sábado, março 22

UE generalizada



Nas histórias que conhecemos, relatadas na primeira pessoa ou não, pelos nossos emigrantes existia uma característica transversal a todas: a necessidade obrigava a trabalhar no que surgisse. Essa situação originava alguns abusos e eles também faziam parte dos relatos mas felizmente não de todos os que ouvi em directo. Os tempos mudaram mas as más práticas, longe de se esbaterem, permaneceram mesmo contra a maré dos novos conceitos sociais muitas vezes, senão todas, publicitados pela golden era da EU.
Quem anda atento aos noticiários lembra dos relatos do jornalista António Esteves Martins sobre o que emigrantes portugueses sofriam e sofrem em países fundadores de bons costumes, ou talvez não, como é o caso da Holanda. Também eles emigrantes, os jornalistas portugueses têm feito mais pelos nossos que se encontram espalhados (e que li algures que rondam já os cinco milhões!) do que as embaixadas, por vezes à custa de convites, não para jantar, mas para se sossegarem. Bom adiante…
Escrevo porque a EU vai tornar-se verdadeira união não tarda, isto porque Confederação Intersindical Galega fez saber que irá desenvolver acções de luta duras se os seus direitos não se alargarem aos seus colegas portugueses. Como é sabido o país só, e digo só com aquela pitada lusitana de ironia, tem quase 8% de desemprego porque o desenrascanso genético do ser luso fez com que a necessidade os levasse para lá da fronteira buscar o que o país cá não oferece, principalmente na área da construção civil. Pois bem os nuestros hermanos que não advogam, e ainda bem, pelo lusitano dizer “de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos” comportam-se como verdadeiros manos mais velhos e ajudam os picolinos nesta contenda de direitos. Também lhes interessa é claro porque qualquer dia o patronato espanhol enevoado e mal habituado por tanta facilidade no confronto com o portuga, iria lançar-se aos seus, algo que os trabalhadores espanhóis estarão a prever e querem combater.
Em qualquer dos casos a posição tomada é de louvar, de trazer ao blogue e abrirá um novo e meritório pragmatismo dentro da união, ou assim penso eu “o idealista”. Trabalhadores somos todos, tal como os direitos a todos pertencem. Esta posição devia fazer escola dentro do nosso Portugal mas… ainda tem muito que aprender esta nação com quase novecentos anos de história (diz-se rápido…) e que, supostamente ou talvez não, fez em Lagos o primeiro comércio de escravos.

"Não é a primeira vez que denunciamos a situação dos portugueses que estão a trabalhar em Espanha, sobretudo na Galiza, em condições inferiores às exigidas pelo Convénio Colectivo. E as autoridades portuguesas e espanholas nada fizeram para alterar a situação, o que não pode continuar a acontecer", Xoan Melon da Confederação pela imigração ao DN.

PS: Li algures que actualmente por cada 100 portugueses que saiem, entram 15 estrangeiros. Pareceu-me descabido mas...

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