Deu-se o arranque do ano político, como se a política fosse algo que pudesse ir de férias, principalmente na época que se vive, e novidades nenhumas. Tudo na mesma, tirando talvez as intervenções da líder social-democrata que demonstrou haver vida na líder do maior partido da oposição. Um ano político que vai ser igual aos anteriores só com a óbvia diferença das três eleições com que o calendário eleitoral nos irá presentear e da bajulação típica desses tempos. O estranho é olhar para eles todos e não ver nada. Nenhuma empatia para com quer que seja e apenas indiferença e vontades inarráveis. Em climas particularmente hostis verificamos que, dos dois partidos alternadeiros do poder, não criam novas ideias, novas maneiras de atacar e, de uma vez por todas, acabar com a mediocridade decisória. Apenas querem... poleiro. Mete pena ver que somos liderados (?) por incompetentes que apenas surgem à superfície por uma questão de retórica, retórica essa que serve os parolos do costume, que votam por votar "por que é o meu partido, sempre votei neles" e que procuram na ternura própria dos tempos que se aproximam, um afago que lhes endireite a vida. Vivemos uma época de perfeita aplicação do conceito de Darwin, the survival of the fittest, mas neste caso um Darwinismo social onde o romantismo social já não tem cabimento numa civilização a prestar as primeiras contas da economia de mercado, esse paradoxo de perpétuo crescimento da riquezas, dos bens, dos meios, da qualidade de vida sem que nenhuma nuvem se intromete-se pelo meio.
Como este é um país analfabeto e individualista, a situação irá continuar até que um novo iluminado, trajado num fato feito cá mas vendido em Itália com correspondente bandeira transalpina, surja com uma nova sacola de disparates de modo a iniciar o seu ciclo, e o dos seus amigos, ao sabor de frases como "não somos dos que desistem". Medíocres eles e os seus amestrados. E os bons? Esses fazem como todos os outros em tempos de ditadura, de dificuldades várias, ganham juízo e fazem-se a caminho de outros lugares por terra, ar ou água. A nossa insignificância e a nossa grandeza começa por aí, por aceitar o desastre que somos cá dentro sob o comando de ineptos e o excelentes que somos lá fora.
O arranque deu-se e prometo-vos que, lá para Fevereiro ou Março, vamos desejar que chumbo nos entre pela cabeça em vez da putativa conversa política do faz de conta. Sempre que desejo uma sociedade justa e honesta só me lembro da frase: quem mata uma pessoa é considerado um assassino, quem mata milhões, é visto como um conquistador.
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