sexta-feira, maio 9

Areia, água e cimento para os olhos



E ontem descobriu-se que existem casas a mais em Portugal. Bem se pode dizer que mais vale tarde que nunca. Entre a cegueira e a descoberta da situação, muitos negócios obscuros foram cultivados, muitos favores foram cobrados, bem pagos e tudo à margem da lei. Os PDM's foram fintados de norte a sul em prol de finanças locais e individuais e o ordenamento do território desordenou-se a cobro das mais variadas desculpas do tipo dos PIN's. O bom de estarmos na UE é que existe, em última instância, uma reserva segura de juízo, bom senso e integridade que há muito a classe política parece carecer orgulhosamente. É pena que a UE não tome conta disto de uma vez por todas. 500 mil casas a olhar para o boneco, nem servem para dar abrigo às traças, sendo que, só em Lisboa existem 70 mil.
O número até parece pequeno porque, provavelmente, se 70% da população se assomar à janela ou à varanda verá, sem ser necessário recurso a auxiliares focais, um bom par (e estou a ser comedido) de cartazes onde se lê "vende" ou "vende-se". Parece ser esse, a nível imobiliário, um dos verbos mais usados não relegando a muita distância os termos "penhora", "incumprimento", "corda ao pescoço" e tantos outros. Os construtores sentem-se apertados. Que dirão os imensas famílias de 5 pessoas que vivem em 40 metros quadrados ou os milhares de jovens que vivem em clausura ou arresto económico na casa dos progenitores com o benemérito dos mesmos.
Eu cá deixo a minha predisposição para ouvir ofertas para o arrendamento ou para a venda de habitações, sempre ao abrigo da crise económica ou da "corda do pescoço" dos construtores, coitadinhos. "E o burro sou eu!?"
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PS: e a crise ainda não chegou, as casas hão-de desvalorizar. Fico confiante na irrelutância da maior parte dos construtores que se decidiram a erigir habitações através do recurso ao crédito. "Deixa-os poisar".
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Foto, muito conveniente, de Gama

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