terça-feira, maio 25

Crónicas de um tempo imóvel



...este é um episódio de uma novela sopeira re-re-reposta a que chamamos abrupta realidade. Qualquer dia alguém perde o norte.

quinta-feira, maio 20

quarta-feira, maio 19

Please, today, chase you and not the other


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We used to believe in the good old days
We still receive In little ways
The things of kindness & unsporting brow
Forget & allow

segunda-feira, maio 17

Seguramente: nem correcto ou errado


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O Presidente da República acaba de anunciar a promulgação da lei conhecida por "lei do casamento homossexual". Referiu, e sublinhou, que Portugal tem outras coisas com que se preocupar. Não que esta seja uma questão de somenos mas que, por isso mesmo, deveria ser discutida quando o foco de todas as forças e atenção se desviassem um pouco dos problemas económicos e sociais, que são sérios.
Já outrora aqui escrevi sobre o assunto. Do meu fundinho, não sei se sou a favor ou contra. Por um lado sou a favor, porque acho que faz parte da liberdade de cada um a sua autodeterminação sexual. Por outro lado.. não me é muito agradável ver dois homens, por exemplo, de mão dada. É-me estranho. Talvez seja a minha formatação, isto é, como isso sempre foi uma realidade não próxima (longe disso mesmo, não creio conhecer ninguém homossexual) talvez seja essa a causa da minha, em parte, não relutância mas incerteza. Em caso de dúvida digo convicto que promulgue-se.
Mas há coisas que não entendo e, ainda hoje pelo almoço, se cometava sobre isso mesmo, como as leis colidem umas com as outras. Esta lei não permite a adopção de casais homossexuais mas por outro lado a lei da adopção permite que alguém que perfaça as condições de adopção, e uma delas não é a orientação sexual, possa adoptar sem qualquer problema. Quem faz leis não as sabe fazer. Outra coisa que me oferece alguma incoerência é que os homossexuais afirmaram querer, inclusive mais do que o casamento, seria a equiparação aos direitos dos casais heterossexuais, isto é, por exemplo em questões fiscais entre muitas outras. Acho que, neste assunto não se está correcto ou errado.
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Não posso deixar de fazer uma graçola a um senhor pelo qual não tenho a mais minima pinga de respeito, o senhor primeiro-ministro. A frase do dia pertence-lhe e, como dizia o outro, as verdades são para serem ditas: "Como se diz em espanhol para dançar o tango são precisos dois. Durante muitos meses não tinha parceiro para dançar." Cuidado Dr. Passos Coelho... que eles "andem" aí, alguns ainda dentro dos armários de casas, palácios..

quarta-feira, maio 12

Poema . 20


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.


Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, maio 11

Porque nunca serão demais...

Incontornável



De pausa em pausa, ao longo do meu dia, fui vendo as primeiras horas do papa no nosso país. Todas as estações, sejam de rádio ou televisivas, cobrem o evento à saciedade :) Tudo bem, não é todos os dias que o papa pernoita por terras lusas.
O que me faz escrever não é a minha crença ou falta dela, não é a mera perseguição da actualidade. Faço-o pelas imagens que fui beberricando. De Fátima guardo memórias vagas, ilustradas sempre pelo sofrimento dos peregrinos pagando promessas em jeito de sacrifícios físicos. Também já visitei Lurdes que, provavelmente com ou a par de Fátima, perfaz outro dos locais ocidentais mais marcantes do ponto de vista cristão. Desse guardo memórias mais vivas onde continuo a relembrar a existência da mágoa física. As ideias substanciais que guardo destes locais de culto são as mesmas, as mesmas que encontro noutros locais e momentos característicos de outras religiões. Quem não se lembra das imagens dos muçulmanos na sua peregrinação anula a Meca. Sofrimento, devoção, muita fé e imagens que, por vezes, são tão rudes que não compreendo esses mesmos actos. Diferentes religiões mas iguais níveis de devoção, parece-me.
A devoção das pessoas é directamente proporcional às asperezas da vida e estando Portugal cheio de agruras, que já chegam a ser chagas de tão extensas no tempo e na resistência das mesmas, seria de esperar que a participação das pessoas fosse imensa, principalmente nos pontos de paragem oficiais. E assim foi, fossem as viagens de um, dez, cem ou mil quilómetros, foi possível encontrar nas ruas lisboetas, mesmo à distância de hora e meia de auto-estrada, pessoas devotas que achariam descanso na esperança do vislumbre do papa, da fotografia fugidia no telemóvel.
É noite já e o movimento contínua, a fé continua a mover os homens, as mulheres sejam eles jovens ou velhos. Curioso, aos meus olhos. Num país que vejo cada vez mais carente de valores morais, éticos, que se diz e vejo cada vez menos cristão, crente, não esperava ver tamanha demonstração de religiosidade. O mesmo país que ainda há dois dias atrás, devido a um mero jogo de futebol, projectou imagens de jovens e não tão jovens, em jeito de guerra civil. Talvez sejam mesmo estes acontecimentos, que se tornam mísera capa dos matutinos, talvez seja a marca da incompreensão de muitas acções do Homem que já nos deixam de surpreender, que tenham tido hoje resposta neste género de exalação geral, nas manifestações que hoje fui vendo. Não esperava, gostei de ver. Entre extremos navega este país.

