segunda-feira, setembro 6

Ingenuidade ou hipocrisia?



O título presta-se a estas linhas pelo seguinte ponto de vista. Numa fase de crescendo extremar de posições e em que se perfila que o governo dificilmente chegará ao fim da legislatura, cumpre pensar: seremos guiados pela ingenuidade e acabaremos seduzidos pelo ar límpido do líder do PSD ou será que optaremos, hipocritamente, pela hipocrisia auto-elogiosa reinante?
Não é fácil, assim como está, esta questão não nos leva a lado nenhum, a não ser ao suicídio. Votar PS jamais (desta vez sem ponto de exclamação) – o ressentimento que tinha neste momento ganhou vida na forma da indiferença. Nem que Deus, ou Einstein, venha à terra dizer que aquele é o caminho da luz, eu cega e decididamente virarei para outro lado. Votar PSD perfila-se difícil. Mudança exige-se mas aquele jovem herói não me inspira nenhuma confiança, isto apesar de, aqui e ali, este ter querido valer a sua “coluna direita” ao mostrar de um modo atabalhoado mas directo, a sua visão de muita coisa. Não me considero com simpatia partidária ou sequer simpatia posicional (esquerda, direita ou centro) – considero que essa conversa está ultrapassada – mas acredito e perfazem-me valores que acham que certas propostas demasiado retorcidas e ingénuas (aqui é o meu alter-ego a crer-me sabedor de “coisas”…).
Então em quase histeria e impacientemente perguntam-se: que será de nós!? Calma. O que vai acontecer é, tipicamente, o que tem acontecido ao vulgozinho, a este retalho de terra. Não vamos ter capacidade para alterar a situação e, no extremo, acabarão por chegar cá uns fatos estrangeiros que irão tratar da gente como aconteceu em, salvo erro, no início década de oitenta. E porque não temos capacidade? Primeiro porque caminhamos para o analfabetismo com esta espécie de via verde educativa e depois porque não está na nossa mão fazê-lo. A melhor maneira de mudar isto seria com outro sistema legislativo, isto é, termos a possibilidade de eleger directamente que nós queremos ver no parlamento, este último também reduzido a metade. A capacidade de eleger menos, e directamente, os membros do parlamento faria com que a renovação da sua posição parlamentar viesse carimbada com a responsabilização ao longo de uma legislatura. Isto, na minha ingenuidade, seria uma espécie de aprumo da raça parlamentar, algo que se perdeu e que originou esta penumbra de uma arte intemporal - a política.

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