Apesar de ser professor não acompanho com tanta atenção como deveria talvez, as especificações dos meus colegas do 1.º ciclo. Hoje à hora da refeição ouvi que o Ministério que gere a coisa educativa definiu como metas de aprendizagem para a leitura dos alunos do 4.º ano, 125 palavras por minuto. Sinceramente não vejo relevância na velocidade quando não se entende peva do que se lê. Apetece-me e muito testar isto na próxima semana com as minhas turmas e medir não apenas a velocidade como também a percepção daquilo que leram e da clareza da reprodução do texto. Sendo importante não é relevante ou o mais relevante ou não pode ser, a velocidade das coisas a definir um acto, a não ser que se fale no caso de uma actividade como o automobilismo ou de um larápio que segue adiante de um polícia ou dum pitbull.
Na leitura interessará certamente mais do que um item, muitos, mas a relevância que foi dada foi à velocidade e não, por exemplo, à compreensão da mensagem que se leu, parece-me... simplista. Ora eu noto que é mesmo aí que está o cerne do problema de algum insucesso dos alunos, digo algum porque a maior parte, continuo a pensar, é da juventude / imaturidade e falta de dedicação à causa. E eu nem me posso queixar ainda que gostasse de ver mais e melhor, sempre. Continuarei a bater-me por isso tal como continuarei a beber água ou a manifestar a minha indignação para com os nossos reles eleitos.
E por aqui faço a ligação a uma (das muitas que tenho na cabeça) pergunta e à punchline. Se essas metas forem mesmo reais, que acontece a um aluno que apenas conseguir ler 124 palavras por minuto mas que tiver um elevado desempenho em matemática? (não que a música, as ciências, as artes, o desporto ou outro qualquer saber sejam de somenos). E a punchline: se as metas forem avante eu acho que o ministro das finanças será obrigado a voltar ao 1.º ciclo porque na certa, ele não consegue dizer 125 palavras por minuto, mas por nada deste mundo.
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