sábado, maio 8

Olh'ó ladrão!


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Do mais insuspeito e normal acontecimento, uma entrevista, pode surgir o acto mais inesperado, num estado de direito entenda-se. Um deputado do partido do governo, provavelmente habituado a não ser interpelado com alguma insistência lá na sua terrinha, que salvo erro, também está dependente das leis da nossa república - falo do belo arquipélago Açores – teve uma atitude que vai contra um estado de direito, com liberdade de expressão e a resguardo da reserva ou sigilo profissional, como é o caso dos jornalistas. Não sei se o deputado, aquando da sua estada nos Açores estaria habituado a estes momentos. Se estava é porque a lei afinal, como também é sabido genericamente pelas pessoas mais letradas, não chega da mesma forma a todo o lado. Depois do “evento” o mesmíssimo “fasthands” apressou-se a convocar uma conferência de imprensa – julgo ter visto todos os gravadores na mesinha com aquelas correntes das bicicletas – para dar, literalmente, a sua versão miserável do sucedido.
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Antes de prosseguir quero dizer que este senhor não tem atenuantes. É deputado, o que não é seguramente um atenuante, é membro do Conselho Superior de Segurança Interna – nem preciso tecer comentários – para além de que é advogado de formação, algo a que não se pode furtar (mais uma) no momento de alegar as imensas pressões a que foi sujeito. Pressão, meu caro, é a força pela unidade de área e, vistas as imagens, ninguém lhe estava a dar com um pau – antes fosse, que deviam a ele e a todos – a única pressão ocorreu aquando as manápulas do deputado se… e agora surge a graça. Segundo o mesmo “tomou posse”. Se tomar posse for isso mesmo, então as coisas de súbito, e partindo de uma entrevista como muitas outras, se fez luz sobre o sistema democrático português. “Tomar posse” o acto de tomar para si o que é dos outros, sejam gravadores de 40 euros, sejam milhões de milhões de euros de dinheiros públicos a coberto das mais variadas vestes – negócios de ferro-velho, compadrios vários, facilicitações aos amigos a troco de uma vaga num qualquer conselho de administração no futuro quando a “maré virar” and soo n and so on.

De volta à graça, o deputado tomou posse ou… fanou? Palmou? Furtou? Locupletou? Desviou? Acção-directou? Apoderou? Embolsou? Abafou? Rapinou? Surripiou? Para mim roubou mesmo. Diz a lei, que o mesmo estudou – acho eu… também terá sido na independente…? – que no máximo seria acto para uma pena de 3 anos. Ui… era mesmo de valor, houvesse um juiz capaz. Para finalizar… vendo o vídeo, não acham que há ali muito savoir-faire? “Eles vão para lá para dentro e aprendem lá tudo” sobre o acto de roubar. Acabo com uma anedota a propósito:

Um homem passa pela porta Assembleia da República e escuta uma gritaria que sai de dentro;

"Filho da Puta, Ladrão, Vigarista, Assassino, Traficante, Mentiroso,
Pedófilo, Vagabundo, Sem Vergonha, Trafulha, Preguiçoso de Merda,
Vendido, Usurário, Foragido à Justiça, Oportunista, Engana Incautos,
Assaltante do Povo...

Assustado, o homem pergunta ao segurança parado na porta:

"O que se passa lá dentro?”

"Não", responde o segurança. Cá pra mim estão a fazer a chamada para saber se falta algum deputado".

quinta-feira, maio 6

Um anúncio castiço



de voltas às "pubs"

segunda-feira, maio 3