quinta-feira, junho 5

(a)Fundamentalismos



Ponto prévio: Gosto de política mas esse gosto não se estende aos políticos. Assim sendo nada me move a favor de algum partido seja de esquerda, direita, centro, cima ou abaixo. Manuel Alegre optou por participar numa festa organizada para pessoas de esquerda para debater questões basilares da nossa sociedade. Tenho para mim que se Paulo Portas quisesse ter assistido, não teria havido nenhum problema, a notícia seria grande mas apenas isso. A posição do PM não a comento primeiro porque ele mesmo se absteve a qualquer comentário e segundo porque esse senhor aqui não lhe é dado muito crédito. Já o secretário-geral comunista disse que não tinha sido convidado e como tal agiu em conformidade. A não ser que nos meados podres da democracia tivesse havido qualquer tipo de coação para a sua não participação, Jerónimo de Sousa fez mal em não aparecer e a desculpa parece surgida de uma vinheta do Mordillo.
Se existe algo que o nosso estilo de vida guarda bem é a nossa facilidade para nos sentarmos a conversar, seja numa esplanada ou num café, seja o tema banal seja este algo de importante. Temos o hábito de nos reunirmos publicamente e nem precisamos de motivo para que tal aconteça – deve ser algo latino com raízes na Grécia antiga.
A tertúlia com consciência social é um vício que se perdeu e se houve algo que eu reconheci nesta festa, foi a tentativa de reavivar essa posição socialmente presente e actuante longe de uma Assembleia cada vez mais longe da República. Terá tido outros motivos mas esses, só o tempo dirá, um tempo quiçá breve onde o desgosto pelo PS aumenta e se estabelece, onde a certeza pelo PSD é pouca ou nenhuma, mesmo com a recente eleição, com um CDS cadavérico apesar da insistência louvável daquela bancada. Sobre a esquerda, que se diz estar a crescer em número de futuros votantes, as sondagens indicam que pode alcançar os 20% e isso parece ser um sinal suficiente para muitos receios, como os do rico Presidente Mário Soares.
Acredito que tempos novos se aproximam ou deviam, não sei se melhores ou piores mas olhando, e principalmente ouvindo lapas ou aves de repetição pseudo-políticas como Vitalino Canas ou Augusto Santos Silva, acredito que para melhor também não será muito difícil.
Ser militante não implica que se deixe ter consciência própria nem opinião formada mesmo que essa vá contra o partido. A grande maioria não entende isso, os partidos são vistos como centros acerebrais de uma verdade absoluta cultivada nos mais variados interesses longe da consciência social. Zombies partidários e associais.

Sem comentários: