Penso nisto a miúde quando o assunto económico vem à berlinda e encontro-me sempre com a mesma resposta. O problema português assenta na incapacidade de produzir e vender para o exterior o necessário para que a mão cega, justa e isenta do estado possa colher o sumarento fruto fiscal e, com isso, cobrir tantas e tantas necessidades da nossa economia e sociedade. Um estado auto-suficiente é-o em muitos sentidos e este será, certamente, um dos seus alicerces. Como se convida para investir e deixar os recursos no país? Pois não sei, não sou da área mas acredito que os incentivos no pagamento de taxas fiscais atractivas (sim eu sei, mas não me estou a contradizer isto porque um é melhor do que zero) principalmente no que toca a empresas de dimensão elevada em criatividade, inovação e tecnologia bem como na simplificação, não confundir com balbúrdia, fiscal, na justiça (precavendo os direitos legais de trabalhador e empregador em curto tempo) seria decisivo para que tal acontecesse.
Porque sou da opinião de que os trabalhadores portugueses são excelentes, mas só quando o empregador é do norte europeu ou japonês. O patrão português é limitado, pelo menos, o da anterior geração. Aos trabalhadores sempre se lhes exige experiência, formação superior, ser adolescente porque para além de trinta anos a vida parece acabar e tudo isto por quinhentos euros mensais. Este é o status quo do mercado de emprego e não é digno para ninguém. Por isso digo que um dos principais factores que afecta a competitividade da nossa economia é, sem dúvida alguma, a vista limitada, por palas, do empregador nacional. Quando a vida corre bem, o cheque chega, troca-se o carro de dois anos pelo novo modelo germânico. Pensa em dinamizar, acrescentar know-how aos seus empregados, melhorar aspectos da vida laboral destes para assim alavancar mais sucesso, mais cheques? Hmmm… nops… gosto tanto dele e em branco que agora está na moda. É ridículo.
Daí que o país não tenha capacidade de acudir a todos os fogos reais e fictícios (que também os há e muitos) e que a manta não chegue para a cabeça o os pés. Devemos a tudo e entre todos, ficamos a jeito para especulações ou roubos pacíficos na nossa factura externa (chama-se dívida soberana) e continua tudo como se nada fosse. As pessoas pouco se privam ainda, a zona da restauração do shopping da modinha da minha zona de residência transbordava de gente ontem pela noite para jantar. Foi assim ontem e é-o sempre que perco a réstia de amor-próprio, e força, depois de uma semana ausente e o cansaço me leva para aquelas bandas. Dá-me que pensar… e deu também aos alemães e franceses que agora decidiram “pôr na linha” os malandros do sul da Europa. Dizem que “eles já enviaram muitos fundos é justo que salvaguardem os seus dinheiros", leia-se moeda comum mas eu pergunto: não está a França igual a nós? Défice pelas nuvens (bem sei que as dimensões do país, das capacidades, entre muitas outras não se comparam, a todos os níveis). Não ajudámos a Alemanha aquando da queda do muro e quando, e bem, deu a mão à sua congénere de leste? Aqui o mecanismo de reciprocidade não vale… E no meio da nossa entrada na Europa deixámos cair as pescas, a agricultura, as indústrias nacionais que eram boas apenas necessitavam modernização (lá está… o patronato não foi a alavanca porque não estava preparado). Veio dinheiro para tudo mas não soubemos reivindicar mais, melhor e nós próprios não fomos exigentes, dignos, honestos, versáteis e competitivos.
Somos o compêndio das leis de murphy (se alguma coisa pode correr mal, corre na certa) e agora, como se esperava, vamos perder a nossa soberania a propósito das medidas determinadas pelo eixo Berlim-Paris – a gravidade a gravidar-se. Para todos “salchichas au fromage" e uma "lager” para não enfastiar. Chama-se pacto de competitividade mas será que eles percebem o que vale o mercado aberto para países como nós? Percebem a realidade dos países periféricos? Não me parece mas o bom é que eles não desistem, de si, e vão continuar a atirar dinheiro a troco do…que resta. No meio disto tudo, os bancos, a galp entre outros continuam a juntar dinheiro, pagam menos impostos ano após ano e, parafraseando Ricardo Araújo Pereira, que raio de escalão de IRS é este que quando mais ganham menos pagam? Espero que a senhora Merkel continua a ajudarmo-nos… também nestes particulares.
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