Algures "nos dias da minha vida" ouvi dizer que a arte é a medida do nível cultural de um povo. É algo que me faz completo sentido apesar da minha fraquinha assiduidade a eventos como teatro ou a museus, apesar de gostar bastante desses dois exemplos. Nessa perspectiva não deixa de ser algo estranho e talvez um case study que os museus tenham uma fraca afluência de norte a sul de Portugal mas, no entanto, a colecção Berardo patente no CCB seja um fenómeno de assistência. Desde o dia que foi inaugurada e aberta ao público a referida colecção "coleccionou" para cima de 600 000 visitantes - é obra! Visto que Portugal muitas vezes se resume à frase "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem", isso hoje não deixa de fazer perfeito sentido. As gentes provincianas parecem ter outros propósitos na vida os quais não passam por visitas a museus. Mas a divagação, em mim, persiste.
A maior parte dos moradores de Lisboa não é alfacinha e pela vida que os mesmo levam sempre presos nalguma coisa - metro, trabalho, trânsito, nos bloqueadores da EMEL, autocarros, filas, cacilheiros, senhas de espera - a sua ida a estes sítios (sendo a oferta diversificada) resume-se aos fins de semana sempre em permanente, própria ou com os petizes, disputa com as grandes superfícies comerciais e, por esta altura, a praia. Assim sendo a maior parte dos visitantes será de fora de Lisboa o que me leva à seguinte questão: "Que terá a colecção Berardo (para além do nosso futuro dinheirinho dos impostos) que não têm os outros museus por este país fora?" Só me ocorre uma, para além da evidente. Não desfazendo dos museus espalhados pelo país, colecção Berardo tem muito valor sendo uma das melhores do género mas nada como uma promoção feita a preceito por um cowboy luso-americano caído do céu, desbocado, armado de dinheiro e com uma compulsiva necessidade de aparecer na TV a rezingar opiniões em todas as direcções.
Sim não nutro grande empatia pela personagem e acredito que o futuro não irá melhorar a mesma. No entanto há que reconhecer que a atitude do mesmo fez com que as pessoas fossem de modo torrencial ao (...elefante branco que é o...) CCB. Por outro lado a conta dos quadros lá está, estará e, no dia que a mesma tenha que ser saldada consoante a negociata deste governo, muita gente que o venerou dirá, parafraseando o mesmo - Joe Berardo? "Fuck him!"
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