sexta-feira, outubro 26

Never ease the brain!


Por vezes surgem certas notícias sobre os políticos que me deixam com bastante raiva. Não consigo afastar da ideia que todos eles são uns incompetentes, que a única coisa que os move são os lobbys e os compadrios tudo com um propósito de proveito próprio, não deixando para plano nenhum os compromissos que têm para com os cidadãos. Acredito que a política é a disciplina que mais urge tratar neste país dada a falta de ética e de valores morais que, vezes sem conta, sobe ao cimo das manchetes dos jornais e me deixam com uma raiva quase demente. Daí, por vezes puxar pela frase: "só quando os políticos tiverem medo de andar na rua com receio de apanhar uns merecidos açoites é que as coisas vão ao sítio!" e juro que é o que sinto.
Pensava que sofria de complexo "Che Guevara" ou algo pelo estilo mas eis que hoje, no suplemento P2 do diário Público, surge um maluco, aparentemente, como eu ou será que sou eu como ele? Adiante… Diz a crónica que eu um pensador, um ensaísta. Não conhecia nem creio ter alguma vez lido algo seu, sou sincero. Que tem 80 anos (já deve ter pensado a sua parte e a de muitos outros) e está radicado em Cambridge. Veio a Lisboa dar uma palestra sobre se o conhecimento científico estará perto de atingir o seu limite. Esteve por cá e quem foi diz que não deu o tempo como perdido já que George Steiner, de seu nome, surge nas crónicas como um comunicador nato, incrivelmente actual e absolutamente contagiante.
Sobre o tema da palestra creio que a ciência avançará até onde o seu poder perscrutador (avanços no sistemas de calculo e de observação) permita. Nunca me irei esquecer do dia que vi o primeiro microscópio de varrimento a trabalhar e que, com ele, me foi permitido observar pela primeira vez, qual Argonauta, muitos dos termos abstractos que fui ouvindo no meu tempo de aluno. Nunca me esqueço de que para “observar” um átomo ele é quase destruído durante essa empreitada. Como me foi referido: “Com esta máquina, é como se quiséssemos ver uma bola de basquetebol, atirando contra ela, para o conseguir, uma bola de andebol.” O limite, para mim, está nos instrumentos já que a nossa capacidade de estudo está completamente dependente dos avanços tecnológicos em termos instrumentais. Mas voltando ao início…
Steiner, como ensaísta e pensador que é, não se limitou e muito bem ao tema da palestra e derivou por outros temas. Também discorreu sobre a existência de pobreza no mundo actual e asseverou que não entende como é que os pobres, munidos de uma raiva extrema, ainda não se revoltaram com as injustiças de que são alvo. Ou como é que os desempregados ainda não assassinaram o patrão que os colocou nessa situação desesperada antes de o mesmo entrar no seu carro de luxo em direcção ao avião para umas férias paradisíacas em “Barbados” às suas custas. O que viria a seguir? Os políticos, claro. Que diria ele? "Só quando os políticos tiverem medo de andar na rua com receio de apanhar uns merecidos açoites é que as coisas vão ao sítio!", quero acreditar.

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