Já viveram certamente aquela situação de estarem confortavelmente deitados, refastelados no quente ou no fresco dos lençóis, consoante a época do ano, a mergulhar, querendo, sem apelo nem agravo no silêncio e no escuro da noite numa tentativa de “fazer a cama”, à primeira, ao estado de vigília quando, de repente, se houve… os ponteiros do relógio. Lá longe, no extremo do quarto, para chatear ainda mais, surge em crescente gritaria o martelar dos insípidos ponteiros. “Mas nem lhe mudei as pilhas? Será o seu grito do Ipiranga?” Conjecturam-se tácticas evasivas que minimizem o som, o movimento e maximizem o sono. Puro engano, a realidade é outra. Vais-te mexer para um lado e para o outro, serves-te da almofada, lençóis, do cabelo, das mãos mas nada acalma o desconforto que já não se sabe se vem do extremo do quarto, se ganhou raízes dentro da cabeça. Muda-se de táctica, abraça-se a ofensiva. Voa a almofada, uma t-shirt e o que houver à mão. Acena-se a cor branca e, contra vontade, “cai-se” da cama chega-se ao sujeito e… coloca-se no raio da gaveta. Pensamos: “amanhã não me posso esquecer de fazer disto”. Voltamos para a cama e… uma noite a olhar em vão.
Não, não deixei de dormir na última noite devido ao relógio.Durante a vigilância de um exame tem-se tempo para tudo, não se podendo fazer nada a não ser algumas funções vitais e espantar a trapaça. É então que o nosso maior inimigo se apresenta com um mero, incessante e agitado “risco” de metal vestido numa couraça vidrada que, como qualquer inimigo, acaba por estar sempre mais perto do que pensamos. Foram 14h58, o soalho estalava do calor, a atmosfera foi ficando mais pesada, os vidros escorriam o calor como água, a colega rezava descontrolada mas discretamente pela filha em exame em parte incerta, para mim é claro. Eu cá lutava com o raio do ponteiro que não parava quieto ou, em alternativa, acelerava o passo, sempre pensando mentalmente e em desatino seguro com os alunos: “O sacana do tempo que não anda”. E ainda esta foi a primeira…
Não, não deixei de dormir na última noite devido ao relógio.Durante a vigilância de um exame tem-se tempo para tudo, não se podendo fazer nada a não ser algumas funções vitais e espantar a trapaça. É então que o nosso maior inimigo se apresenta com um mero, incessante e agitado “risco” de metal vestido numa couraça vidrada que, como qualquer inimigo, acaba por estar sempre mais perto do que pensamos. Foram 14h58, o soalho estalava do calor, a atmosfera foi ficando mais pesada, os vidros escorriam o calor como água, a colega rezava descontrolada mas discretamente pela filha em exame em parte incerta, para mim é claro. Eu cá lutava com o raio do ponteiro que não parava quieto ou, em alternativa, acelerava o passo, sempre pensando mentalmente e em desatino seguro com os alunos: “O sacana do tempo que não anda”. E ainda esta foi a primeira…
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