quinta-feira, julho 5

Números, cartilha e o mau ajuizar


São públicos e têm surgido alguns casos relativos às decisões da Caixa Geral de Aposentações, (CGA) aquando a avaliação da capacidade ou incapacidade do exercer da actividade lectiva por parte de alguns docentes, que tiveram o terrível desfecho que se conhece (link). Isto mostra algumas carências por parte dos governantes que a poder de moralizar um sistema que, valha a verdade, se encontra(va) acomodado nas regalias, se permite nessa moralização, atitudes "quixoquestas", personificadas em disposições adoptadas ao extremo por parte dos que usufruem dum certo poder decisório. Digo poder e não avaliar ou arbitrar ou ajuizar porque os senhores que fazem parte da CGA para realizarem a sua tarefa de acordo com qualquer dos termos últimos teriam que, para além de seguirem a cartilha governamental, conseguir ver para além da "Dura Lex". Isso é ajuizar. A lei mostra as disposições mas não se pode cair em ridículos ou, principalmente, em tragédias. Acontece que nos dias de hoje tudo é números (eu também sou, no que me cabe e para já o 577) e não pessoas. Acontece que nos dias de hoje não se sabe mais do que as ordens (escritas ou não) que vêm de cima (repetir martelado e inconsciente da velha condição administrativa). Acontecerá por vezes que esta combinação não é feliz e essa infelicidade de números e posições, disposições e seriações de alguns é um vazio na vida de muitos outros... números de alguém, também.
Exercer uma profissão de modo digno e profissional requer uma constante reflexão do feito, do que há a fazer e da repercussão das nossas acções. Porque se assim não for resignamo-nos à condição de um qualquer acto de titere ou de titereteiro afastado da realidade sejamos médicos, ou professores, ou varredores, ou pescadores, ou juizes, ou advogados and so on and son on. Dura Lex, seja ela qual for não pode, não deve ser, Sed Lex. Porque assim para que é que precisamos da cabeça?

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