domingo, dezembro 9

Boas vontades...


Vivemos uma época de Cimeiras e não falo apenas naquelas que resultam directamente da Presidência Portuguesa da UE. Verifica-se uma multiplicidade de encontros bilaterais, tripartidos, com o patrocínio de uns países ou com a participação de um grupo alargado no sentido de se discutirem... coisas. Tudo talvez comece ainda durante os anos oitenta com as reuniões entre Americanos e Soviéticos, passando pelos Israelitas e Palestinianos (umas que ora fracassam, ora recomeçam e entretanto as pessoas lá vão perecendo). A moda pegou e até Portugal se orgulha, ou não, em ter organizado altas reuniões! Quem não se lembra das Lajes, que ainda só não nos valeu uma bomba porque aqui seria um desperdício, outras ainda de mediação de conflitos principalmente em África ou, mais recentemente, as que derivam da Presidência da união. Para mim, fogueiras de vaidades e de interesses descarados, mas quem sou eu?
Concentro-me brevemente em duas. Em primeiro lugar a de Bali (Quioto séc. XXII). Durante a Cimeira sobre alterações climáticas em Bali, Indonésia, surgiu uma convidada inesperada, a mãe Natureza. É verdade, ela que está em toda a parte, decidiu passar por lá e dar a sua opinião e vai daí soltou um sismo de pouco mais de cinco pontos na Escala Richter. Pode ser que o súbito abano abane consciências ou, pelo menos, atitudes. De notar que se Quioto está como está, ou vai estar, por cumprir, que será de Bali? Espero que não fiquem na memória de quem, por esta altura, ainda lá está, como uma boas férias.
Em segundo plano a Cimeira, ou Summit, Europa/África. Creio que esta resulta de um raciocínio fácil – China? Já não dá, qualquer dia ultrapassam-nos. Índia? O mesmo. O que é que sobra? América do Sul e África. América do Sul está mais ou menos coberta, existem já muitos interesses por lá espalhados e se não fosse o gang Chavéz a coisa “era nossa”. E África? Sim é melhor, que os Chineses andam a papar aqui tudo! E as moscas, e a fome e as coisas feias que há por lá? Vamos andando e vendo.
Pois bem vejo esta Cimeira como isto mesmo, o último refúgio para a Europa poder vender a sua “banha da cobra”, alargando mercados, dizendo “a gente ajuda” mas com uma mão dá e com a outra tira, muito ao estilo da Época dos Descobrimentos. Certo é também que os africanos já não vão, e bem, na conversa do pechisbeque e desta vez, quinhentos anos depois, vão tentar não perder tudo para os “caras pálidas”. E o Mundo, de repente, está a ficar pequenininho para vender tanta coisa… Nunca haverá Cimeiras a mais, apenas reias conclusões a menos.

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