segunda-feira, junho 2

Política D'Emmental?



Certo dia questionei um muito querido familiar meu sobre a questão da regionalização. Como militante activo do PS sempre pensei obter uma resposta ao nível da minha dúvida. Aproximava-se um referendo que, sabemos, vale o que vale, e dando eu importância a toda q qualquer participação popular, queria optar em consciência. Pois bem qual não foi o meu espanto quando a resposta que obtive foi: 0, zero, nada, nicles. Contrapus dizendo: então mas porque diz que vai votar assim? Resposta: Porque sim porque é assim a concepção do partido.
Bom, escusado será dizer que logo ali a minha ideia de partidos políticos e democracia ruiu, o PS revelou-se um imenso ponto de interrogação, posteriormente repleto de buracos, como um queijo Emmental, e de um desmérito e insipiência continuamente mascarada, dia após dia até hoje. O mesmo se estendeu ao longo dos anos às restantes forças políticas sendo que hoje considero que política é uma disciplina importantíssima mas muito mal tratada por quem a representa. É o que dá o, suposto, profissionalismo e não o vestir de uma camisola. Falo nisto porque?
Manuela Ferreira Leite lá ganhou as “primárias” sociais-democratas portuguesas mas com uma margem bem magrinha. Considero inclusive que se a campanha se alargasse por mais uma ou duas semanas a desfecho seria outro. Peguei no exemplo por mim vivido e liguei-o às eleições laranjas porque Marcelo Rebelo de Sousa notou algo interessante mas completamente (a)normal para quem acompanha estas coisas: Os representantes de concelhia ao decidirem publicamente o seu voto decidiram igualmente o voto da massa que o seu conselho ou região carrega. Não era por acaso que Santana Lopes divagava dizendo não o programa mas contando pelos dedos os apoiantes concelhios que tinha. Ou seja o voto acaba por não ser livre, é condicionado, pelo menos assim o mostra os resultados e a aparente, fraca capacidade decisória do eleitorado laranja que, qual zombies, ovelhas ou pombas amestradas, correm atrás do seu “líder” de proximidade. São curiosas as semelhanças entre este e o processo norte-americano onde valem mais, em última análise os votos de alguns (delegados) do que o de todo o eleitorado.
Curioso é também o seguinte exercício: se houvesse segunda volta, nada descabido a não ser na letra dos estatutos do PSD (Dr.ª Ferreira Leite não obteve maioria), o resultado seria provavelmente outro. O que isto representa? Uma dor de cabeça grande para a vencedora porque não tem consigo uma massa alargada do partido. Depois porque, pelo menos, o edil de Gaia e ex-presidente já prometeu vezes sem conta que se calaria mas a posição que adopta é a contrária, numa atitude muito compreensível mas muito imatura, típica do campo da bola num qualquer pátio de escola. Depois porque pelo dito e devido ao resultado, a sua posição está fragiliza também junto da oposição e “lá vai Manela, lá vai ela, de boca em boca, em magoadela” – o que me custou este verso. A seguir cenas dos próximos capítulos.

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