quarta-feira, março 12

Democracia sem sentidos



Se tivéssemos que classificar a democracia portuguesa poderíamos dizer que a mesma está na puberdade, quer quase temporalmente quer, principalmente, no humor. A nossa democracia está assente nalgumas verdades absolutas: o sistema político é quase um sistema tri-partidário. Temos, por enquanto, o PS, o PSD e o maior deles todos, a abstenção. Este último é desde há uma mão-cheia de anos, o principal, o sistemático vencedor das eleições sejam elas quais forem.
Vivemos uma altura complicada. Uma maioria deu em autismo, prepotência e a uma oposição de estimação que, com ela se dá numa lógica de alterne, a qual se encontra imersa num vórtice extremamente confuso. Crises internas resolvidas, como sempre que a pequena oposição carece, na praça pública. Não digo que é bom ou mau apenas constato esse facto.
Numa das alturas mais rasteiras do governo, o PSD dedica-se a brincar aos partidos políticos o que é mau mas torna-se pior visto que os barões se desmarcaram e, quer de um lado quer do outro, não existe nenhum, ninguém, zero personalidades com carisma para pegar nos barcos. É como a nossa filha se quisesse casar mas a casa apenas levava pelintras. Ser pelintra não é automaticamente uma característica indesejável, para a filha do vizinho. Mas aqui não se esgotam as forças partidárias ainda temos o PCP, o BE e o PP. Ora bem… sou adepto dos debates mensais e políticos em geral e é minha opinião que o PCP parece um doente comatoso, isto é, às vezes dá sinais de vida mas… O PP é outro caso complicado já que as suas intervenções são por vezes interessantes mas, mal nos descuidamos, encontramos logo uma nódoa. O BE tem sido a lufada de ar fresco ao parlamento seja pelas tiradas de Francisco Louça ou pela dinâmica do partido, são “novos” e isso nota-se.
Não faço aqui um manifesto político bloqueano apenas quero chegar ao seguinte ponto. Se Sócrates é mau, se Menezes não tem ou demonstra o necessário savoir fare, se Portas já mostrou não ser de confiança sobram dois: o PCP e o BE. Pois bem daqui não vai resultar nada de bom e o mais caminho mais certo será um de três: Saramago-nos-emos, ou seja, mandamos os boletins de votos às malvas e aproveitamos o sol, no dia assinalado, aumentado o tal partido vencedor; ou caímos no erro de votar Sócrates (ainda há pessoas que votam na mãozinha porque sim, aqueles que eu chamo alinhados) ou caímos noutro erro e votamos Menezes.
É um sinal dramático para um país quando os salvadores são cegos ou surdos ou mudos ou tudo junto, o que parece ser cada vez mais o caso.

Sem comentários: