terça-feira, abril 22

Extremos



Onde reside o problema das reformas milionárias? Historicamente, Portugal viveu tempos de extremismo, entenda-se em matéria de benefícios, e de austerismo evidente. Este tipo de alternância apenas se manifesta nos altos cargos, desde a monarquia até aos dias de hoje com os governantes do pós 25 de Abril. Foi assim, é assim e parece que sempre será assim. E é aqui que provavelmente reside a semente de antipatia que o resto da população sente por estes príncipes investidos por poderes dourados - poderes legislativo. Não será novidade que os políticos, como outras pessoas quaisquer, se tenham servido do seu poder legislativo para redigirem leis de modo a proteger e melhorar uma existência que, anos antes, foi penosa. No tempo do Estado Novo a ideia de austeridade foi uma ideia bastante enraizada a começar pelo próprio Salazar.
Salazar fazia questão disso porque, provavelmente, a sua educação, o “seu país” e a coerência lhe pedia isso e então, o seu jeito e o do povo, levou a essa ideia se institui-se como destino. Pois bem, isso foi levado ao extremo e com a revolta que, em breves dias comemoraremos pela 34.ª ocasião, estalou na rua e as promessas de melhoria foram feitas, o caminho utópico, vê-se hoje, foi abraçado por todos mas apenas vivido por alguns. As asneiras foram feitas e inclusive alguns crimes foram cometidos nesse voragem revolucionária. O povo tinha a necessidade de sair duma miséria intemporal mas apenas um grupo de privilegiados acabou por concretizar esse ensejo a poder de punho e redacção. O resto é história e presente amargos, são défices, excessos de gastos e de infracções à coisa pública que apenas têm desfecho na contínua desregulação contributiva, promessas infundadas sem critério e sentido e uma falta de moral e ética a todos os níveis deplorável.
Hoje, pela enésima vez, é feita notícia das reformas douradas que são foram concedidas a indivíduos de, muitas vezes, duvidosa valia e que se serviram do estado para terem e serem aquilo que aparentam ser, não sendo. Não quero com isto fazer passar a ideia que o mal está nos vencimentos ou nas reformas elevadas. Não penso assim mas acho algo vergonhoso e profundamente injusto, por muita valia que um indivíduo tenha, que haja imensas reformas de quatro mil euros e mais e que exista um salário mínimo que ande na ordem de uma décima parte desse valor ou que existam reformas que não ultrapassam o salário mínimo.
Acho isso indigno, pouco isento, sem moral ou ética, com laivos de burla descarada feita às claras em relação à população portuguesa. Não sou daqueles que considera que o ordenado de um Director-Geral dos Impostos deva ser baixo, muito pelo contrário. O que eu acho indecente é o salário mínimo e os salários auferidos pelo grosso da população quer ela tenha, ou não, formação superior ou de outro tipo. Encontro e convivo com casos desses todos os dias. O problema das altas remunerações não é que existam, é que sejam desproporcionadas e que, vezes sem conta, resultem vezes demais da passagem por cargos políticos. Estatisticamente as pensões superiores a quatro mil euros atingiram em 2007 1% do valor atribuídos pela CGA o que perfaz cerca de quatro mil reformados dourados. Não é muito? Quase vinte e um milhões de euros anuais e com uma tendência muito visível para subirem.
Acabo com a sabedoria popular: “A necessidade faz a lei

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