sábado, setembro 15

A questão do "votar de cruz"


Começo a pensar nesta questão seriamente... E se eu me interrogo o que pensarão aqueles que fazem do pensar nestes assuntos profissão? 
Houve uma afirmação de Marcelo Rebelo de Sousa no passado domingo que me deixou..nem sei bem como dizer. O homem a mim não me desilude porque não me deixo iludir. Ouço-o com atenção mas sempre com o indispensável sentido crítico. No passado domingo afirmou que nas eleições ele vota de cruz no psd. Eu percebi o que ele quis dizer até porque o que disse é literalmente o que acontece - vota no psd no matter what. Isso já seria triste se fosse a minha avó a fazê-lo, que votava sempre no senhor Silva. Mas a minha avó mal soube ler, digo soube porque já não sabe. Teve uma leitura "à girassol", isto é, enquanto me patrocinei paciência e vontade a minha avó arranhou silabas que começavam a trilhar o caminho das palavras mas depois o "sol" deixou de aparecer e o girassol esmoreceu. Compreendo ou melhor, aceito que a minha avó votasse no senhor Silva tal como aceitaria se fosse o senhor Soares ou o senhor Cunhal. 
Já alguém que é professor catedrático, que internacionaliza o seu saber pelos PALOP, que expõe publicamente as suas opiniões ou leituras, que é ouvido porque se lhe é reconhecido algum mérito, eu esperaria mais, muito mais. Não consigo aqui inventar uma metáfora mas esta espécie de dizerem "salta" e não perguntar o "porquê" ou sequer a altura do salto, não me parece próprio de alguém de tão reconhecido mérito mas sim de exactamente o oposto. É alguém que não usa aquilo que carrega e que ouve, lê ou vê e basicamente vai com o rebanho, vai para onde o cão do pastor manda.
Dito isto, será que eu tirei um pouco para dizer mal do homem? Não só :) Abri há pouco a página online do expresso e dei com uma sondagem que diz que o ps se encontra por sete décimos à frente do psd numa sondagem realizada durante os últimos dias, seguramente depois das comunicações ao país. Ora estou-me a queixar de um quando parece que, tal como Marcelo R. de Sousa, o país também parece votar de cruz. Cá para mim não é de cruz mas sim de cú. Não entendo, juro que não. E depois só me vêm à cabeça afirmações e acções facistas ou totalitárias ao tutano o qual creio guarda parte de alguém que está longe desse modo de estar. Das duas uma, ou o povo é estúpido ou estas sondagens provam mais uma vez que quando são pedidas serão qualquer coisa como aquele anúncio de emprego que já tinha a Vera Santos à espera. Either way é estupidez a mais para caber em trinta e oito anos de uma espécie de democracia que vive entre a euforia e a depressão - euforia descabida e desorganizada durante uma década após a qual emerge a típica depressão normalmente condimentada com a troika de especiarias que causam tanta indigestão. 
Não votem de cruz. Eu acredito que os partidos típicos alternam no putedo do poder uma vez que cada vez se elegem os candidatos com menos votantes verificando-se sempre uma elevada abstenção. Como os boys são alguns, eles no dia levantam-se da cama, votam e vão rezar para que os outros não o façam. E eu a falar de votos a quatro anos de eleições parlamentares... deve ser do sono.    

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