Vivem-se tempos críticos ao nível educativo. Apesar de ter este espaço, pouco visitado é certo, nunca o usei como meio de arremesso irracional sobre as políticas educativas. Não poucas vezes tive vontade de usar o corriqueiro vernáculo, rude, sujo e rasteiro ou de me atirar com toda a força e raiva aos responsáveis por uma dinâmica intransigente, irresponsável, imprudente, injusta e obtusa.
Tenho-me mantido atento, dentro do possível, a todos os programas, debates, artigos publicados e demais meios informativos, no sentido de perceber se a população já entendeu o que se passa e qual é o fundamento deste descontentamento do qual sobeja este protesto diário e maciço.
A leitura feita por todos prende-se com a avaliação. Finalmente já todos perceberam que o problema não é o “sim ou “não” à avaliação mas sim o modelo imposto, e não proposto ou discutido. Dirão uns: o patrão pode impor. Sim é certo, mas nenhum modelo ou processo se sustenta em ar, isto é, sem a sua base de trabalho. Existem muitas coisas estranhas dentro do edifício educativo, até fisicamente na 5 de Outubro, quer a governação tenha génese neste ou naquele partido político. Parte logo pela eleição do Ministro que tutela a Educação. Nunca, e corrigir-me-ei no caso de estar a cometer uma inverdade (em estilo político), houve um Ministro da Educação que partisse da classe que visa tutelar, a dos professores e educadores.
Com as devidas diferenças, quem responde pelos advogados, o bastonário, é um advogado, tal como no caso dos médicos é um médico, nos diferentes ministérios onde quem o tutela não é alguém da classe, verificam-se sempre dificuldades de entendimento. Faço questão de sublinhar que só sabe da poda quem anda na vinha – desconstruíndo – só perceberá das questões educativas quem anda pelas escolas. Sempre me pareceram estranhas as opções tomadas e os resultados estão à vista. Para não falar que é de consenso geral que a classe à qual pertenço é uma das basilares a uma democracia salutar e robusta e uma das que mais investe em formação, quer em tempo, quer em dinheiro, quer em projectos familiares. Adiante…
O que transtorna os professores? Falarei por mim, sabendo que muitos dos professores espalhados pelo país, assinalariam este, aquele, senão todos os pontos que vou focar, e mais algum que irei, certamente, omitir.
A falta de responsabilidade por parte dos encarregados de educação na vida, civilidade e bons modos dos seus filhos, para mim é o mais decisivo. Bem sei que nos dias de hoje as famílias não têm tempo e confiam, literalmente, na escola a educação dos seus filhos. Tal como uma linha de montagem: O rebento nasce, de seguida é entregue às escolas, nós moldamos a criatura e no final o entregássemos já formado. Isso não é correcto e nem aos professores cabe essa função. Muitos pais não vêem, nem transmitem a ideia de que a escola é o melhor investimento que se pode fazer. Serve para aprender, os meninos não querem? Temos paciência, mais tarde entenderão. Parafraseando o neurologista João Lobo Antunes “Ora, a Educação serve fundamentalmente para dar instrumentos de felicidade às pessoas. Ora, a felicidade não é gratuita, tem de ser construída. A escola não serve para manter alunos felizes. Já o Presidente Wilson, dos Estados Unidos, que antes era reitor da Universidade de Princeton, dizia que a preocupação de que os meninos têm de ser felizes na escola não faz sentido.“ O que sentimos é a vitória da imundície que é o eduquês. Quem não respeita os pais, como identificará nos professores um agente a respeitar? Episódios de desrespeito existem todos os dias numa dinâmica “com direitos mas sem deveres.”
Guardo uma ideia da minha infância: “Olha que eu não te quero educar ao açoite. (…) Professor, se ele se portar mal, sacuda-lhe o pó e diga-me algo que eu depois trato do resto”. É óbvio que bater por bater é errado, que é uma acção que deve ser sempre precedida por conversas responsáveis mas não é por nada que um sinónimo de bater é castigar, por vezes não faz mal, venha quem vier, venha até a letra alterada recentemente da lei do Código Penal.
A reboque desta, estão o facilitismo dos currículos, a pressão superior extra e intra-escolar para que existam bons resultados como se a escola fosse uma fábrica de parafusos. Se o metal é fraco, se este não participa com vontade, como é possível fazer dele um parafuso? Na fábrica troca-se o metal, nas escolas tem que se arranjar alternativas não para ser, por exemplo, um prego, mas para ser parafuso à força. Isto é um contra-senso já que se promove, não a universalidade do direito à educação, mas sim a universalidade do direito à passagem e do pouco empenho.
O Estatuto do Aluno que deveria ser lido por todos os que, como pais ou fazedores de opinião, criticam os professores, porque se há coisa que o português se alvitra de ser é professor, treinador da bola ou juiz. Os cursos CEF’s ou os EFA’s, que não fazem mais do que dar lastro ao facilitismo existente, alimenta o crescimento espumoso das estatísticas ao nível da UNESCO, tal como os exames nacionais e que não resulta de “leituras” diferentes entre as escolas e ministério como parece ser hoje o caso do “ajuste” ou “esclarecimento” sobre o estatuto do aluno no referente ao regime de faltas. É real e uma aberração. A própria ideia das aulas de substituição, que eu defendo, mas que carece de uma aplicação mais justa. O próprio sistema de distinção entre professores titulares e os restantes que apenas leva em conta os últimos sete anos, quer para mim, com seis anos de “casa”, quer para colegas com vinte ou trinta anos na defesa da arte.Muitas outras ficaram por explicitar mas como é possível ver não é apenas a questão da avaliação, essa foi a gota de água. Para quem se arroga à posição de crítico faça um favor, leia, estude as coisas e não aventem “tácticas”, concordâncias ou posições sem a mínima instrução sobre o tema. Esse estar não serve outro propósito que o de defender um sistema que está a cair aos poucos e se irá demolir se não for responsavelmente alterado e reforçado. Após esta tempestade ainda estará por vir a necessária discussão sobre o sistema educativo que o país precisa.
Tenho-me mantido atento, dentro do possível, a todos os programas, debates, artigos publicados e demais meios informativos, no sentido de perceber se a população já entendeu o que se passa e qual é o fundamento deste descontentamento do qual sobeja este protesto diário e maciço.
A leitura feita por todos prende-se com a avaliação. Finalmente já todos perceberam que o problema não é o “sim ou “não” à avaliação mas sim o modelo imposto, e não proposto ou discutido. Dirão uns: o patrão pode impor. Sim é certo, mas nenhum modelo ou processo se sustenta em ar, isto é, sem a sua base de trabalho. Existem muitas coisas estranhas dentro do edifício educativo, até fisicamente na 5 de Outubro, quer a governação tenha génese neste ou naquele partido político. Parte logo pela eleição do Ministro que tutela a Educação. Nunca, e corrigir-me-ei no caso de estar a cometer uma inverdade (em estilo político), houve um Ministro da Educação que partisse da classe que visa tutelar, a dos professores e educadores.
Com as devidas diferenças, quem responde pelos advogados, o bastonário, é um advogado, tal como no caso dos médicos é um médico, nos diferentes ministérios onde quem o tutela não é alguém da classe, verificam-se sempre dificuldades de entendimento. Faço questão de sublinhar que só sabe da poda quem anda na vinha – desconstruíndo – só perceberá das questões educativas quem anda pelas escolas. Sempre me pareceram estranhas as opções tomadas e os resultados estão à vista. Para não falar que é de consenso geral que a classe à qual pertenço é uma das basilares a uma democracia salutar e robusta e uma das que mais investe em formação, quer em tempo, quer em dinheiro, quer em projectos familiares. Adiante…
O que transtorna os professores? Falarei por mim, sabendo que muitos dos professores espalhados pelo país, assinalariam este, aquele, senão todos os pontos que vou focar, e mais algum que irei, certamente, omitir.
