domingo, junho 24

Autarcas, esses "PDMófilos"



Olhando para o nosso país, seja (quase) onde for encontramos construções de carácter muito duvidoso. Não falo em gosto arquitectónico (se bem que nalguns casos...) mas sim nos mostrengos que aqui e ali se vão erguendo. Exemplos há muitos e não são, como até à alguns anos parecia ser hábito, apenas visíveis ao longo da nossa longa face oceânica. As negociátas alastram-se até às cidades do interior com os prédios a surgirem do chão como se de cogumelos se tratassem. E qual a razão desta cimento-dependência? É simples, o seu financiamento assenta cada vez mais nos impostos relacionados com a construção civil como por exemplo os licenciamentos de obras e o Imposto Municipal de Imóveis (IMI). A doença perpétua-se em sim mesma já que existe uma proporcionalidade directa entre a construção e a receita arrecadada, sendo a equação super simples: "N construção = X dinheirinhos". Fora o que correrá por fora...

Ora governamentalmente nada se altera. Os autarcas não dispensam a galinha dos ovos de ouro, os pdm's vão sendo abusados na medida do tamanho da grossura do lápis que os delineou (que por este andar deve ser bem fininho). O português troca a natureza por cimento, as construções são, na maior parte dos casos, uma aberração em qualidade, a vida devagarinho e pela calada do andaime degradasse bem como o parque imóvel antigo que vai sendo deixado ao abandono ao sabor dos anúncios de "vende-se", da intempérie, da estúpida e irracional especulação imobiliária e da falta de um imposto que regule a existência de imóveis inabitados.

Assim sendo neste fim de semana surge num artigo do expresso a confirmação numérica (um êxtase para a malta que confia na matemática) da realidade. Vamos a eles:
- 10 milhões de habitantes, habitações para 40 milhões de pessoas;
- 5 milhões de fogos, contra 3,5 milhões de famílias;
- Um dos países com o maior índice de segunda habitação da Europa;
- Mercado de arrendamento RIDÍCULO, um tuga gasta tanto numa renda mensal num crédito à habitação como numa renda por um imóvel que não será o seu;
- Por fim a pescadinha de rabo na boca: Os inquilinos não querem pagar mais renda porque os proprietários não fazem obras e os proprietários não fazem obras porque os inquilinos não querem subir as rendas! Resultado, a tal falada lei das rendas aprovadas já por este governo deu em nada, apenas uma ínfima parte dos proprietários numa perspectiva de subir as rendas se disponibilizou a fazer as obras necessárias para que tal acontecesse.

Conclusões: País de treta, só tem o que merece: Políticos da treta, autarcas da treta, construtores da treta, tudo da treta. Vai tudo morar em sacos na rua!

1 comentário:

Great Houdini disse...

Não esquecer as conversas da treta.

Este é um lobbi, ou melhor uma rede criminosa do mais indecente que há e é nem se dão ao trabalho de disfarçar.