Penso que não são precisas datas especiais para qualquer coisa que seja, inclusive para lembrar quem partiu. Faço-o muitas vezes e nelas, se estou sozinho em situações semelhantes à imagem, acabo por fazê-lo com as lembranças boas que tenho e bebo qualquer coisa em homenagem. Não vou a cemitérios. Não gosto. E como dizia certo dia o curioso padre da colina so Sol - não precisamos de igreja para cultivar a religião, temos a igreja em nós próprios - Não sendo eu crente, religioso ou algo parecido, partilho do seu modo de estar para também considerar que posso bem trocar o visão do cemitério pelo sossego de uma barra com um copo por companhia. Esse é o meu ritual, assim faço esse culto e não o faço desmerecendo a sua memória. Por isso... À vossa.
terça-feira, novembro 1
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1 comentário:
«Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo. Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir
a despedida. Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,numa lassidão de arrancar raízes...(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos...), a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em fumo... tão leve... tão subtil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de Outono
...» (José Gomes Ferreira)
À tua, minha avó.
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