quarta-feira, outubro 31

Deixem estar o porquinho


Pede-se insistentemente e cada vez mais que os portugueses poupem. De onde vem esta onda gastadora? Bom, durante anos e anos, este foi um país privado de muitas coisas, não só de luxo ou de capricho, mas sim de influência básica. Com o 25 de Abril as coisas rumaram noutro sentido apesar de ter havido anos bem complicados nos anos subsequentes. Os anos oitenta trouxeram um crescimento apreciável dos salários e muitas pessoas compraram o primeiro automóvel, as férias na praia tornaram-se possíveis, nuns casos, e regra, noutros. Podia passar aqui muito tempo a fazer comparações e só se concluiria o que já disse: As pessoas tornaram-se gastadoras por que viveram anos e anos com salários baixos e, com a chegada dos aumentos, as pessoas acabaram por optar por uns mimos mais que merecidos.
Passou-se então de uma altura em que o pouco era regra e a poupança, mesmo que pouca, era um hábito para uma situação de vida mais folgada onde as vontades se tornaram reais. Que temos hoje? Primeiro temos uma debandada dos jovens. Eu próprio, fazendo um exercício, constatei aqui que são muitas as pessoas com que me relaciono que optaram por ir para fora porque aqui não dá. Por outro lado temos uma geração instruída que, pagando pelos erros dos mais velhos (e que em certa medida acabou também por nos beneficiar), acaba por ver a sua situação complicada apesar de ter estudado e de esperar algo melhor. Os laços perdem-se nos quilómetros feitos, nas trocas sucessivas de local de trabalho, na instabilidade profissional o que leva a que o curso normal de uma vida se torne impossível de realizar a dois quer fora da alçada paterna.
Que opções existem? A primeira é arriscar a vida a dois o que leva a uma sucessão e acréscimo de problemas sob a forma de facturas, prazos e necessidades que urge dar resposta. Aqui largam-se sonhos, carreiras em prol de valores adoptados em comum e que no extremo, quebra o que parecia inquebrável. A segunda é fazer as contas e ver que não dá (sou adepto, por muito que me custe, desta). Não dá por muita matemática que a minha santa instrução me tenha dado a conhecer ao longo do meu trajecto escolar e universitário. As contas não saem e assim sendo eu também não saio.
Isto tudo a propósito de quê? 118%. Este é outro número que os portugueses, ignorantes em matemática e vencidos por rankings enganosos, têm que apontar. 118% é o valor do sobreendividamento daquelas famílias portuguesas que arriscaram ou que não fizeram as contas. Pedem para que as pessoas poupem é certo mas isso torna-se algo complicado quando temos a quinta taxa mais alta de desemprego a 27 sendo que a mesma é enfeitada com bastantes licenciados (pessoas que sabem fazer as tais contas). É complicado quando o exemplo não vem de cima: reformas chorudas, carros de alta cilindrada (que se lixe Quioto), corrupção a torto e a direito etc etc. É complicado quando a pobreza atinge três milhões de portugueses, valor esse que subiria para quatro milhões se não houvessem rendimentos mínimos atribuídos. Assim sendo que até quereria poupar não pode. Já é uma sorte ganhar dinheiro de modo a poder pagar as contas. Pagar contas torna-se um luxo num país em que existem mais pessoas do que se pensa a pagarem para trabalhar. A taxa de poupança atingiu o valor mais baixos dos últimos quarenta anos.
Digam-me, olhando de fora, que se poderia dizer de este país no Dia Mundial da Poupança?

PS: E os bancos continuam a aliciar as pessoas via telefone propondo endividamentos sendo que o Governo não faz nada.
PS1: Se o Governo quer combater o suicídio nas polícias que se deixe de tretas: pague salários decentes, normalize os turnos, equipe as polícias, não aceite qualquer triste que se candidate para as forças. Depois coloque os psicólogos e faça a propaganda que quiser.

sábado, outubro 27

Imagem . 9


Poesia . 13


Súplica
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Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
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Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
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Miguel Torga

