quarta-feira, junho 2

As bestas quadradas.


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O Ministério da Educação ou as sumidades absurdas que por lá vagueiam, a começar pela desprezável ministra, decidiu encerrar escolas com menos de 20 alunos. Certo? Errado? Bem… como vem do ministério, e eu detesto à morte as pessoas que ocupam aquele edifício, fico logo com a sensação de que a medida é estúpida mas como me considero pessoa de bem e racional, paro e penso.
Prós: poupa-se, talvez, na mão-de-obra, funcionários, professores; são escolas com menos de 20 alunos tendem a ser escolas antigas, sem condições plenas e isso é um óbice que, nem os projectos, nem as autonomias vieram minorar – falta de vontade ou jogada já ensaiada…
Contras: Normalmente as escolas de acolhimento estão a muita distância. Passam os meninos a percorrer, em média, em transportes o equivalente a uma viagem de ida e volta entre Coimbra e Aveiro, sensivelmente duas horas. Ou seja, caiem na cama, não se levantam; desperdiçam tempo de estudo em “passeios”, fogem de um meio mais resguardado (para o bem e para o mal) para um meio mais aberto a tudo, à socialização, aos vícios, ao descontrolo ou acompanhamento. A casa para eles será o mesmo que é para alguém que more em Lisboa e que trata por tu o IC19 ou a CREL, um local de encontro com pessoas que se conhecem vagamente ou por quem se tinha outrora laços. Passam o dia carregados de livros uma vez que não vão a casa almoçar, logo não trocam os ditos.
Numa área mais cinzenta pode argumentar-se também que aí as turmas serão maiores, geralmente acontece mas não é uma inevitabilidade, e, como tal, a atenção dispensada ao menino será necessariamente menor. Que conclusões tiramos? Há mais contras que prós, sim mas isso pode ser o meu subconsciente, que deseja como se não houvesse amanhã, a implosão do edifício da cinco de Outubro, a funcionar. Sejamos sensatos e vejamos um quadro ainda maior. Basicamente e, fazendo fé pela noticias online, as escolas a fechar são no norte e interior, trocando por miúdos, as zonas mais afastadas do Litoral, ou seja (parte dois), está-se mais uma vez a fazer pender o país, não para o abismo, mas para o Atlântico, a desertificar o interior.
Se este tipo de medidas se levar ao ridículo ou extremo ou insano qualquer dia a fronteira de Portugal pode bem começar em Santarém. Olivença? A medida é boa ou má? Pelos prós e contras parece-me mal, por vir de onde vem, péssima, mas olhando ao quadro maior, Portugal, que andamos a querer fazer-nos? Já não há comboios, centros de saúde, vão deixar de haver escolas, que se seguirá? Há mais vida para além de conceitos economicistas. Será para aproveitar o interior para pasto? De bovinos e bestas quadradas partidárias socialistas, seguramente.

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