segunda-feira, maio 7

Europa crua mas não nua


E chegaram as eleições à Europa. Não tinha já acontecido? Sim em Portugal e Espanha mas as Francesas e as Gregas pode oferecer a gota que vai fazer transbordar o copo europeu. Portugal e Espanha também poderiam atingir esse ponto de não retorno mas eles são "meninos bem comportados" do caminho para o fim da linha. Por motivos diferentes estas eleições que ontem ocorreram podem ser determinantes para o futuro do jogo. 
No caso da França, o seu enorme peso a todos os níveis na plataforma europeia faz uma espécie de sondagem maciça do estado de espírito de um considerável eleitorado europeu e... ganhou Hollande. Que quererá dizer isto? Bem ao nível dos votantes a ideia é clara: chega de austeridades, mude-se o rumo das decisões e quebre-se, delicadamente que não se chega a vias de facto com as senhoras e nem a massa europeia quer voltar aos tempos prévios ao 7 de Maio de 1945 (curiosamente faz hoje 67 anos), a aliança entre a França e a Alemanha que indicava, pior que um cego, que o caminho para a saída da crise era directamente pelo meio do marasmo económico e social. 
Subsistirá, mais do lado de fora do país do que no íntimo dos votantes gauleses, a dúvida até prova de contrário de se o Sr. Hollande e a sua palavra são fidedignos e cumpridores ou se por outro lado este é um outro "aparelho revolucionário de fitness" que promete, como os outros, aos que carecem de magreza e vontade a panaceia para alcançar o desiderato do corpinho danone no puro refastelamento do mais fofo sofá. Para já não falar que o Homem que ganhou as eleições e tem nome de país, obteve a vitória com uma margem quase digna de fotofinish... E Sarkozy, advogado de formação, que irá estudar? Filosofia na Católica ou Antropologia em Coimbra? 
Para mim o pior estará na Grécia. Assim, de um modo muito singelo, ganharam os extremos o que prova de modo irrefutável que os extremos podem tocar-se, mas sem carícias... Algo me diz que desse perigo, e só desse, estamos a salvo porque duvido que haja algum ponto de consenso entre a extrema direita e a extrema esquerda susceptível de criar uma base de governo sólida que dure... 30 segundos antes da sala arrepiar caminho numa batalha ao mais finíssimo gosto asiático, os mestres da tareia política. Um caldo de tamanha confusão em que não consigo encontrar paralelo histórico ou literário que não seja a antiquíssima tragédia grega. Os gregos podem falhar em muita coisa mas não falham nos iogurtes e nas tragédias. São sempre de arrasar. Já há quem diga que a próxima novela da TVI vai ter direcção grega... 
Se os Gregos rasgarem o acordo com a troika os tempos prometem ser: muito duros para os gregos, duros para a europa, muito duros para Portugal (ficamos nós no olho do furaquinho...) que já não lhe bastava aguentar o fado nacional ao mesmo tempo que controla, pelo canto do olho, o jeito desequilibrado do flamenco espanhol ao que agora parece irá juntar-se o drama grego. A europa como um todo terá que, pela primeira vez, tomar as rédeas do seu destino desde o início da crise ou então caminhará sem margem para dúvidas para uma comoção económica (só?...) que não terá precedentes a não ser aqueles que a história relata do pós-guerra. E já nem nos prazeres mais queridos se pode confiar tal é o desgoverno que graça por essas terras. Até a playboy nacional se está a agovernar, isto é, promete e não cumpre. A belíssima publicação de elevado teor gráfico-oratório-novidoso-jornalistico estava afastada das bancas e heis que o mês de Maio trouxe a perspectiva de uma lavagem ocular à moda antiga que prometida ruborizar os corações mais empedernidos para a maior graça da Terra: as nuances dos corpos femininos. Mas heis que, tal qual um político, a publicação que promete nudez daquela nudez desnudada e rói a corda, não a lingerie, e dá às gentes um balde de água fria ao sabor do catálogo da Triumph. Não se brinca assim com as pessoas fragilizadas e convém lembrar que se ergueram revoluções por menos! Já nem na nudez há transparência.

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