domingo, outubro 7

Elites vs Populismo



Não é de agora e a ideia tenho-a “for quite sometime”. Logo após a campanha e as primeiras acções governativas de Sócrates bem como depois da eleição de Marques Mendes para líder do PSD. Aliás quem não se lembra de Durão e de Santana Lopes ou de Guterres? Nessa altura amadurecia ainda a minha opinião política. Adiante… Nunca mais afastei a sensação de que entrámos num período de populismo e não de líderes que pudéssemos considerar pertencentes a elites. Populismo é mau/bom? Elites são más/boas?
O termo Elite abarca muitas definições, algumas benévolas, outras nem tanto. Quando falo em elites falo em grupos sociais originários dentro das diferentes áreas que, por mérito próprio, recebem esse status e que, por conseguinte, pode contribuir a nível social, económico, judicial, político e em todas as áreas que careçam de liderança.
Pelo contrário o populismo assenta no que as massas querem ouvir em prol do benefício próprio e não do comum, isto é, ao esgaravatar o povo oferecendo, prometendo mas distorcendo subliminarmente o bem comum, o populista agarra para si a força do todo, esquivando as regras democráticas no sentido de obter vantagem nessa alienação de valores e abafando nas imensas vozes da turba aquelas que não perderam coerência.
Com isso ganha posição decisória (a outra disseminou-se no ruído da multidão) e tem espaço para decidir à conveniência (sua ou de alguns interesses) sem interferências. Ainda hoje uma multidão foi, à chegada de José Sócrates, dividida em função do seu ímpeto aclamador, isto é, os que só sabem viver de joelhos e aplaudem (local almofadado e com material de propaganda na certa) foram para um lado, os que preferem viver em pé e protestar foram para outro (duro a nublado certamente).
Creio que se vive uma época de Popularuchos (Sócrates, Mendes, Menezes, Portas e muitos mais) por toda a parte e tudo por culpa de uma elite que perdeu o norte e terreno para os anteriores e que nos dias de hoje espera que a multidão chegada “ao ponto sem retorno” se volte para eles de novo e lhes entregue o que ambicionam. Até lá optam por ficar escondidos na caverna a pregar para as paredes à espera que o vento lhes leve o sermão julgando que essa atitude amorfa será a mais eficiente.
O primeiro por cá a perceber e vociferá-lo (com outro peso e poder mediático) foi Cavaco Silva mas a sua figura sugada de grande parte de poder decisório e alinhado ou estigmado ainda numa “convergência estratégica” faz com que as suas palavras se virem a favor da propaganda e cito: “foi uma palavra de incentivo para o Governo”. É necessário que a elite ganhe coragem, esqueça um pouco da delicadeza, da elegância e volte à arena (ir à Tv. dar umas “aulas” já teve mais força e de graça ameaça-se cair em desgraça) e nela faça valer o conteúdo para além da propaganda, das fachadas que, quais estátuas lisboetas, se encontram impregnadas de material estranho a um verdadeiro governo.

Sem comentários: