terça-feira, novembro 22

Fazer hamlet implica partir ovos


Estou em dúvida. Não sei se faça ou não greve. “Feliz de quem pode viver essa dúvida” dirá o assalariado do privado que leva para casa seiscentos euros. Sim é verdade, por esse prisma sou. Apetecia-me dizer “estudasses” mas não direi… Se é verdade que me cobre uma espécie de manto que me permite optar, também não deixa de ser verdade que cumpro com os meus deveres e em retorno não vejo nada.
“Ainda vai pouco tempo…” Sim é certo mas nesse pouco tempo já houve estofo para me prometerem retirar, deve começar precisamente na quinta-feira, qualquer coisa como três mil euros. Se eu não cumprisse os meus deveres, se eu viesse para casa com remorsos ou se vivesse com a mira diária em tudo menos no trabalho, não teria por certo que na minha cabeça plantada esta questão mas sim outra mais incipiente.
O pistoleiro Gaspar já não foi tão rápido no sentido de cortar subsídios vários de políticos “que de classe têm pouco” e de outros altos cargos do estado: alojamento, deslocação, de reintegração - acho este fantástico principalmente porque uma pessoa recebe uma pipa de massa, que entala no último classe E da mercedes e para arrematar a questão ainda ganha um lugar para fazer nenhum no estado – e permite que se perpetuem as nomeações tal como esclarece, de um modo quase sarcástico, o diário da república.
Será pelos oitenta euros? Não, é dinheiro, pertence-me mas não. Sem querer passar um ar superior, o que me move são outras coisas. Quero-me associar a um protesto como o de dia vinte e quatro próximo? Não tenho problemas com pessoas como Carvalho da Silva ou Jerónimo de Sousa pelos quais nutro estima e pontos em comum mas é aí o meu fim de linha. Os sindicatos, instituições fundamentais, estão embrenhados no mesmo lodo que corre nas veias políticas nacionais. Porra.

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