A falta de responsabilidade por parte dos encarregados de educação na vida, civilidade e bons modos dos seus filhos, para mim é o mais decisivo. Bem sei que nos dias de hoje as famílias não têm tempo e confiam, literalmente, na escola a educação dos seus filhos. Tal como uma linha de montagem: O rebento nasce, de seguida é entregue às escolas, nós moldamos a criatura e no final o entregássemos já formado. Isso não é correcto e nem aos professores cabe essa função. Muitos pais não vêem, nem transmitem a ideia de que a escola é o melhor investimento que se pode fazer. Serve para aprender, os meninos não querem? Temos paciência, mais tarde entenderão. Parafraseando o neurologista João Lobo Antunes “Ora, a Educação serve fundamentalmente para dar instrumentos de felicidade às pessoas. Ora, a felicidade não é gratuita, tem de ser construída. A escola não serve para manter alunos felizes. Já o Presidente Wilson, dos Estados Unidos, que antes era reitor da Universidade de Princeton, dizia que a preocupação de que os meninos têm de ser felizes na escola não faz sentido.“ O que sentimos é a vitória da imundície que é o eduquês. Quem não respeita os pais, como identificará nos professores um agente a respeitar? Episódios de desrespeito existem todos os dias numa dinâmica “com direitos mas sem deveres.”
Guardo uma ideia da minha infância: “Olha que eu não te quero educar ao açoite. (…) Professor, se ele se portar mal, sacuda-lhe o pó e diga-me algo que eu depois trato do resto”. É óbvio que bater por bater é errado, que é uma acção que deve ser sempre precedida por conversas responsáveis mas não é por nada que um sinónimo de bater é castigar, por vezes não faz mal, venha quem vier, venha até a letra alterada recentemente da lei do Código Penal.
A reboque desta, estão o facilitismo dos currículos, a pressão superior extra e intra-escolar para que existam bons resultados como se a escola fosse uma fábrica de parafusos. Se o metal é fraco, se este não participa com vontade, como é possível fazer dele um parafuso? Na fábrica troca-se o metal, nas escolas tem que se arranjar alternativas não para ser, por exemplo, um prego, mas para ser parafuso à força. Isto é um contra-senso já que se promove, não a universalidade do direito à educação, mas sim a universalidade do direito à passagem e do pouco empenho.
O Estatuto do Aluno que deveria ser lido por todos os que, como pais ou fazedores de opinião, criticam os professores, porque se há coisa que o português se alvitra de ser é professor, treinador da bola ou juiz. Os cursos CEF’s ou os EFA’s, que não fazem mais do que dar lastro ao facilitismo existente, alimenta o crescimento espumoso das estatísticas ao nível da UNESCO, tal como os exames nacionais e que não resulta de “leituras” diferentes entre as escolas e ministério como parece ser hoje o caso do “ajuste” ou “esclarecimento” sobre o estatuto do aluno no referente ao regime de faltas. É real e uma aberração. A própria ideia das aulas de substituição, que eu defendo, mas que carece de uma aplicação mais justa. O próprio sistema de distinção entre professores titulares e os restantes que apenas leva em conta os últimos sete anos, quer para mim, com seis anos de “casa”, quer para colegas com vinte ou trinta anos na defesa da arte.Muitas outras ficaram por explicitar mas como é possível ver não é apenas a questão da avaliação, essa foi a gota de água. Para quem se arroga à posição de crítico faça um favor, leia, estude as coisas e não aventem “tácticas”, concordâncias ou posições sem a mínima instrução sobre o tema. Esse estar não serve outro propósito que o de defender um sistema que está a cair aos poucos e se irá demolir se não for responsavelmente alterado e reforçado. Após esta tempestade ainda estará por vir a necessária discussão sobre o sistema educativo que o país precisa.
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