No outro dia discutia-se que a comunicação social como está, e aqui falava-se em jornais mas já vi esta preocupação espalhar-se a rádios, à televisão com a propalada privatização da rtp, que esta não teria muito tempo de vida. Ora nem é importante ou digno discutir a relevância que a comunicação social tem, ou deveria ter. É um poder não comparável com outros mas é-o e como tal é um recurso necessário à saciedade às sociedades. Em Portugal, mas sejamos realmente honestos, em todos os países desenvolvidos, os meios tradicionais, dependentes de patrocínios e publicidades, acabam por ter que dormir com deus e o diabo, entenda-se, por necessidades de subsistência, tão depressa precisam dos favores de beltrano ou de cicrano e quando surge a oportunidade de um wattergate ou pura e simplesmente chega a hora de fazer o trabalho e relatar as notícias, os favores que se devem são tantos, os rabos estão tão presos que a margem para fazer o verdadeiro jornalismo mirra ou morre... não sei, não me decidi, é apenas uma questão de vogal, escolham.
Ora, e pegando apenas no caso Português, não digo que não existem meios em excesso. Só no meu link de publicações que consulto diariamente para ver as capas existem...vou contar... 25 jornais (nem todos diários é certo), 16 revistas das mesas das sala de espera (cabeleireiros, dentistas, salões de estética...), 14 revistas de outro teor, mais sério, e ainda... uma miríade tal de papel colorido que não me apetece contar. O link fica aqui, enjoy. A questão é, tal como noutros casos, a quantidade parece atropelar a qualidade. Muitas destas publicações, seria giro estudar isto, pertencem a apenas 5 ou 6 grandes grupos, alvitro eu. Não serão muitos mais se não é que sejam menos. Assim perdem-se pontos de vista, necessidade de investigar porque é essa a faceta que eu reconheço no jornalismo. Aquele modo de estar homnipresente que ao mínimo descuido, zás larga tudo às claras. Género aquele abutre que diz: "deixa-os poisar..." Ora se tudo se encontra concentrado... a concentração afecta a qualidade, "os sabores" e começa tudo a saber igual. A grelha do jornal do almoço da rtp era (e digo era porque graças ao negócio corrupto da TDT me encontro sem tv desde Abril de 2012) cópia sem tirar nem pôr do Correio da Manhã desse dia. Ora, convenhamos...
Dizem que o advento da internet veio dar cabo de tudo. Claro que sim. Foi bom? Obviamente, agora foi mau para o jornalismo. Recordo-me que, em catraio por vezes, o meu pai me interrompia a meio, a jogatana de final de tarde de futebol, para ir comprar-lhe a Capital - jornal que hoje só existe no recondito álbum daqueles que o viram e que chegava à Covilhã para lá das 7 da tarde. Era assim antigamente, sem os notíciários permanentes a verborrearem as mesmas nóticias a cada bloco de vinte ou trinta minutos, com cada cidadão a ser um repórter on scene. Tudo isso não pode ser mau. Basta ver que, e ouvi esta o outro dia, antes de que os EUA tenham anunciado a morte de Bin Laden, já andava na net o relato de que militares americanos estavam a atacar tal sítio, de tal modo etc etc...
Foi uma mudança abissal mas existe a necessidade de ver uma coisa e é aqui que creio que seja o furo para que parte, e não todos, dos meios se mantenham e não redundem como a Newsweek ou o El País ou o nosso Público que ou vão fazer despedimentos massivos ou vão dedicar-se em exclusivo a versões online. Com a net ao máximo de minha utilização, nunca comprei tantos livros como hoje. Cada oferta tem o seu valor intrínseco. A net não substitui, pelo menos na totalidade, tudo o restp. O jornalismo tem é que se virar para o seu core business (esta aprendi num curso de empreendedorismo). Ou seja, hoje qualquer pessoa pode ser repórter? Verdade mas ninguém, ou pelo menos isso não é plausível, vai deixar o seu trabalho para andar a investigar, mas à séria, casos de corrupção que realmente vendem jornais. Essas história depois passam para a net, óbivo, mas se o furo vier sempre no diário de amanhã, se a fonte fresca vier a cheirar a tinta recém impresa... eles voltam a vender, cria-se o hábito e o monge está feito. E basta ver que nunca existiu época em que a corrupção fosse aquela que é hoje. Ela anda aí, é preciso é afiar-lhe os dentes e deitar isso cá para fora com seriedade, profissionalismo e imparcialidade os quais creio serem os valores desta venerável, como outras, profissões. Parece-me que parte da resolução, está por aí.
Para avivar memórias recomendo filmes como "All the president's men" ou o mais recente "State of play". Por aqui, irei continuar a querer ler alguns artigos de opinião, a querer passar os olhos por publicações especializadas e tenho a esperança que existirá uma época em que eu volte realmente a ganhar algum dinheiro para me dar ao luxo de voltar a assinar a National Geographic, a Courrier e a comprar dia sim, dia não um "Público" ou um "Dn". Espero que qualquer dia Gutenberg será recordado apenas por... ser uma marca de cerveja fajuta.
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