Dizem os escritores sérios e de nomeada que escrever é como outro trabalho. Deve fazer-se num ciclo diário regrado como o são aqueles outros que nos ocupam o dia e aos quais respondemos em modo cego, obediente e inconsciente. Eu não sou escritor por muitas razões e a essas acresce a singela de que, escrever para mim não pode ser uma obrigação. Daí que apenas passados mais de dois meses tenha voltado aqui ao local do crime.
Tinha que ter, tinha que levar com uma razão óbvia para voltar ao teclado e deitar para fora coisas em forma de palavras com tino. Nem o Natal ou a educação dos melhores desejos sobre o mesmo ou sobre a passagem do ano foram suficientemente fortes para tal.
Mas hoje ao ouvir aqui o grande, luz fez-se e senti que devia retornar aos velhos, e espero que bons, hábitos. Ao ouvir o bater ritmado dos dedos da mão do Freddy parei o que estava a fazer a fiquei a degustar. E lembrei-me que esta pode muito bem ser a banda sonora deste ano.
Não vou em euforias. Não acredito nos mercados, não acredito nas palavras mansas de seres chifrudos, nem tão-pouco e menos ainda se cabe, nas palavras gentis de míseros banqueiros ou outros que tais. O antes foi mau e este vai para pior. Sobra a força de mudar, sobra o desafio do dia de amanhã que faz com que nos ergamos, que não nos fará sair ou que nos fará passar a fronteira mas voltar. Sobra o nosso chão, entalado num recanto de terra que, lembrando Lobo Antunes, "que o mar parece que não quis" e aqui deixou acostar. Há quase 900 anos que nos dizem que "vai melhorar" ou "é para o ano". Sou agnóstico e acredito mais no diabo do que em palavras mansas. Welcome to 2013, it's nice to have you are. Fasten your seatbelt because you want enjoy the ride. E ponham alto que se o mau gosto não paga taxa ou é multado, o bom muito menos. Ainda que estejamos em Portugal...