quinta-feira, novembro 8

Reconhecimento, justo



...de todas as notícias que a tdt me rouba diariamente mas que o rádio ou a internet me oferecem, guardei duas para aqui que acho que são dignas deste reconhecimento, se é que o reconhecimento neste singelo espaço pode concorrer a qualquer linha digna de uma espécie de cv electrónico.
Foi apresentado o filme relativo à vida de Aristides de Sousa Mendes onde se dá o devido destaque parece a um Português meio esquecido na poeira de uma história, ainda a esfriar, tal a distância que lhe damos. Estudamos as histórias antigas, medievais e as mais recentes de outros países mas a nossa mais recente, de há cem anos a esta parte, parece de certo modo tabu - guerra colonial, o estado novo e a sua posição na segunda guerra mundial por exemplo. Fica a ideia que estamos a deixar morrer as memórias para que se possam escrever, sem contradições das memórias que as viveram, as memórias de um tempo que não foi agradável e nos deixa, provavelmente, tantos motivos de orgulho como as gestas de Vasco da Gama ou Cabral. Preferimos pois actos de conquista e de heroísmo desmedido, algumas vezes inflacionados como para mim é a história sobre a espada de Dom Afonso Henriques.. treze quilos para um homem que, segundo os canônes da época seria de mediana estatuta, mas que hoje só não passaria desconhecido pelos seus trajares, modos e tamanho...e brutidade que era normal à data.
Aristides de Sousa Mendes, cuja história e fibra moral conheço de há uma dezenas de anos para cá, deveria ser uma personalidade amplamente reconhecida e os seus actos deveriam ser, sem dúvida alguma, mais merecedores de uma fundação do que os de Mário Soares e outros que tais. No entanto, como país onde, grosso modo, apenas os malandros sobem na hierarquia social, o papel e a importância destas personalidades desbota como a tinta de um quadro que, ainda que valioso, não se presta ou lhe prestam os devidos cuidados. É pena. Talvez este filme desperte qualquer coisa sobre este assunto e até ao modo como encaramos a nossa própria história, a mais recente, porque a outra já nos enche que chegue o peito.
A segunda prende-se com os Skunk Anansie que vêm a Portugal dar um par de concertos. Numas palavras a vocalista disse que vinham cá porque a malta também precisa de animação e mesmo sabendo que existem bandas a cancelar a passagem por cá, ela afirmou que têm que vir dar uma força ao burgo. Não sei se isto é marketing mas e ainda que seja, não deixou de dizer algumas verdades. Vai daí, deixem-nos tocar. Ponham é os bilhetes maneiros...

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