sexta-feira, outubro 26

M.E. - Os Estúpidos


Nem sei bem, no momento que escrevo este artigo, para onde é que ele vai nem qual vai ser o seu título. O que me move? Os alunos vão deixar de poder ser retidos (chumbados) por faltas. Nem sei que diga. Já me acontece dar um bloco e meio de aulas, que corresponde a 135 minutos, que se encontra dividido em três aulas de 45 minutos. O Ministério atira uma circular dizendo que os meninos apenas estão sujeitos a uma falta em vez de três como seria normal. Já os docentes continuam a "chumbar por faltas" e a verem cada aula de 45 minutos ser castigada com uma falta. Mas que vem a ser isto? Não falo como professor (que Sócrates diz que não sou) mas como aluno que fui! É desrespeitador para todos os que fomos, um dia, alunos! E não chumbando por faltas que lhes acontece? Fazem um teste ou dois ou os que forem precisos até eles serem obrigado a passar. Quem os faz? Os mesmos de sempre. Já estou a imaginar:
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PAI - Ó Zé este mês não vais às aulas que temos que ir vindimar!
FILHO - Mas ó paizinho assim chumbo?
PAI - Não chumbas nada. E olha prepara-te que em Janeiro vamos para a Galiza que vão precisar de gente para a nova auto-estrada!
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Qual é a ideia destas medidas? Preciso de um iluminado que explique já que sozinho não consigo chegar lá mesmo sendo alguém letrado como eu. Será que é possível? Será que não é... hmmmm deixem pensar numa palavra... talvez o Professor Chibanga ajude... ESTÚPIDO!? Quem será que está no Ministério? Não acredito que haja vida inteligente no Ministério da Educação. Até o Gervásio (aquele simpático macaquinho que aprendeu a reciclar) já teria percebido por esta altura a tamanha incompetência que reza pelo Ministério só há outros simios que deviam saber mas...
Por falar nisso, esta medida foi aprovada pela maioria do PS com os votos contra de todos os outros partidos. É triste quando se paga e bem a uma série de gente que não sabe mais do que acenar com a cabeça, seguir directrizes de outros e a viver agachada. O Gervásio é assim, aprende com os outros e isso faz-me pensar que estaremos provavelmente a ser governados não desde a Assembleia da República mas sim desde o Jardim Zoológico.
Por favor Senhor Presidente, dê umas vergastadas nessa gentinha.
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PS: Parafraseando, relativamente à Confederação Nacional das Associações de Pais e à pessoa de Albino Almeida, uma frase do Snatch ("põe-lhe uma trela antes que seja mordida") acho que a dita associação devia ter mais consciência naquilo que afirma. Só diminui a sua posição e a sua imagem, já de si de pouca inteligência, junto da opinião pública. Outros alinhados.

Never ease the brain!


Por vezes surgem certas notícias sobre os políticos que me deixam com bastante raiva. Não consigo afastar da ideia que todos eles são uns incompetentes, que a única coisa que os move são os lobbys e os compadrios tudo com um propósito de proveito próprio, não deixando para plano nenhum os compromissos que têm para com os cidadãos. Acredito que a política é a disciplina que mais urge tratar neste país dada a falta de ética e de valores morais que, vezes sem conta, sobe ao cimo das manchetes dos jornais e me deixam com uma raiva quase demente. Daí, por vezes puxar pela frase: "só quando os políticos tiverem medo de andar na rua com receio de apanhar uns merecidos açoites é que as coisas vão ao sítio!" e juro que é o que sinto.
Pensava que sofria de complexo "Che Guevara" ou algo pelo estilo mas eis que hoje, no suplemento P2 do diário Público, surge um maluco, aparentemente, como eu ou será que sou eu como ele? Adiante… Diz a crónica que eu um pensador, um ensaísta. Não conhecia nem creio ter alguma vez lido algo seu, sou sincero. Que tem 80 anos (já deve ter pensado a sua parte e a de muitos outros) e está radicado em Cambridge. Veio a Lisboa dar uma palestra sobre se o conhecimento científico estará perto de atingir o seu limite. Esteve por cá e quem foi diz que não deu o tempo como perdido já que George Steiner, de seu nome, surge nas crónicas como um comunicador nato, incrivelmente actual e absolutamente contagiante.
Sobre o tema da palestra creio que a ciência avançará até onde o seu poder perscrutador (avanços no sistemas de calculo e de observação) permita. Nunca me irei esquecer do dia que vi o primeiro microscópio de varrimento a trabalhar e que, com ele, me foi permitido observar pela primeira vez, qual Argonauta, muitos dos termos abstractos que fui ouvindo no meu tempo de aluno. Nunca me esqueço de que para “observar” um átomo ele é quase destruído durante essa empreitada. Como me foi referido: “Com esta máquina, é como se quiséssemos ver uma bola de basquetebol, atirando contra ela, para o conseguir, uma bola de andebol.” O limite, para mim, está nos instrumentos já que a nossa capacidade de estudo está completamente dependente dos avanços tecnológicos em termos instrumentais. Mas voltando ao início…
Steiner, como ensaísta e pensador que é, não se limitou e muito bem ao tema da palestra e derivou por outros temas. Também discorreu sobre a existência de pobreza no mundo actual e asseverou que não entende como é que os pobres, munidos de uma raiva extrema, ainda não se revoltaram com as injustiças de que são alvo. Ou como é que os desempregados ainda não assassinaram o patrão que os colocou nessa situação desesperada antes de o mesmo entrar no seu carro de luxo em direcção ao avião para umas férias paradisíacas em “Barbados” às suas custas. O que viria a seguir? Os políticos, claro. Que diria ele? "Só quando os políticos tiverem medo de andar na rua com receio de apanhar uns merecidos açoites é que as coisas vão ao sítio!", quero acreditar.

quarta-feira, outubro 24

Agarra que é LADRÃO!


