quarta-feira, outubro 24

Como não bebo leitinho antes de adormecer...



Servia o blogue para libertar o rio de "cousas" que não tinham serventia no meu espírito. Normalmente dislates e "distrates" destas ou daquelas modas no acto politiqueiro mas até isso já não me sara como antes. Sinais dos tempos. Talvez o Gaspar me tenha cravado imposto à maledicência. Não me vou romper se elas não sairem, acho :) mas hoje deu-me para fazer aqui o que às vezes faço ali, ao lado. E aqui à capela, sempre à capela que é mais genuíno, um unir de letras que podem dar em nada ou em algo para quem lê. É como as músicas. Para mim dá sempre. Escrever é isso, é dar algo de dentro que os olhos não vêm mas que, ainda não sabendo, querem ver só que não sabem que existem nem sabem como. É desassossegar o espírito, pelos olhos com os escritos que saem, sabe-se-lá de onde. É como a teoria do Big Bang... "uma singularidade no espaço-tempo, com energia e densidade infinita...". Pois, é isso.


Espera e desespera o tempo, em nós.
Cheio de cálos e de abrasões, irrita-se.
Mexe-se e remexe-se no espaço, que é o seu poiso,
mas o movimento não o acalma. A cama? A calma? Sem calma! Calma rapaz...
que o tempo, o teu tempo, tem o tempo que o tempo quiser porque ele é o tempo todo, não parte, ou quiçá as partes que somadas unem o tempo nele todo. E tu estás nele.
Espera e desespera o tempo, em nós e à nossa volta.
Cheio de comichões e de nervosismo.
"Quererá sua excelência ficar quieto!?", penso.
Não responde do alto ou da sua profunda rudeza, conforme a disposição.
Dispõe mal, na certa, tal impaciência.
"Esteja quieto", ataca o subconsciente não consciente de que o tempo é isso mesmo, sítio nenhum, lugar de somenos ou no entretanto cola que une, como caminho que leva de volta a casa, como onda que enrola o mar demasiadas vezes na paciente areia da praia, como oxigénio que teima em entrar, aqui se transveste e que muda de roupa no arvoredo mais próximo.
Também o tempo enrola, se transveste, em desespero, cheio de cálos, em feridas abertas e outras fechadas. O tempo é isso, é o acaso dele mesmo em nós, para bem ou mal.
Não somos o tempo. Somos parte dele e de todos nós juntos ele se faz, assim... género infinito. 

Vou dormir.

Sem comentários: