segunda-feira, dezembro 19

Primeiro-ministro = défice cognitivo certificado



Eu já vezes sem conta pensei para mim: não oiças o fórum da TSF ou não vejas notícias ou nem ligues aos empresários pequenos e graúdos que comentam a coisa pública ou não ligues aos políticos que eles são lixo.
Bem, não consigo. Qualquer que seja o lado para o qual me viro dou de fronte com aquelas pensamentos e sou sincero ando meio farto desta merda a um ponto que qualquer dia racho a tromba a alguém que me venha com essa conversa, de preferência o primeiro-ministro numa visita cá à escola – está convidado. Ando mesmo mas mesmo farto. Ando farto dos governantes que roubam a torto e a direito, dos empresários que roubam nem que seja porque não existe um único desses filhos da puta que paga os impostos na totalidade como eu, nem um. E depois tenho que andar na rua a ouvir esta corja de camelos e bestas. Oh Manuel Acácio, que tens de doutor ou menos do que eu, pelo saúde dos teus filhos ou da tua mãezinha faz algum tipo de moderação se faz favor ou veste mais a pele do diabo quando alguma dessas aves raras me entra pela rádio com o teu patrocínio e me fura os tímpanos com tamanhos dislates. Eu gosto muito da TSF mas acho que, a bem da minha saúde, vou fazer-lhe o mesmo que fiz à quadratura do círculo, aos prós e contras e semelhantes fóruns – vou desistir deles.
O primeiro-ministro, que eu poderia classificar aqui com os maiores impropérios imaginados ou não dignos de prisão certa, disse que os professores deviam ir embora, emigrar. Provavelmente amanhã serão os enfermeiros e depois os médicos. Esta afirmação teria muito que comentar e pelo que oiço na TSF tudo o que é comentador de ocasião acha que sim, que a malta deve sair. “E a família!? Eh pá fica cá ou divorcia-te ou põe tudo à venda!” Eu só questiono, pelo menos, uma coisa: este país não investiu na minha formação? Não gastou dinheiro comigo? Para quê? Para eu ir para fora criar riqueza com a minha formação – partindo do princípio que eu pegaria numa mochila, entraria num país qualquer e logo me abraçariam dizendo: “até que enfim! Estávamos nós aqui meio burros mas tudo isso vai mudar porque tu chegaste!” Nem nos PALOP’s isso se verificaria quanto mais noutro qualquer país, digamos, da UE. Desde quando é que um país tem problemas com o excesso de formação de um ramo social!? Um país tem problemas é com a falta de formação das suas gentes e não o contrário. Por isso existem universidades e cursos especializados e variados. A formação superior, de rigor, será sempre bem-vinda e nunca poderá ser demais. Haverá mais formandos do que a capacidade de absorção dos mesmos? Então atalhe-se esse problema orientando as pessoas para outro tipo de formação mais necessárias. Alguém já pensou como é que um aluno escolhe um curso superior?
Pois claro é pelo gosto na suposta área. Mas será que a sociedade está disponível para absorver essa formação? Pois ninguém sabe. Se uma sociedade estivesse bem organizada seria fácil que a medio-prazo se soubesse que daqui a sete ou dez anos irá ser necessário formandos nas áreas de “x” ou “y” evitando formações em vazio. Sim porque os alunos apesar de hoje escolherem com base nos seus gostos pessoais também são suficientemente adultos para perceberem que não adianta plantar em terras inférteis.
Nós não temos um governo, temos uma espécie de camelos que se juntam para beber água. Se houvesse mesmo algum tipo de governo, nomeadamente ministros da economia, emprego e do ensino superior, dir-se-ia assim: muito bem, temos “não sei quantas” mil pessoas sem emprego mas com formação superior. Isso é bom? É, é melhor ter alguém formado do que não do mesmo modo que é melhor ter um carro do que uma moto – dá mais hipóteses de aproveitamento. Como será possível reaproveitá-las? Reformatá-las? Isto é, se tivermos alguém que seja professor por exemplo de matemática ou de física e química, de que modo ela poderá ser útil seja para o sector privado ou público? A sua formação é válida, muito válida mas só os mentecaptos vêem nisso um enorme óbice. É estúpido, é uma burrice de tal modo enorme que ainda está para nascer uma classe social mais estúpida, mais rasteira do que a dos políticos.
Eu sou professor por gosto, ainda, mas se soubesse que a minha contribuição não seria bem-vinda nesta área mudaria de trabalho mesmo que fosse preciso reciclar as minhas valências. Aliás já o tentei fazer mas esbarro sempre no classificativo de que “é professor”. Não interessa o que sei de matemática ou física, estou rotulado pelas mesmas empresas ou organismos que me dizem que há professores a mais. Senão permitem que me reciclem como raios eu poderei deixar de ser um estorvo?
Mas haja sorte porque ainda não foi desta que, parafraseando as bestas que continuo a ouvir na TSF que pedem para que as pessoas saiam da zona de conforto, que ainda não nos disseram: “eh pá, vejam lá se falecem! É que não estão a dar jeito nenhum aqui agora, a ocupar espaço a imitar a malta a respirar. Se puderem vir daqui a dez anos, talvez haja qualquer coisinha. Vá-lá saiam da vossa zona de conforto. Faleçam lá querendo porque se não ainda vos fazemos, mais, falecer.”
Os professores vão hoje e num orgasmo mental utópico gostava mesmo que saíssem todos. E depois os enfermeiros e depois os engenheiros e depois os médicos e deixássemos as piranhas a devorarem-se umas às outras (quando falo em piranhas falo obviamente nos políticos) e que a última que soçobrar, pague a conta.
Pelo que me toca renovo os mesmos votos, não de Natal mas para a vida, os quais eram costumeiros no tempo do outro governo: estimo bem que se fo#%& todos os membros do governo e pelo meio espero que morram, do fundo do coração, porque o ar que vos anima essa verborreia mental ajudava-me a mim a fazer algo de realmente útil. E farei questão, mesmo não gostando, de comer uma passa tendo como desejo que alguém que tenha chegado ao fim da linha perca o tino e rompa a vossa têmpora com um corpo metálico animado de movimento rectilíneo uniformemente acelerado.

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