Numa altura de suposto aperto de cinto, das calças a tal ponto que até as ceroulas já não cabem e onde se pensa que o esforço é universal heis que surgem notícias como a da manchete do Correioda Manhã de hoje. Pensava-se que os direitos adquiridos tinham-se perdido mas parece que eles perderam-se menos para quem se arrasta vergonhosamente pelos passos perdidos da Assembleia da República. Feitas as contas, em 2008 as subvenções aliás os ROUBOS VITALÍCIOS irão ultrapassar os 8 000 000 de euros.
Encontramos sujeitos como Almeida Santos que só me deixa mais sossegado porque colecciona já 81 primaveras. Mas está lá Isabel de Castro que pelos Verdes vestiu a camisola mas que agora a troca pela dos cifrões aos 52 anos. E como eles muitos mais. O ROUBO ganha contornos escandalosos numa altura de suposta contenção onde os únicos a conter parecem ser os mesmos, faltando apenas conter a respiração em prol dos limites impostos para Portugal dos níveis de CO2. Numa década e meia é possível constatar que o números de beneficiários com estes roubos descarados e vitalícios passaram de 141 em 1993 para 383 para o ano de 2008. Volto a dizer, só quando essa escumalha tiver medo de andar na rua com receio de apanhar uns merecidos açoites é que as coisas vão ao sítio! Agarra que é ladrão!

Sons estranhos


Sei que vou algo fora de tempo mas isto andava a pedir um artiguinho. Ora bem, o Procurador-geral da República apareceu no semanário Sol, a propósito do primeiro ano no cargo, numa entrevista que não passou desapercebida. O caso já foi, e ainda está a ser, objecto de debate ao ponto de as suas afirmações lhe terem valido um dia na casa de todos nós.
Não sou discorrer muito a não ser em duas afirmações proferidas por Pinto Monteiro. A 1ª tem a ver com a banalização ou não das escutas telefónicas. O Procurador afirma que sim, já eu penso que não pelo seguinte. Se fizermos um exercício de raciocínio sobre os casos mais mediáticos com que este país se debate, verificamos que na maior parte deles houve necessidade de recorrer às ditas escutas. Aliás segundo a Lei, as escutas só podem mesmo ser utilizadas quando existe fundamento para se concluir que, sem elas, não há caso, havendo no entanto crime. E eu pergunto: Se não fossem as escutas que seria de certos casos que surpreenderam a opinião pública, reconhecidamente serena e pacata? Pois, o mais provável era não se conseguir fazer prova e daí o crime e o criminoso, permaneciam como estavam, sossegados.
Por isso, para mim, escutas sim sempre e quando a investigação não tenha, em tempo útil outro modo de fazer prova de crime.
A outra afirmação reside no facto de que o Procurador teme que o seu telemóvel esteja sobre escuta. Se assim é, e se eu estivesse no lugar dele, a primeira coisa que faria era averiguar essa situação do modo mais sigiloso possível e isto porquê? Imaginem que têm um galinheiro e desconfiam que anda por ali a rondar uma raposinha farfalhuda. O que fazer? Hipótese A: Gritar a pleno pulmão “Eu sei que andas aí raposinha farfalhuda, eu vou-te agarrar!” ou, em oposição, hipótese B: cogitar um plano infalível à moda do “Ranger do Texas” para apanhar a raposinha com a mão na massa de modo a poder “aparar-lhe o pêlo”. Eu fico-me pela “B”. Pinto Monteiro ao inclinar-se pela “A” fez com que a “raposinha” desliga-se o sistema de modo a não ser apanhada e quando a poeira baixar, toca de voltar a ouvir as conversas do Senhor Procurador.
Não vou pegar pelo comentário de quem não deve não teme, porque estamos a falar do Procurador-geral da República. Não é uma questão de temer, mas sim uma questão de reserva que o Estado que fazer prevalecer, numa figura que se quer autónoma, independente e não aliciavel. Aqui entra a última questão: Se realmente anda ali uma raposinha, ela só pode vir de dois lugares: SIS (que está sob a alçada do Primeiro ministro) ou dos Juízes. O SIS sabemos de quem pode estar a mando, já os Juízes… Já no que toca à ida do Procurador e do Ministro à Assembleia… não lhe reconheço grande valor à distância, pode ser que algum resvale.
Que abra a caça à raposa!

