segunda-feira, novembro 14

Eusébio calado é um poeta


Eu gosto de futebol, gosto muito. É com a bola que eu procuro ligar-me “à terra”, momento no qual coloco os afazeres em stand-by e me ponho à frente das coisas. Sabe-me bem e entra seguramente nas dez coisas que mais gosto de fazer no tempo, cada vez menor, de lazer. Ora bem para quem gosta e joga haverá sempre tendência a admirar as capacidades daqueles que foram longe na modalidade. Eu sou do tempo de ainda ver jogar o Maradona na sua plenitude, não por muito tempo mas lembro-me bem do magistral golo de Diego contra o mundo inglês. Não sei se foi o melhor jogador que vi até porque considero que os bons têm sempre algo especial e inconfundível. Maradona era pequenino e de aspecto pesadote mas corria com a bola perto dos pés como ninguém, parecido com o Messi mas este último corre com mais raiva, Maradona era mais estético. Ambos com uma técnica diabólica. O Figo era um portento de força e técnica, colocava a bola e fintava bem demais para os adversários. Zidane era "o" senhor no campo. Talvez este tenha sido o jogador mais elegante que vi jogar e por isso e porque jogava futebol como quem joga xadrez, foi dos jogadores que mais me marcou. Existem muitos outros claro e iria deixar de fora muitos deles (Ronaldo, Guardiola, Mathaus, Paulo Sousa, Sergi, Romário, Rivaldo, Roberto Carlos, Raúl, Bággio, Zola e eu sei lá!).
Porque falo nisto? Bem durante a última semana li duas intervenções de Eusébio que sinceramente me deixaram desconsolado e me estão a fazer esvaziar o que ouvi dele. Penso para mim: está velhote… Mas depois penso: caramba está velhote mas não deve estar destrambelhado. Numa semana Eusébio, sem grande propósito desancou no meu Sporting sem motivo aparente e disse que o Sporting era à época, o clube dos racistas. Que odiava o Sporting e que jamais jogaria no Sporting, isto a propósito da história de que ele vinha para jogar lá mas que depois tinha sido desviado pelo Benfica. Sou daqueles que gostava de saber essa história ao certo mas já era escusado ler daquele que é considerado o melhor jogador Português, e ressalvo não um dos melhores jogadores africanos, que exerce como embaixador da selecção nacional aquela que existe também porque eu pago impostos, que odiava o Sporting. Não carecia, não lhe fica bem.
Esqueci ou melhor não fiz questão de escrever algo. Hoje veio de novo fazer declarações a propósito da polémica entre Alan e Javi Garcia. Disse que Alan era estúpido só porque este se queixa de que Javi o chamou de preto. Eusébio diz que seria caso para isso se lhe tivessem chamado branco, mas como lhe chamaram preto ele é estúpido. Compreendo que no tempo em que jogava os comentários racistas fossem “o pão nosso de cada dia” mas hoje em dia e ainda por cima neste país, queria crer que estaríamos a andar noutro sentido. Parece que não e Eusébio, preto, não se chateia com isso. Se o chamassem de Neoblanc, Javisol, Ajax só para citar algumas marcas talvez Eusébio se sentisse mais afectado na sua honra.
Pela minha parte só posso dizer o seguinte: ser jogador da bola não implica ser burro ou bruto, não é sinónimo de ser estúpido nem de que se considere menos o que saia da sua boca. Ainda assim Eusébio, o tal pantera negra, esforça-se por me contrariar e assim, para mim, este agora só lembra uma personagem que chula os meus impostos, é estúpido, burro como uma porta e devia fazer o que Romário, esse pequeno enorme jogador e que eu saiba sem instrução superior, disse em tom poético sobre Pelé: Pelé calado é um poeta.

1 comentário:

Alexius disse...

Reza a inside info que já estava "bem regado" depois da refeição em ambas as intervenções :) Não desculpa tudo, mas já se sabe que álcool e poucos neurónios fazem poetas a quem lhes aponta um microfone.