quinta-feira, dezembro 20

Escolhas


Investigadores do ISCTE concluíram, após uma visita a cinco estabelecimentos do ensino público lisboeta, que as mesmas escolas são parciais na escolha dos alunos, dando preferências aos de melhores alunos e até à origem social. Não sendo esta uma realidade surpreendente para mim, só me resta uma dúvida: A culpa será só das escolas? Não estarão as escolas a seguir o principio da sobrevivência?
Uma mudança legislativa, já com este Governo permitiu aos pais poderem escolher o local onde querem que os seus filhos estudem. Assim sendo parece-me que os primeiros que potenciam as desigualdades são o Governo e a os Encarregados de Educação. O Governo com a medida legislativa, os pais porque, e é normal e compreensível que o façam, querem que os seus filhos estudem nas suas escolas de preferências, seja ela qual for…
O estudo dá a ideia de que as escolhas são feitas exclusivamente pelas escolas o que não corresponderá completamente à verdade. Vivemos numa sociedade muitas vezes hipócrita e o ponto de vista mais aceitável é sempre aquele que favorece a maioria ou os que têm mais poder. Nos dias que correm torna-se evidente que as escolas, as que têm essa possibilidade, se regem pelas seguintes ideias: Ter os alunos com melhores resultados, com melhor condição social, menos problemáticos, que não defraude as expectativas de alunos e pais no que concerne à avaliação. Esta última é perniciosa e é a base de alguns, senão todos, os colégios privados e de alguns públicos.
Existe uma cultura que se está a estabelecer de forma sub-reptícia de que não vale a pena a chatice de explicar, fundamentar, justificar e supra-justificar situações que são demasiado evidentes. Como refiro muitas vezes em conversas, o ónus da prova virou-se completamente e, neste momento é quase um crime chumbar alguém. A par disso os encarregados de educação (não todos mas…) ou não aparecem na escola ou apenas surgem com ideias conflituosas e desfasadas da realidade. De encarregados de educação passam a encarregados de alimentação já que apenas servem para alimentar (as barrigas dos meninos, as chatices aos professores). A escola deveria ser inclusiva mas numa sociedade cada vez exclusiva, numa sociedade cada vez mais desresponsável à milagres que são difíceis de manter. Por isso os estudos agradecem-se mas apenas quando descrever a realidade sem subterfúgios e não uma realidade particular ou orientada. Deixo o link da notícia.



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