terça-feira, outubro 23

School Uniform


Hoje, e passados seis anos do início de tudo, confisquei a minha primeira arma a um aluno. Não é nada que me apraz assinalar, no entanto a situação, não deixa de dar direito a uma reflexão, principalmente numa altura não muito famosa em termos educativos, ao invés do que se quer propagandear a coberto e conivência da comunicação social.
Não dou aulas num local como Lisboa ou Porto em que a propiciação e a proliferação desse tipo de situações serão parte do dia-a-dia de colegas meus. Dou aulas num sítio pacato e não seria aqui que eu esperava, se é que algum dia esperei, vir a fazer tal apreensão! Não fiquei orgulho, fiquei mais bem triste. Mas porque é que uma arma branca andaria nas calças daquele rapaz?
Não é nenhum garoto para não saber que isso era um objecto proibido em todo o lado, nem falo no perímetro escolar. Mas mesmo que fosse, o que nos lavaria a cair na virginal ideia da Ministra de que uma mudança no Estatuto do Aluno iria ajudar a que situações dessas se esgotassem à medida do passar do tempo. Que acham? Bom, eu questionei os alunos (dessa turma de “amorosos” adolescentes) sobre se sabiam o que era o Estatuto do Aluno. Zero respostas certas, aliás profundo silêncio apenas rompido por um “o quê!?” pelo totó da turma. De que serve haver um Estatuto se ninguém, que devida, está a par dele? Nem Encarregados de Educação, nem alunos a quem esse estatuto diz, capital, respeito. Influências, pensei.
Perguntei sobre a incompreensivelmente famosa série da TVI, principalmente no que toca às técnicas usurpação, ameaça, intimação, conluio, arranjinhos usadas no argumento da dita série e aí o resultado é outro. Acrescem os problemas de sempre sobre as vidas das famílias, que hoje em dia, não têm solução fácil e se perpetuam no tempo. O Pai está longe a trabalhar (50km, 100 ou na Suiça) e a mãe “não tem mão neles”. Ou então pura e simplesmente ninguém se chateia ou lembra do menino. No entanto esperam que, deixando-o na alcofa ainda bebé à porta das escolas, os Professores eduquem (cientifica e familiarmente) os meninos e os entreguem já consumados e, de preferência, com o canudo na mão de novo à procedência. Caricato mas infelizmente muito mais real do que seria lógico.
Em função disto tive uma ideia grotesca e que já havia circundado a minha mente. Qual é o Currículo da Ministra? Pois bem, é Socióloga. Aqui deixo o link que aconselho a ver. Aulas que é bom só na Universidade e em “Paleio Soviético”. Não tenho nada contra ou aliás tenho tudo contra esta disciplina e estes formados. Filosofia, acho importante e classifico uma aberração que até se tenha pensado em retirá-la dos currículos escolares. Já no que toca à Sociologia… Não se pode gostar de tudo. Acho que no dia em estes senhores e as suas técnicas educacionais irromperam pelas escolas, Direcções de Educação ou no Ministério e obtiveram “tempo de antena”, a escola nunca mais foi a mesma e para pior. E os pais com uma vida exigente deixaram-se contagiar disso. Posso com toda a certeza afirmar que com a Sociologia nunca aprendi nada e recordo, fez seis anos em Setembro, a minha primeira aula em que a Sociologia não me serviu de nada quando aquela milícia irrompeu a sala de aula como se de um estampido se tratasse. O que resultou? A força bruta.Que fazer à escola? Se estivesse aqui um sociólogo, a debitação de teorias e axiomas seria de tal modo célere que deixaria as pás de uma ventoinha envergonhadas. Eu fui aluno uma série de anos, sou professor há seis e só sei que assim isto não serve ninguém e que quando eu era aluno a canção era outra. Já agora um estoiro bem dado, na hora, certa nunca fez mal a ninguém, nem a mim. Faltam Professores de primeiro ciclo “à antiga”. “É de pequenino é que se torce o pepino”

Keep'on walking



Andava com imensa vontade, à medida que o número se aproximava na sua subida, ora lenta, ora abrupta, de ver o marcador neste marco. Consegui ver. Não sei quem foi a pessoa que fez mover todos os dígitos por forma a oferecer um novo "à causa", mas gostava de saber quem foi.

1000 visitas, 140 artigos de alguns de poemas e imagens, de muitos textos de reflexão própria sobre os assuntos do presente que mais me dizem algo. Não passa por aqui muita gente. Alguns são por engano, muitos por amizade, uns poucos porque gostam do que leêm e é raro que alguém divague comigo na mesma loucura. Mas estou contente. Surgiu como algo do momento, ganhou força em mim e até levou a trocar opiniões com pessoas que não conheço. Vou continuar nisto porque não vou a lado nenhum e a terapia, a catarse é boa, sabe bem. Estou curioso para ver o que trás o novo milhar.

sexta-feira, outubro 19

"Goodfellas"



Hoje o dia acordou sob o efeito de umas discussões que fizeram deitar ontem muita gente, muito bem disposta. Discussões que também tinham dado insónias aos mesmos que ontem dormiram como bebés. Qual é o impacto do princípio de acordo dos vinte e sete membros que perfazem nesta altura a Europa? Pois não sei, nada se sabe de concreto nem mesmo pelos jornais e a sensação que tenho é que uns senhores de fatos se reuniram, andaram a tratar de negócios e tudo correu bem, pelo tamanho e numerosos sorrisos.
No entanto estas reuniões irão ter impacto nas nossas vidas e é aí que a pedra original retorna ao sapato. Recordemos que tudo corria bem até que em França e na Holanda se fizeram referendos a ratificar a outrora constituição europeia. À mercê das pobres políticas sociais que alastram por toda a Europa, os Holandeses mas principalmente os Franceses mandaram a constituição para canto já que a vida (nossa e a deles) necessita bem mais de politicas sociais ao nível nacional. Pouco interessa, não estando a vida de proximidade boa, o que uns senhores de fato andam a fazer em sucessivas viagens pela Europa, a dizerem isto e aquilo. E até parece haver uma proporcionalidade inversa entre o que a vida piora e o número de reuniões que eles têm.
Evidentemente que agora viria aqui um Europeista dizer que "eles reúnem-se para melhorar a nossa vida!". Pois... Não sou contra a Europa, nem tal se me passa pela cabeça mas esta ideia de Estados Unidos da Europa também não me agrada muito. Sim bem sei, que a Europa a doze é uma coisa e que a vinte e tal é outra. Existem ainda latentes, alguns atritos de outros tempos, alguns recentes, entre certos países. Aliás estes sucessivos alargamentos tiveram, no meu entender, duas perspectivas: A primeira foi trazer para nós países que poderiam cair de novo sobre a influência Russa devido a que ficariam em "no mens land", isto é, ficavam entalados entre a colorida Europa e uma Rússia ainda a preto e branco. Por outro lado a entrada dos mesmos permite de uma vez por todas abafar ou ir amainando quezílias históricas que condensam na Europa, algumas das zonas mundiais com menos tempo de paz desde que há memória. Estranho não é?
Porquê "Goodfellas"? Bem, quem já viu sabe que é um filme aclamadíssimo sobre a máfia. E não, não me enganei, nem me passou pela cabeça fazer algum tipo de comparação. Ficou-me gravado o grito do ipirang... de Lisboa dado por Sócrates "Porreiro, pá!". "Goodfellas" significa "bons rapazes" e talvez seja essa a ideia que poderá ficar ligada à negociação a par do desabafo entre presidentes, por sinal, portugueses. Foi preciso juntar dois "bons rapazes" para que tudo chegasse a bom porto. O que não deixo passar é uma nova lei de Murphy inventada por mim: "a trabalhar o Português não tem rival... fora de Portugal".
Fica assim para história todo um extenso jogo negocial e o envolvimento deste pequeno país no processo, neste que será o primeiro dia (não oficial, esse apenas será dia 13 de Desembro) dos Estados Unidos da Europa. Ficará para outros livros de história se este tratado (constituição em pele de camaleão) trará realmente aos Portugueses, Europeus e ao Mundo algo com a mesma dimensão ou peso da publicidade, da propaganda, das vaidades e dos decibéis das sirenes que, por estes dias, invadiram a capital deste, de novo, novel estado e mais ocidental, da Europa.

terça-feira, outubro 16

Sempre a aprender


Veio tarde e a más horas mas "mais vale tarde que nunca". E como nunca é tarde demais para se aprender, aqui fica a lição de hoje - Adriano Correia de Oliveira. Já me tinha embalado em muitas noites de estudante por muitos locais deste país mas só agora, longe da folia dessa vida mas mais perto de outras coisas boas (ai Fujiko... *), é que lhe vou reconhecendo o devido valor. Ignorante me apresento mas com o sentimento de dar a volta ao texto. Espera-me a descoberta e, ao que parece, a boa música e os bons valores que conheço de José "Zeca" Afonso. Bem-haja aos dois.

"Espero que o trabalho que está feito sirva para estimular os jovens na procura de soluções que retractem os problemas do seu tempo"
Adriano Correia de Oliveira

E se o meu papá tivesse um banco?


E se o meu papá tivesse um banco?
E se o meu papá tivesse um grande porquinho mealheiro?
(suspiro)
mas não tem.
Mas há que tenha essa sorte e vai daí o que faz? Bem diverte-se a pedir emprestados uns dinheirinhos - 12 euros? Caramba com isso não faço a segunda circular no meu porsche (terá pensado o jovem Gonçalves). 12 mil euros? É pouco. 12 milhões de euros? Hmmmm... pode ser, mas aceito porque estou a notar uma certa "má vontade". Já agora, empréstimo, que é isso? (...) Mas o banco não é do papá?
Se o jovem Gonçalves soubesse algo dos ditados Portugueses poderia ter-se lembrado que "quem semeia ventos, colhe tempestades" mesmo quando o nosso papá tem um porquinho mealheiro.
E nós? Haja saúde e trabalho, o resto logo se vê.

Negociável? Como sempre...



Iniciou-se hoje a discussão dos aumentos para a função pública entre o Governo, os Sindicatos e os representantes Patronais. Procura-se a chamada "concertação social" algo que, ano após ano, se parece mais com uma figura mitológica inatingível do que de uma realidade alcançável. As coisas por norma processam-se do seguinte modo: O Governo propõe, os Patrões refilam e os Sindicatos protestam – os segundos pelo excesso e os terceiros pelo defeito. Resultado: O Governo não cede (daí que não seja correcto o termo inicial de discussão) os patrões, que antes refilaram, ficam contentes apesar de surgirem posteriormente com um ar sisudo “…pois… mas não podemos esquecer a nossa função social.” – Tretas.
Já os Sindicatos teriam muito a ganhar se fossem organizados e se se apresentassem a uma só voz, como é o caso das Ordens de Engenheiros, Advogados, Médicos, Juízes. Como não o fazem, é cada um por si e, havendo uma das plataformas sindicais (UGT) que tem a sua génese no Partido Socialista, a sua contribuição para a discussão é nula e, por conseguinte, ao mínimo ossinho oferecido, a sua assinatura é prontamente conquistada. Quem fica reiteradamente mal na fotografia? A CGTP-IN. Deveria ser assim? Não creio, nem considero que os Portugueses ganhem com isso mas o Sr. João Proença (Secretário-geral da UGT) já nos habituou ao raciocínio do coitadinho e apesar de as reuniões terem começado hoje já se nota na sua declaração um certo amansamento “Esta proposta já era previsível, mas esperamos que ainda haja margem de negociação, tendo em conta que hoje foi a abertura de um processo negocial”.
O Governo propôs para todos Nós (o aumento da função pública determina o do sector privado) o valor de 2,1% para 2008, valor esse, conveniente já que passa a ideia de que, se a inflação andar pelo mesmo valor, os Portugueses não perderão poder de compra (não são fofinhos?). Será? Claro que não. Porquê? Simples.
1.º Ninguém garante que a inflação seja essa (ainda hoje o Petróleo atingiu um novo máximo);
2.º Ficamos compensados relativamente à inflação é certo mas os combustíveis irão aumentar assim como a Taxa da (aqui está algo que merece um artigo), o preço dos bens de consumo, a electricidade e muitas outras coisas de que necessitamos no dia-a-dia e nos aparecem em forma de factura, entregues sempre sem falta e com extrema lucidez, pelo prestativo carteiro que se engana em tudo o resto.
Resumindo: o aumento vai ser esse; a UGT vai fazer o papel de coitadinho; a CGTP-IN vai parecer o “rufia lá do bairro”; os “patrões” vão sair imaculados como entraram e o Governo? Digam-me vocês.

