segunda-feira, julho 7

Erosão educacional



Neste período pré-férias tenho tido, durante algumas destas tardes mais sossegadas, um primito meu que, por esta altura, goza as férias tendo como horizonte o segundo ano a partir de Setembro. Pois bem, até aqui tudo normal. Temos jogado futebol, viste BD e outras coisas normais, próprias da idade dele e ainda um pouco da minha, penso eu.
Ele trouxe consigo uns trabalhos, e bem, para as férias e vai daí, sabendo eu disso, disse-lhe para trazer as coisas para ir “matando o borrego” aos poucos durante estas tardes. Sem pressas, sem stress, sem moléstia. De soslaio observei se as coisas permanecem como eu as tenho na minha cabeça, dos tempos em que eu próprio frequentava a 2.ª classe, menos fashion mas de igual valor. Verifiquei que se pinta, se recorta muito mais do que quando eu por lá andava. Parece mais “pintar e recortar” e, pelo meio, aprender umas contas ou umas letras. Soube-me estranho mas… “eles saberão, eu sei mais dos níveis e disciplinas”. No entanto surgiu uma dúvida no trabalho que versava assim: “Quantos alunos tem a turma? Quantos meninos existem? E meninas?” Pois bem a primeira foi feita sem dificuldade, tal como a segunda, mas no momento de responder a terceira, o ritmo alterou-se e ele ficou estático sem saber o que fazer e já a sentir algum nervosismo disparou com 16!? “Mauuuuuuuuu…” Pensei eu. “Desde o início”, disse-lhe e foi com algum custo dele e com alguma confusão minha que a resposta surgiu. Escusado será dizer que, desde esse dia até hoje, tenho feito uma revisão com eles dos conceitos matemáticos mais simples: algarismos, classes de algarismos, contas de somar e subtrair. O emperramento tem sido algum e isso é algo que me tem sabido mal. Que raio andou este miúdo a aprender durante o ano que terminou?
Na semana que passou o Público publicou um artigo extenso de M.ª Filomena Mónica intitulado “Os testes de Português podiam ser substituídos por uns papeluchos como os do Totobola”. Li e concordo com as suas palavras, Surpreendi-me porque, apesar do seu nome não me ser estranho, a curiosidade ainda não tinha sido suficiente para me ter arrastado para saber mais sobre ela. É Socióloga, e disso eu não esperava. Já escrevi aqui algures que a Sociologia terá a sua importância mas eu não a reconheço devido a que: primeiro – aqui para os meus lados, há quem tire sociologia durante o mesmo tempo que eu demoro a vestir uma camisa e com menor dificuldade; segundo: a Ministra da Educação, sendo socióloga, criou-me um desconforto, um bloqueio permanente e de dimensão desmedida em relação a tal disciplina, que apenas reconheço António Barreto como alguém merecer da minha atenção aquando das suas intervenções.
M.ª F. Mónica também o é, é casada com António Barreto (parece novela onde surgem coincidências daquelas que dão cócegas dentro do “miolo”). Adiante… das suas palavras, guardei o seguinte: “Qualquer dia até o meu neto, de seis anos, é capaz de responder satisfatoriamente às provas do final da escolaridade. Uma vez que já sabe escrever o seu nome e que responde prontamente a quem lhe pergunta quanto são dois mais dois, penso que não vale a pena matriculá-lo na 1ª classe, deixando-o no recreio até aos 15 anos, altura em que se poderá apresentar a exame como aluno externo.” Esperemos que não.

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