me às considerações: quando eu tenho uma reunião, e tenho sempre mais do que aquelas que eu gostaria e acho úteis, tenho que prever se vou ter sede. Quando isso acontece faço assim: abro a carteira, retiro uma moeda e compro uma garrafa à medida da sede que previ ter. Pergunto porque isso não sucede a esta gente? Porque terei eu que pagar pela minha água e eles não?
Segunda consideração: Porque terão que ser estas pessoas melhores que nós? Pergunto-me sinceramente… Ora vejamos: ganham mais do que eu, têm acesso a mais variedade de tudo, têm mais férias e regalias mas porquê? Será que o trabalho feito tem justificado esta disparidade? Creio ser importante rever séria e profundamente estas espécies de direitos adquiridos. Terceira e última consideração: os valores inscritos. O valor de água gasto em cada comissão é digno de profunda meditação principalmente quando pensamos no número e nas grandes decisões que se devem tomar nestas comissões pífias. O cálculo realizado sugere…um putativo ajusto directo ao sobrinho de alguém. Pego só na questão do custo dos jarros. 4680 euros em jarros para água. Eu não sei quanto custa um jarro mas crendo que um jarro de 3 euros será mais que digno para estes senhores (deveriam beber de um bebedouro de cavalos ao estilo farwest) os mesmos 4680 euros dariam para 1560 jarros! Sabendo que existem 230 deputados nas cavalariças o valor obtido daria para, aproximadamente, 7 jarros de água por deputado. Ora bem, sabendo que às segundas só trabalham no período da tarde e que às quintas é normal encontrar reputados deputados nos alfas a caminho do norte, os sete jarros seriam excessivos. A questão não é, que raio de contas são estas mas sim como é possível que ainda estejam estes idiotas a disparatar a torto e a direito com os meus, os teus, os nossos dinheiros!?
Repuxando de novo o tema equino para aqui…de nada serve ver os dentes destes senhores em vésperas de eleições se posteriormente não lhes pudermos espetar as esporas no lombo para lhes endireitarmos o trote.

domingo, fevereiro 19

...and counting



12418 | 298032 | 17881920 | 1072915200..1..2..3..4..5..6..7..8..9.. and counting...

terça-feira, fevereiro 14

Do dia também, mas de ontem



Já está a levantar fervura :) o maior este Homem! Boa data para comemorar. De um ouvinte diário.

Do dia

domingo, fevereiro 12

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Depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, depende, mil vezes... depende, pelo menos para mim. O tempo não chega.

Por vezes...

Pura risada


O meu medicamento para os menos dias que tenho tido. De ir às lágrimas, sempre :)

Não parece mas é Inverno... ou já foi tempo de o ser...



O Inverno já não é o que era. Invernia pura regada com incessantes jorros de água que nos atacavam de todos os lados tidos e achados, conduzidos e empurrados a desgosto e desconforto, empunhando inutilmente a espada dos pobres com a qual também nos degladiávamos, sem o mínimo respeito, por entre ruas, avenidas e praças, onde nem os becos estreitos nos deixavam a salvo da ventania "inanunciada" que mergulhava das nuvens negras com a fúria do fim dos tempos e nos obrigava a cerrar a boca, semi-cerrar os olhos não descurando os objectos voadores perfeitamente identificados ao nível do solo mas que surpreendiam pela sua sorrateira e elevada posição.
Invernia de neve nas ruas, do gosto pelas guerras brancas, da roupa húmida, enregelada que se colava onde podia, previa e onde pensávamos que não chegava. Do chocolate quente ou do chá fervente. Das muitas meias, calças, camisolas, gorros, luvas e casacos quentes. Do silêncio abismal, sentido a partir da janela aberta às escondidas dos pais e para perecimento do calor, das ruas, da natureza que em apneia sustinha a vida ao ritmo lento ou furioso da queda do branco manto. Dos dias sem escola... dos dias de escola e de vinda para casa mais cedo com o corpo em esforço, quente, forte, desafiante da condição e do frio que no trajecto até casa deixava o ambiente com sabor a gelado. Da cidade em pausa à espera que o Sol servisse de moderador desse estático estado de coisas. Da serra em estado postaleiro sem "camionetas" de gentes a querer viver o postal televisivo. Daquela invernia.

Um atrás do outro...



estes sacanas tocavam bem e o vocalista soava muito bem... Não há bela sem senão. Som na caixa!

Constatação de um facto




Sim... não estou de acordo com o acordo ortográfico. Isso e que também não há maneira de chover...

Going in 2012 like a blister in the sun



Não andava, ou ando, com muita vontade de... mas hoje houve algo que me fez vir aqui. Acredito que as pessoas devem ir deixando saudades para fazerem os outros gastarem a sua memória de modo a que quando apareçam de novo exista uma vontade genuína e boa de os, nos, reverem. Também gostava de trazer um "mal-educado" neste primeiro artigo dos últimos quase dois meses, desde o ano passado num tempo que teima em passar de notícia em notícia cada uma com pior cara que a anterior mas com um sol irónico que parece dar a entender que tudo corre como se fossemos Alice no país das maravilhas. Junto uma música que marcou a minha geração e um filme que não sendo grande coisa guarda coisas tão simples as life it self, as id should be. Don't kill anyone for a few days... vou pensar nisso...