Numa sessão do Parlamento Europeu o PR Cavaco Silva proferiu talvez as palavras mais correctas, na minha perspectiva, desde o início do seu mandato. Curioso é que as mesmas foram feitas em Bruxelas para os parlamentários Europeus e não para os Portugueses em Portugal. Sinal dos novos tempos que adoptámos no dia da entrada na Europa, mais propriamente no dia que abraçamos o Euro e ele invadiu, de entre outras, as ruas Lusitanas. Porque esse abraço aparentemente inofensivo deu azo a muitas mudanças por toda a Europa mas principalmente neste adolescente país ainda pouco habituado a seguir regras internas quanto mais exteriores.
Como por cá vivemos numa mentalidade provinciana de "cada um por si" a reacção foi de pouca atenção e fiscalização aos preços. Com isso o bolso ressentiu-se sendo que ainda não entendo o que raio fazia o Instituto Português do Consumidor ou como se designa agora Direcção-geral do Consumidor (um belo tachinho na certa). E assim em tempos de "vacas gordas" andou tudo a ser levado com o duplicar, em muitos casos, dos preços sendo que institucionalmente a resposta sob a forma de reformas e demais funções governamentais foi zero, desaproveitando o vento favorável levando-nos ao ponto de ruptura presente.
Na sua intervenção o PR fez questão de alertar para algo que é objectivamente dramático e do meu ponto de vista incoerente e incompreensível que se vê bem com números: 75% é a percentagem de europeus com rendimento inferior a 60% do rendimento mediano do próprio país; a taxa de pobreza anda nos 16%; 20% dos mais ricos auferiam rendimentos 5 vezes superiores aos 20% mais pobres em 2005 numa Europa a 25. Algo vai mal nesta suposta União Europeia e por arrasto em Portugal num tempo que a macroeconomia se finou por cá. Ganha-se menos, pagam-se mais impostos e o resultado parece ser óbvio: Quando vierem as eleições vamos receber uns caramelos comprados em Espanha, porque por cá a fábrica encerrou, e até os professores irão ser bajulados pela bruxa má.
Com a declaração, o PR para além de alertar para uma realidade preocupante, tenta ganhar consciência, tempo e quiçá umas ajudas para a Lusitânia visto que Portugal será um dos países em que a tal média e as suas percentagens puxam o barco ao fundo como uma pesada âncora. Duvido é que o consiga. Isto é claro é uma leitura minha quer a teoria quer a reacção mas só o futuro dirá.
No "Nobel absurdo" estou de acordo com o nosso Chefe de Estado. Se fizéssemos o que nos era devido não teríamos que sequer considerar isso já que acredito que querendo somos excepcionais mas teimamos em seguir uma ideia que diz: Quando queremos somos excelentes mas quando nos distraímos também somos péssimos. E distraímo-nos tanto...
Sem comentários:
Enviar um comentário