segunda-feira, abril 26

O dia de ontem, há 36 anos, deu que falar...


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Democracia: disfarçada ou desgraçada?
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Se fossemos entrar pela discussão sobre a comparação entre sistemas políticos a discussão se esgotaria em si pela extenuação das ideias e porque não há sistemas perfeitos. A democracia é o melhor dos piores e disso não podemos escapar. E como aferir, já perto da data da nossa emancipação democrática, a nossa própria opção e a nossa responsabilidade política? Política é um domínio tão extenso e que deveria interessar tantos aos cidadãos como o ar que respiram mas os políticos portugueses foram e são muito fracos, são mesquinhos, movem-se por interesses pessoais o que é conduzido pela sua medíocre capacidade de valores e intelectual. Passamos em 50 anos, desde os anos sessenta, de sistemas raquíticos de saúde, educação, financeiro entre outros para sistemas comparativamente melhores. Pelo meio houve uma revolução, houve convulsão ao nível internacional com os choques petrolíferos, com a capacidade de entrar para o sistema económico e de solidariedade que é a União Europeia. As pessoas passaram de ter pouco dinheiro, pouco que comer, ordenados certos mas miseráveis, de alunos sem sapatos na escola, com os pais a preferirem a sua mão-de-obra do que a sua instrução, da falta de cuidados de saúde até mesmo no âmago dos centros urbanos. Muita pobreza. Para uma situação em que existe a universalidade de cuidados de saúde, de educação, de justiça, de solidariedade entre outras coisas. Certo é que tudo mede-se em função do que conhecemos lá fora, dos ordenados dinamarqueses, das férias em Itália ou Rep. Dominicana, dos cuidados de saúde ou de respostas sociais ao nível do norte europeu. Sim conhecemos isso, aferirmo-nos por eles, gastamos como eles ou mais e talvez seja aqui, nesta inevitável e herdada internacionalmente comparação ou uma irritável promoção de expectativas que tudo torce ao lado.
O 25 de Abril de ‘74 trouxe isso tudo mas também levou coisas mas muitas daquelas que trouxe foram empenhadas com o mais importante – o desbarate de valores morais e éticos. A democracia é isso mesmo, quando em roda livre, a democracia abraça para si propósitos económicos e financeiros, estatísticos e comparativos que nos levam a deixar para trás valores morais, éticos corroendo a perspectivas das gentes que em uníssono lutaram pela melhoria da sua vida. Falta a coerência, falta a realidade, peca-se pela, crescente e maliciosa distância entre os poderes decisores a todos os nível, até as famosas agências de rating e as pessoas. Não é Portugal que está mal, está consideravelmente melhor, mas com outros políticos, com outros valores internacionais podia estar melhor e não seria a mesma coisa, não senhor. O 25 de Abril de ‘74 estará para sempre presente, cada vez mais fazendo parte do nosso imaginário, mas muito daquilo que os definiu… perdeu-se, está esquecido e só a necessidade o trará de volta.

domingo, abril 25

Um prazer... para breve :)



Ía colocar umas palavras sobre o 25 d'Abril mas... para já, música.

quarta-feira, abril 21

Coisas que não matam mas moem(-nos).


A propósito de temas já ultrapassados… ou não. Curtas.

Um: O governo decidiu atribuir tolerância de ponto aos funcionários públicos. O governo quando decide, decide sempre à bruta e sem orientação para metade do país. É como se um condutor fosse sendo orientado por um GPS mas onde este gozaria com o condutor dizendo as orientações em cima do objectivo ou se fizesse andar o condutor às voltas. Nunca ninguém sabe para onde vão os tiros. Eu trabalho a contrato para o estado e vai-me saber bem, é certo, mas… interrogações? O estado não é laico? O país não corre a passos largos para a bancarrota? Hmmm… O que faz não se ter a maioria… Devia haver limites, assim penso eu e mais meia dúzia... Eu posso trocar esta “borla” pela visita dos metallica? Professam mais os meus gostos e estados de alma. “És func. Público? Sim, eu vou!”
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Dois: Nuvem de cinzas. Como diz num artigo recente Daniel Oliveira – Butterfly effect na sua plenitude. Ficamos tão pequeninos nestes casos e já há quem diga que houve mais perdas nestes dias do que no onze de Setembro. Comparação infeliz, dirão os familiares e diriam as vítimas, apesar das ideias dos burocratas que fazem praia em folhas de cálculo.

Três: E entrou Pedro Passos Coelho… Correndo o risco de comer estas palavras… não será mais do mesmo? Não é ainda com ele que a politica portuguesa irá alterar a sua mediocridade. Profundo lamento. Já agora na prevista revisão constitucional coloquem lá os termos: Democracia, Moral, Ética, Povo, Isenção, Excelência... entre outros.

Quatro: Salários dos administradores públicos ou pseudopúblicos. Haverá nalgum dicionário palavras correctas para, em décimas de segundo, classificar o tamanho disparate destes rendimentos. Gostaria de ver esta rapaziada em empresas sem monopólios ou a criarem a sua própria empresa já que é no seu know-how que o país se deveria alicerçar para nos levarem.. longe! (para o Norte da Europa nestes dias é mais complicado). Queria apenas saudar a ideia de Ricardo Araújo Pereira que eu acho pertinente: anexação dos salários dos trabalhadores, nomeadamente da GAPL ao preço dos combustíveis. Já que o combustível sobre, quer o petróleo suba ou desça, que o dinheiro fique na economia real. Não deixa igualmente de ser apreciável que na primeira e única intervenção do Ministro da Economia sobre os combustíveis estranhando o preço dos mesmos, a GALP reponde baixando miseravelmente, é certo mas baixando, o preço dos combustíveis.

