domingo, julho 15

Greve até nas urnas


Bom as palavras que agora escrevo não variariam muito se a vontade tivesse sido plantada no meu espírito mais cedo. Abstenção à volta de 60%. Palavras para quê. Os lisboetas preferem olhar para o lado, para o areal repleto de gente, com o sol a sussurar de fininho na moleirinha, com as geleiras compostas e o mar no movimento amor-ódio de vai vem, do que se prestarem ao lodaçal político. E, como no caso do zequinha, não se se ria se chore. Os lisboetas e em geral os portugueses preferem alhear-se da responsabilidade sabendo que qualquer que seja a personagem eleita como principal, o filme será sempre o mesmo. Compadrios, falta às promessas, governação sobre e baseadas em cartilhas partidárias, negociatas com terrenos e pdm's e coisas dessas. E enquanto isso, durante as campanhas, a malta come, bebe, dança à pala dos "pedintes políticos" porque já sabe que para além disso e do autocolante e bandeirinha da ordem pouco ou nada mais vai lucrar com tamanha gente. Por isso e fazendo eco de um livro dum Nobel português, faz-se greve por tanta coisa porque não se faz greve às urnas? Gostava de ver alguém apoiar a abstenção. Gostava que os meus olhinhos vissem uma dia votação zero. Gostava de saber o que se faria, o que será que diz a constituição para estes casos? Fariam-se sacrifícios humanos nos candidatos? É que sacrificados já andam os portugueses aos anos.
E ficam as seguintes informações por esta altura: Ganha António Costa seguido por Carmona, Negrão, Roseta, Rúben e Fernandes. Os resultados espelham algumas coisas: António Costa ganha sem maioria o que pode ser um sinal de castigo ao Governo, mas sendo que ganha o castigo parece mais uma carícia; Carmona em segundo: Depois de tanta controversia o "candidato padecente" sai de cabeça no alto, principalmente em relação do PSD, ao contrário dos votantes se as negociatas causadoras das intercalares se provarem em tribunal; Negrão em terceiro: Porrada no PSD no seu lider e na sua intervenção em Lisboa com o anterior candidato e no seu lider; Roseta: Entrou, fez e faz sua bandeira o pelouro da habitação, a ver vamos se agora o poder dos "ajuntamentos" não a dilui. Os restantes a conversa é a de sempre (da treta) resta uma palavra para o CDS que nem a poder de Portas se safa e o caminho é ir indo pela dos fundos... Cúmulo: os representantes de PS e PSD nem votaram porque não são moradores em Lisboa! Sou eu ou isto parece anedota? E já agora, hoje nas televisões não vai haver mais nada... Irra Portugal é mesmo Lisboa! E eu que moro na paisagem...


PS: O politólogo (realmente na escola não me explicaram que havia destes tachinhos) residente, nestas andanças, da RTP disse que a abstenção é "técnica", isto é, nunca será zero porque entretanto pessoas morreram e tal. Mas que raio de conversa é esta? Da treta? O problema não é que ela seja zero, o problema é que seja 60%! É pá façam lá um desenho ao homem!

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