domingo, outubro 14

Mais suspeitas



Não me vou alongar por que o próprio processo Casa-Pia parece mais uma novela mexicana de baixo orçamento do que um qualquer processo judicial.
Apenas quero dizer que se o que Catalina Pestana vem dizer é verdade... isto está profundamente errado e a impunidade reina. Quem pode e não tem telhados de vidro devia acabar com estas charadas em forma de julgamentos da treta e estas situações vergonhosas. Espero que a Juíza ainda possa fazer Justiça e que a mesma a pecar, peque por excesso de modo indiscriminado. Quanto ao Sr. Pedroso... O caminho é longo e a verdade há-de vir ao de cima.
Quanto a Catalina Pestana, o seu contributo de dentro para fora teria mais força pela posição que ocupava. Assim perde força e as palavras irão levá-las o vento. Enquanto isso os miúdos estão esquecidos. Uns safaram-se por si, outros parecem permanecer no escuro contando o tempo e vendendo, pelo menos, a consciência de meninos.


Perpétuo link

sexta-feira, outubro 12

Arquivamento? Assim é Portugal, seja benvindo!



E Sexta-Feira passada foi outro dia em que a Justiça tomou a direcção errada, a sinistra e tombou de novo na "Rua da Amargura". É verdade quando se diz que o "Homem é o único ser capaz de tropeçar duas vezes na mesma pedra" e os Ministros, não sendo Homens normais, tropeçam e não evitam a dita rua para lá do que seria desejável. Mas caiu em estilo, logo pela mão de um Ministro e ex-juíz do Tribunal Constitucional que apenas aqueceu um assento que seria, para a maioria, inegociável! Isto de ser Ministro parece ser fácil, só têm que ter atenção a dois mandamentos:
1.º Colocar todos os boys que for possível como acessores. Não interessa com que tarefa, no final, eles não sabem mesmo mais que dar graxa, sorrir, orientar as próprias contas e dormir no sofá do gabinete; 2.º Mandamento: "Juro arquivar todo e qualquer processo que atente contra o Governo seja ele pertinente ou não, as críticas não são bem-vindas".
Neste país para que algo dê em mais que arquivamento é preciso que sejam gravadas imagens como no caso dos jovens a quem a Polícia sacudiu o pó no parque das Nações, com ou sem razão.
A atitude do Ministro Rui Pereira e a dos agentes da PSP até poderiam ser atenuadas noutro quadro de acontecimentos. Se não tivesse havia o Imbróglio Charrua (Min. Edu), o caso de destituição de um director de um serviço de saúde por uma graçola, em forma de fotocópia, feita por um médico da unidade (Min. Saúde) entre outros. Todos eles mostram que o Governo se dá mal com a crítica, a começar por José Sócrates o que paulatinamente se tem vindo a alastrar ao resto do executivo. A intervenção da Polícia até será normal, mas parece-me que o seria à posteriori quando se verificasse que realmente tinham acontecido atitudes graves, o que nunca foi o caso.
Palavras de ordem como "25 de Abril sempre", a "Luta contínua" ou outros chavões revolucionários dificilmente podem ser considerados atentatórios do bom-nome de um Minstro que se quer Primeiro e de um Governo que se pretende que governe. Porque se esse é o caso, se essa linha de raciocínio se pode seguir impunemente, também é possível dizer que a Polícia apareceu "à paisana" para não levantar sururu na rua mas sim para condicionar o sindicato. E ao levar consigo material de conteúdo político, essa acção transforma-a em Polícia Política o que, se espera, não é de todo o caso. No entanto medidas urgiam antes deste episódio e urgem ainda já que os casos se vão acumulando de braço dado com os arquivamentos. Essa sensação de superioridade por parte dos poderes fica a pairar, não se dispersa e acresce que, havendo pontas soltas elas, mais cedo ou mais tarde vêem a luz do dia já que a mentira ou em "modo de segurança" - politicamente correcto - as inverdades têm perna curta. O Ministro Rui Pereira disse que tudo foi normal mas o Inspector-geral da Administração Interna deu sinais em contrário.


