domingo, fevereiro 12

Não parece mas é Inverno... ou já foi tempo de o ser...



O Inverno já não é o que era. Invernia pura regada com incessantes jorros de água que nos atacavam de todos os lados tidos e achados, conduzidos e empurrados a desgosto e desconforto, empunhando inutilmente a espada dos pobres com a qual também nos degladiávamos, sem o mínimo respeito, por entre ruas, avenidas e praças, onde nem os becos estreitos nos deixavam a salvo da ventania "inanunciada" que mergulhava das nuvens negras com a fúria do fim dos tempos e nos obrigava a cerrar a boca, semi-cerrar os olhos não descurando os objectos voadores perfeitamente identificados ao nível do solo mas que surpreendiam pela sua sorrateira e elevada posição.
Invernia de neve nas ruas, do gosto pelas guerras brancas, da roupa húmida, enregelada que se colava onde podia, previa e onde pensávamos que não chegava. Do chocolate quente ou do chá fervente. Das muitas meias, calças, camisolas, gorros, luvas e casacos quentes. Do silêncio abismal, sentido a partir da janela aberta às escondidas dos pais e para perecimento do calor, das ruas, da natureza que em apneia sustinha a vida ao ritmo lento ou furioso da queda do branco manto. Dos dias sem escola... dos dias de escola e de vinda para casa mais cedo com o corpo em esforço, quente, forte, desafiante da condição e do frio que no trajecto até casa deixava o ambiente com sabor a gelado. Da cidade em pausa à espera que o Sol servisse de moderador desse estático estado de coisas. Da serra em estado postaleiro sem "camionetas" de gentes a querer viver o postal televisivo. Daquela invernia.

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