sábado, maio 12

Ontem, os ratos sairam à rua.


Porque é que eu aqui escrevo? Sinceramente já não sei. Acho que ainda se mantém o mesmo espírito do início só que naquele então a ideia, ao ser nova, revestia-se de emoção por ter algo que dizer, escrever e, na outra face da moeda, de encontrar feedback de quem lê.
Este último ponto sempre tive pouco. No resto creio que aquela emoção foi-se e que agora escrevo no desabafo de cidadania num estilo "à capela". Assim pego neste sentimento para me desproteger ainda mais aos olhos dos que lêem e aqui exponho, sem apelo ou agravo, algo que ontem vivi: escrevo aqui porque gosto de política, pelo confronto das ideias mas como a política não é mais do que um lodaçal para o qual eu não tenho resposta dou por mim a não ter para com os políticos mais do que o meu melhor asco e agressividade. Ontem cheguei de viagem e, pelo menos aqui na minha cidade, devia o dia de revestir-se de alguma importância ao nível dos partidos mais representativos. Passo, como sempre, e passei ontem igualmente, no caminho para casa dos meus pais, pela sede dos mesmos e aquando da passagem pela sede do psd achei aquele ajuntamento estranho. Até a velha guarda, aquela mesmo velha de bengalinha, ar decrépito buscando ajuda nas mãos dos correlegionários uma lufada de força para a saída da viatura  que se encontrava na rua.
Por esses momentos tive que esperar para que suas excelências saíssem da estrada, que empatavam, e seria mentiroso ou, já que falamos de políticos, seria inverdade que não me apeteceu atropelar furiosamente aquela gente só pelo simples facto de serem laranjas apontadas ao céu. Lá saíram e a fila de trânsito desmobilizou tal como o meu ódio visceral, que esmoreceu ao sabor do empedrado citadino. Pensava eu que estava afastada a surpresa quando chego às imediações da sede do ps onde encontro semelhante ajuntamento e penso: "mau? Os vampiros saíram à rua pelo dia". Começas a perceber um padrão... Chegado ali vejo aquela gente que me dá asco, que os vejo como o pior dos interesseiros, como seres putrefactos e que apenas procurar sugar algo de ti. A meio daquele nada dou com um amigo e outro grande amigo, que até lerá estas palavras e que juro que não esperava encontrar ali.
Do meu amigo já sabia que o seu novo caminho era por aquela porta. Fiquei algo desapontado quando o soube mas... Também sei que por ali só irá para pior. Não por ser por ali ou acolá, onde passara, mas por ser por aqueles meandros. Certo dia, quando me disse que ia entrar numa lista trocamos umas ideias despretensiosas sobres os temas na ordem do dia e senti-me defraudado e desanimado fui pensando: também não irás fazer nada, serás mais um "engraxador de sapatos". Mas ver ali o outro meu amigo pelo qual tenho grande estima foi... Bem, se um dia se proporcionar a conversa lhe darei, se achar útil, a minha opinião. Da breve troca de palavras que o semáforo permitiu sobrou um "então que tal? Não queres vir beber um copo? (o diabo dele falando) ao que respondi: "jovem não dou para estes peditórios" ao que a sua nova costela partidária o levou a voltar-se rápido na procura de gastar a energia numa "ovelha". Do segundo recebi um desanimado "trouxeram-me para aqui". Oh carago, que não somos ovelhas, que temos cabeça e idade para não sermos levados para outro lado que não seja a nossa vontade!
Bem arrumei o acontecimento e quando fazia o caminho de volta, pelo mesmo trajecto pensava: bom, se gostas de política como raio um dia a poderás fazer sem te deixares sujar por um partido ou como poderás fazer passar as tuas ideias sem eles? Pois não sei, ainda que exista uma coisa que tenho presente: Tal como o Ricardo Sá Pinto, também eu terei que fazer uma espécie de curso de anger management para poder vencer este ódio visceral a esta corja.

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