Fica uma nota positiva, no meu entender, para o Ministro em causa. Na discussão sobre o novo Código do Processo Penal o Ministro Rui Pereira defendeu que o cúmulo penal não devia passar a ser regra mas sim excepção, isto é, não pode alguém que seja considerado, por exemplo, por pedófilo em dez situações diferentes ser condenado apenas pelo acto e não pelo cúmulo dos mesmos ou em "crime continuado" (assim percebi). O PS em bloco votou contra e assim apenas o cúmulo passa a ser a regra o que dará sem dúvida um certo jeito para, por exemplo, o Processo Casa-Pia. Lá está o PS a seguir o primeiro mandamento numa das suas muitas variantes.

terça-feira, outubro 9

40 anos



Eram 7h00 da manhã quando, ouvindo a rádio, soube da efeméride do dia, ganhando assim a frase e o acto de a colocar ontem no topo do blogue, ainda mais dimensão. Tentei até ao extremo fugir do Ernesto Guevara retratado pela imagem de Alberto Korda (engalanado com a bóina e a estrela). Foi difícil encontrar um Ernesto sorridente para a assinalar o dia do quadragésimo aniversário da morte do letrado Comandate. Deixo a imagem (sem bóina foi impossível), a frase no topo do Blogue de sua autoria e uma suposta frase de sua autoria antes da execução em La Higuera, Bolívia.

“Eu sei que você veio para me matar. Atire, você está apenas matando um homem”

segunda-feira, outubro 8

Morte ao Fascismo



O fascismo está de volta e as semelhanças são inegáveis. Agradeço ao regime vigente, graças ao seu pretensiosismo e à sua ardilosa propaganda, por me ter elucidado no voto!
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"Prefiro morrer de pé a viver sempre ajoelhado"
Ernesto (Che) Guevara

domingo, outubro 7

Elites vs Populismo



Não é de agora e a ideia tenho-a “for quite sometime”. Logo após a campanha e as primeiras acções governativas de Sócrates bem como depois da eleição de Marques Mendes para líder do PSD. Aliás quem não se lembra de Durão e de Santana Lopes ou de Guterres? Nessa altura amadurecia ainda a minha opinião política. Adiante… Nunca mais afastei a sensação de que entrámos num período de populismo e não de líderes que pudéssemos considerar pertencentes a elites. Populismo é mau/bom? Elites são más/boas?
O termo Elite abarca muitas definições, algumas benévolas, outras nem tanto. Quando falo em elites falo em grupos sociais originários dentro das diferentes áreas que, por mérito próprio, recebem esse status e que, por conseguinte, pode contribuir a nível social, económico, judicial, político e em todas as áreas que careçam de liderança.
Pelo contrário o populismo assenta no que as massas querem ouvir em prol do benefício próprio e não do comum, isto é, ao esgaravatar o povo oferecendo, prometendo mas distorcendo subliminarmente o bem comum, o populista agarra para si a força do todo, esquivando as regras democráticas no sentido de obter vantagem nessa alienação de valores e abafando nas imensas vozes da turba aquelas que não perderam coerência.
Com isso ganha posição decisória (a outra disseminou-se no ruído da multidão) e tem espaço para decidir à conveniência (sua ou de alguns interesses) sem interferências. Ainda hoje uma multidão foi, à chegada de José Sócrates, dividida em função do seu ímpeto aclamador, isto é, os que só sabem viver de joelhos e aplaudem (local almofadado e com material de propaganda na certa) foram para um lado, os que preferem viver em pé e protestar foram para outro (duro a nublado certamente).
Creio que se vive uma época de Popularuchos (Sócrates, Mendes, Menezes, Portas e muitos mais) por toda a parte e tudo por culpa de uma elite que perdeu o norte e terreno para os anteriores e que nos dias de hoje espera que a multidão chegada “ao ponto sem retorno” se volte para eles de novo e lhes entregue o que ambicionam. Até lá optam por ficar escondidos na caverna a pregar para as paredes à espera que o vento lhes leve o sermão julgando que essa atitude amorfa será a mais eficiente.
O primeiro por cá a perceber e vociferá-lo (com outro peso e poder mediático) foi Cavaco Silva mas a sua figura sugada de grande parte de poder decisório e alinhado ou estigmado ainda numa “convergência estratégica” faz com que as suas palavras se virem a favor da propaganda e cito: “foi uma palavra de incentivo para o Governo”. É necessário que a elite ganhe coragem, esqueça um pouco da delicadeza, da elegância e volte à arena (ir à Tv. dar umas “aulas” já teve mais força e de graça ameaça-se cair em desgraça) e nela faça valer o conteúdo para além da propaganda, das fachadas que, quais estátuas lisboetas, se encontram impregnadas de material estranho a um verdadeiro governo.

sábado, outubro 6

As aparências...


Não sou dado a este tipo de programas. Não sei bem porquê. Não me inspiram curiosidade e até os achos meio popularuchos (aqui estou eu em modo "snob"). No entanto recebi um vídeo via email que me deixou muito... satisfeito até por que como os mais assíduos ao blogue saberão eu nutro muito gosto por toda a música até pela Ópera principalmente na voz de Pavarotti. Pois bem o resto é conversa, deixo-vos o vídeo e a respectiva tradução de Nessun Dorma de Puccini. Enjoy.

Nessum Dorma

"Que ninguém durma, ninguém durma...

Mas meu segredo permanece, guardado dentro de mim

Meu nome ninguém saberá. Não, não...

Desaparece ó noite. Sumam ó estrelas. Sumam ó estrelas.

... na alvorada vencerei...Vencerei. Vencerei!

Poesia . 12


Casa

Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.

David Mourão Ferreira

Imagem . 8



Porto magnífico.

sexta-feira, outubro 5

Escola não é fábrica de ensinos



Palavra a quem de direito. Dentro de instantes (e até que enfim num registo digno de quem anda na rua) o Sr. Presidente da república.

"...Quero dirigir-me a todos os Portugueses (...) Por outro lado, importa sublinhar que a educação é a base da verdadeira inclusão social, pois esta encontra-se associada, em larga medida, às qualificações e competências de que cada um dispõe. Mas também num outro sentido se deve salientar o carácter inclusivo da escola: a democratização do ensino e a escolaridade obrigatória são factores de igualdade e elementos de convivência (...) Temos, de facto, de adoptar uma nova atitude perante a escola. Temos de perceber que aí residem os activos mais importantes do nosso futuro. É imperioso ter a consciência de que o investimento mais reprodutivo que poderemos fazer é nas crianças e nos mais jovens. Essa é uma consciência que, antes de mais, tem de existir nos pais, o que pode exigir uma intervenção personalizada no sentido da adequada valorização da educação dos filhos. Preocupamo-nos em cuidar dos nossos filhos no plano material, mas é frequente julgarmos que a educação, o bem mais importante e decisivo para o seu futuro, é tarefa que compete sobretudo a outros. Muitos continuam a encarar as escolas como «fábricas de ensino», para as quais enviam os filhos e aí depositam por inteiro o trabalho de os formar para o futuro. A primeira grande interpelação deve ser feita aos pais: de que modo participam na educação dos vossos filhos? Não basta adquirir livros e manuais, assistir de quando em quando a reuniões de pais ou transportar diariamente os filhos à escola. Há toda uma cultura de autoexigência que deve ser estimulada nos pais, levando-os a envolver-se de forma mais activa e participante na qualidade do ensino, na funcionalidade e na conservação das instalações escolares, no apoio ao difícil trabalho dos professores." Fico por aqui mas...

Perpétuo link . Discurso completo - aconselho vivamente.

Será preciso doutores de pá?


É usual dizer-se, principalmente numa época de excesso numas ocupações e défice noutras, que “nem toda a gente pode ser doutor”. É-me familiar esta ideia que, certo dia estando eu presente, foi resumida de um modo extremamente simples para o meu Pai. “Caro amigo se eu necessitar de um advogado arranjo os que quero por 500 euros. Já se eu precisar de alguém electricista que consiga arranjar este Mercedes nem com 1000 euros o arranjo” Falava um representante da Mercedes-Benz conhecido do meu Pai no seguimento das dificuldades sentidas pelos petizes de ambos na altura de conseguir um trabalho. Já lá vai uma série de anos e a dificuldade vai persistindo… É evidente que nem toda a gente poderá almejar a doutor nem isso é necessário ao país, mas o que o país precisa é de responsabilidade nas tarefas que cada um tem (privado ou público) são entregues por difíceis ou exigentes que sejam.
Discorro nisto porque esta semana ao subir a Serra da Estrela dei com uns trabalhadores da JAE (Junta Autónoma das Estradas) em plena empreitada. A operação, pelo que percebi, consistia em limpar as valetas adjacentes à estrada. O dia até estava agradável se bem que nenhum dia está agradável de pá na mão quando se podia estar a corar ao Sol numa esplanadinha com a companhia a preceito. Isso é justo e coerente quer para doutores quer para as outras profissões. O que eu não entendi foi o seguinte:
Os senhores com uma pá moviam a caruma caída das árvores a qual tinha-se acumulado nas valetas mas porquê? Bom, porque para além de estarem repletas, faziam com que a água das chuvas fosse para a estrada desvirtuando o intuito das mesmas e colocando em perigo os condutores como eu. E para onde ia a caruma? Para algum receptáculo de modo a ser utilizada como biomassa? Nada disso, era de novo enviada, no mesmo movimento de vaivém da pá, para a mata. Sou eu ou pareceu-me ridículo? (a palavra até era outra…) Será que era necessário estar ali um doutor ou um engenheiro para dizer que talvez aquele não fosse o melhor fim da lida? Será que um mero trabalhador não devia ter capacidade para perceber isso mesmo? Será que a escola aqui teria feito a diferença? Podia despejar aqui inúmeros “será” mas o certo é que a caruma repousa a estar hora um metro acima de onde atrapalhava.
A ideia da recolha não era má e por isso deixo-a aqui, bem como outra dica, quiçá mais urgente: É indispensável limpar as matas e a Serra da Estrela (1.º local do país a sofrer com o flagelo dos fogos, nunca se esqueçam disso!) que vai renascendo dos fogos está a atalhar o caminho a quem não precisa que lho atalhem e atrapalha a funções dos que remedeiam as coisas. Meus senhores juntem o útil ao agradável, limpem as valetas e as matas por exemplo com recurso a reclusos e utilizem o recolhido para a produção de energia ou para outras aplicações como fertilizante para os solos (aqui, porventura, já estarei a divagar).