domingo, junho 10

10 Junho: Dia de Portugal mas só de alguns portugueses




10 Junho dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Mais uma vez o Presidente da Républica discursou, viu a parada militar e outras tantas coisas a que este dia já nos habituou. Sim já fomos grandes, sim eramos destemidos e sim e a corte tinha muita riqueza. Mas que interessa essa altura? Não é isso que hoje paga as contas a não ser que se seja pescador e tenha um barco GRANDE, seja DESTEMIDO mas devido às cotas são outros os que ficam com a riqueza.

No seu discurso, feito no tom paternal de sempre, foi transmitida ao país (se é que alguém para além dos presentes ouviu) uma mensagem de esperança (outra vez?). Que somos capazes, que ninguém desista, que temos potencialidades, que temos mar! Incrível, no mínimo. Versão simpática do velho do restelo revisitado.

Mas medite-se: Qual é o valor que tem as palavras de alguém que pela força do seu trabalho e estudo é certo mas com uma grande boleia das leis que outrora aprovou, ganha uma reforma enorme proveniente ter sido Primeiro Ministro deste país, de ter sido professor universitário a que agora junta o salário de Presidente. Falava Bagão Félix que para atingir os valores que Cavaco Silva recebe, com a lei recentemente aprovada, tinha que se ganhar muito muito mas mesmo muito bem e ainda para mais trabalhar até, estimativa por baixo, os 75 anos. Quem diz o Presidente diz muita mais gente que pelo simples facto de ter nascido quando nasceu, de ter acedido ao "empurrão democrático", tem direitos que são obscenos quando comparadas com as dificuldades dos jovens de hoje.

Realmente assim quem é que não escrevia coisas tão... ingénuas ou a brincar? Na esfera de belém e da assembleia a ideia de que "quando há para um tem que haver para todos" em função do seu esforço, não faz sentido. Esta geração a que se chamou "rasca" vai agora arcar com facturas de compras que não fez e pior de "bens" que nunca viu nem verá. Querem um sistema justo, façam bem as contas. As contas justas e não aquelas que levaram aditivos legislativos. E deixem o Presidente outrora Primeiro sossegado em casa, emprestada por nós, a perceber a realidade como muitos fazemos e talvez aí este dia seja de celebração, não só porque se revisitam memórias importantes, mas sim porque, ao sentir a realidade, estes senhores mudem os actos, os discursos e com a ajuda de todos, o país.

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