terça-feira, novembro 13

Poesia . 14


Porto Sentido

Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar_

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, sanjoanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa.

Carlos Alberto Gomes Monteiro (Carlos Tê)

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