Cinco: O Primeiro-Ministro não voa no mesmo avião que Cavaco Silva, será porque se dão mal? O sapo cocas não viajará com a miss piggy. Andará ele a enganá-la com outra personagem? E Nosso Senhor que tem o poder da ubiquidade, poderemos ir a algum lado sem corrermos o risco de acontecer um acidente e o mundo acabar? Dammit!!

Para ouvir e ouvir e ouvir e ouvir...



Provavelmente uma das melhores músicas deles e, por tabela, que sempre ouvi.

sexta-feira, abril 16

É português e tem pinta!



E em português sabe também muito bem! Para ouvir em jeito "disco riscado".

quarta-feira, abril 14

No sossego...



Existem imensos mitos urbanos que nunca nos deixam indiferentes. Por vezes perseguem-nos. O deste video é e consubstância um deles para mim. Ver Sting descontraído num sofá a tocar em jeito de tertúlia, na pausa do café ou da conversa, por entre refeições, na resposta a um despique ou simplesmente porque sim dá-me um certo gosto no corpo, um calor diferente. Faço-me entender. Conhecidos meus comentam coisas sobre as suas viagens e um deles comentou-me, certa vez, que em Inglaterra, não em qualquer sítio, na cosmopolita Londres se pode entrar num bar e ver algum grande músico a beber algo, descontraído na sua imortalidade aproveitando os nossos prazeres, dos comuns mortais. E que em qualquer altura este pode subir ao palco e cantar à capela ou, como aqui o Sting, com acompanhamento, subir ao cimo de um momento único e deixar todos os presentes entregues a constância da própria respiração e à providência da sua arte. Ver se uma dia destes encontro um deste momentos e se ele me leva a dar uma volta.

terça-feira, abril 13

O (em) mau Estado.



Durante estes dias de pausa aproveitei para ir espairecer, em jeito de escapadinha, para os lados de Sintra. Uma zona que se assemelha a um museu ao ar livre. Estradas em jeito de livro queirosiano, com bermas atapetadas de árvores frondosas, um ar fresco de elixir que preenche os pulmões que temos e quereríamos ter, pormenores por ali, por maiores acolá e poucos olhos ou sentidos para assimilar tamanha beleza que o homem e a natureza nos oferecem com supra displicência. Muito bonito, sem dúvida, uma overdose do sublime. O tempo ali parece parar, se bem que voa e apenas a escuridão forçada nos retorna ao limite do real.
Mas a viagem e a visita mesmo toda a sua oferta estimulante reportaram-me ao país que temos e não ao que queríamos ter, ao Portugal dos “Allgarves”, do olvido, da falta de projecção, de visão, de culto da identidade nos orgulha ou devia orgulhar. Visitei desde Mafra a Sintra quase tudo o que existe num guia “camone” ou “chininho” para flashar e não se entende como, por exemplo, o Palácio da Pena não merece um reparo digno da sua importância. O estado Português não trata bem o presente, não prepara o futuro mas sempre pensei, até pela imagem que passamos, pelo imenso gentio que visita os nossos símbolos que esta parte de Portugal ancorada por sinal, ao mais querido litoral, fosse mais acarinhada. Enganei-me. Não vou listar o que vi e desgostei nos monumentos, não porque fui pagante, não por ser Português mas não deixo de assinalar esse decrépito, nalguns casos, estado da nossa herança. Eu bem sei que a esfinge no Egipto não tem nariz e que isso faz parte do seu charme, é sucesso nas fotos mas ao Palácio da Pena sobra o verdete das infiltrações, a pintura desvanecida ou tantas outras coisas. Sublinho o contributo de mecenas ou de privados que tomam para si a posse de alguns dos edifícios, Quinta da Regaleira por exemplo, e que nestes são visíveis a sua contribuição constante.
Um país mede-se pelo grau de cultura do seu povo, disse alguém certo dia. Atrevo-me a dizer que este mede-se pelo grau de cultura do seu povo e do modo como trata o seu tempo passado, presente e futuro. Portugal era o mesmo país sem tratar dos seus monumentos? Claro que não e por isso não deveríamos deixar que tudo acontecesse como muitas outras coisas. É o país que temos mas não tem que ser o país que queremos.

segunda-feira, abril 12

Natalie Merchant sings old poems to life


Ando com bastantes coisas para comentar, escrever, libertar mas.. amoleço de fronte das teclas. Só apetece que o gasóleo não acabe, que a estrada não se esgote numa qualquer curva, que o tempo se suspenda e que o Sol por uma vez, só por uma vez não deixe que a Terra rode na sua rotina mediana de sempre, no seu "fazer como sempre fez". E por vezes também paro a escrita antes de essa se materializar virtualmente porque encontro momentos assim. É uma sugestão, como tudo aqui. Mais um video, mais uma palavras em jeito de ritmo.