terça-feira, outubro 28

Evidências tardias


“Curvas com medidas desadequadas, defeitos de alinhamento, de empeno, travessas que necessitam de substituição imediata, anomalias na suspensão dos veículos”
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Serão nestas, ou nas restantes conclusões do relatório pedido sobre a linha do Tua, que as famílias enlutadas tentarão encontrar paz de espírito e respostas para a perda dos seus familiares. Espero que encontrem motivos para uma acção em tribunal. Já há época do acidente de Entre-os-rios, a culpa ficou solteira (Humor negro: talvez isso explique a pouca natalidade…), mesmo com a demissão do Ministro Jorge Coelho. Portugal é um país assim, quando a culpa assome à porta de uma grande empresa ou de alguns cargos governamentais, limpa-se a “caspa” e todos ficam a olhar para um lugar (comum) vazio.
Do mesmo modo que Helena Roseta, Manuel Alegre e ontem, Miguel Sousa Tavares, concluíram que o estado é pessoa de mal e optaram, e bem, pela acção cívica directa meios de comunicação adentro e, também aqui, um grupo de advogados deveria entrar em jogo (tal como no caso Esmeralda) e partir a louça toda. Seria boa publicidade, com muitas semelhanças ao American Style, o que é positivo para empresas privadas e faria o sérvio público que o estado não consegue fazer aos seus concidadãos.

Universalidades

..........................Anxiety

....................by Angel Boligan

segunda-feira, outubro 27

O caminho que trilhamos



O texto (a pérola) que se seguem tem o alto patrocínio do Ministério da Educação e dos últimos Ministros da Educação, sem excepção já que nenhum se aproveita. Recebi este texto como resultado de um brainstorming, certamente extenuante, de um aluno de nono ano. A situação não a posso confirmar mas a veracidade da empreitada, se se confirmar, não me surpreende.
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REDAXÃO - 'O PIPOL E A ESCOLA'
Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas. Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto montanhoso? ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? ou cuantas estrofes tem um cuadrado? ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?
E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os lesiades', q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???
O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. tarei a inzajerar?
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Acabo com uma frase de Abraham Lincoln que creio que vem muito a propósito:
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"Better to remain silent and be thought a fool than to speak out and remove all doubt."

sábado, outubro 25

Ferida de Morte


Realmente este país tem o que merece. Os cargos públicos e as suas lapas orientam à esquerda e à direita a seu belo prazer, com a conivência da maior parte dos media. O povo, nos programas de opinião na rádio ou na televisão, arremetem contra professores, médicos e todos os que desempenhem uma profissão que não seja a deles mas quando ministros proferem este tipo de afirmações, eu pergunto: mas que merda é esta!? A vergonha governamental é tanta que se permitem afirmar as maiores sandices, disparates, baboseiras sem que nada suceda ou que, pelo menos os media, critiquem e façam notícia de afirmações deste calibre! Numa recente entrevista, a néscia, fátua, inapta, incompetente, irresponsável, cadáver da educação – eu recuso-me a classificá-la como pessoa, quanto mais ministra, disse a seguinte… (não tenho classificação a não ser através de má educação):

Mas porque é que a escola portuguesa mantém esses 7,4% de alunos na 2.ª classe?Tem vindo a baixar, eram 18%, há 15 anos. O que é que os professores pensam? A criança não aprendeu a ler, vale mais que fique retida, para aprender a ler. E fica para trás.
E vale a pena ficar para trás?
Não vale. E isto para uma criança de 7 anos é dramático. É o início de um percurso desastroso. Absolutamente desastroso. São estas crianças que depois abandonam a escola. A primeira coisa é que ficam num ano de ensino desajustado à sua idade. Todos os amiguinhos que vão ter no ano a seguir, já não são os mesmos, são mais novos, e começa aí um processo de desajuste. Todos os estudos provam que a repetência não permite recuperar nada. Porque é que ficam para trás? Porque antigamente a escola era assim.

Fica o excerto e o link do resto da entrevista. E fica o aviso: quando uma pessoa, com grandes responsabilidades, se dá ao desplante de proferir este tipo de afirmações, as acções não dos professores mas dos pais, todos eles, têm que começar a fazer-se sentir e ouvir. É impossível que alguém que defenda que um menino passe sem saber ler não defenda que este deva também passar pela vida sem saber escrever, falar, andar, comer, ouvir, pensar e tudo aquilo que quisermos juntar. Não sei que mais é preciso para que as pessoas todas tomem uma atitude definitiva em relação a estes criminosos. Estamos a milímetros de começar a queimar os livros.

terça-feira, outubro 21

Operações ficcionais



O Orçamento de Estado (O.A.) é o exercício teórico que se pede aos sucessivos governos, há trinta e… quatro anos a esta parte, no que toca às contas públicas. Convém que o mesmo se aproxime da realidade mas Portugal é um país Quântico e questões dessas serão sempre relativas. O que se disponibiliza para cada ministério operar, o que se consegue juntar de modo a saldar as nossas contas, cá dentro e lá fora, e, penso eu, aquele é utilizado para fazer mover a máquina e para a optimizar. O que é que a minha vida, em tempo quase comparável ao tempo de vida republicana do O.A., me tem ensinado? É que a desgraça primeira desta grande nação é a matemática. Se tivessem dito a Pedro Álvares Cabral ou a Vasco da Gama quantos milhares de quilómetros e de horas estes iriam levar até chegarem a terra firme, estes provavelmente teriam ido até à Madeira passar o tempo ao sabor de caipirinhas (seria bom mas o Brasil ainda estava para ser).
Temos bons matemáticos mas eles escasseiam para os lados de São Bento. Seria de todo mais inteligente modificar-se o sistema político, o eleitoral pelo menos, de modo a podermos escolher os nossos ministros um a um. Veja-se o caso das eleições do EUA, onde um boletim de voto se consagra há eleição dos juízes das cidades, do Sheriff, ou para referendar sobre o tipo de empreitada a fazer (se túnel ou passagem superior ou inferior). Ou seja, retrata as preocupações mais fulcrais das pessoas e, se há situações às quais o nosso sistema já não parece ter resposta, por divórcio participativo dos Portugueses e por demérito ou falta de qualidade dos intervenientes, são as preocupações do dia-a-dia. Daí que eu advogue, do alto deste… sítio algures na planura, que o sistema seja revisto de modo a escolher os mais aptos, seguindo um movimento descrito por Darwin a propósito de outras “contas”, as biológicas.
Sendo assim e deste modo, o nosso sistema está estagnado e entregue a ineptos que, ano após ano, vagueiam num exercício que salta entre o absurdo e a utopia, ambas sem transposição prática para a língua matemática. Se por um lado é uma injustiça o que se passou com o sistema financeiro – e que acabou por disseminar o vírus com mais ou menos gravidade para todos – também o é a suposta moralização que a medida das rendas promove quando premeia os que fizeram mal as contas e/ou previram mal o futuro. Sim eu sei, seria complicado prever a volta que isto ia levar, mas havia coisas que se sabia: um – as taxas estavam a mínimos históricos; dois – ter capacidade para colocar de lado algum “cacau” de modo a não ultrapassar a barreira psicológica da “taxa de esforço máxima”.
Com esta regra permite-se indultar, e não “adultar”, os compulsivos aquisitores de casa, carro, plasma, bimbi, férias em Punta Cana e desgostar pessoas cumpridoras para já não falar numa certa lei das rendas aprovada em 2006 e da qual não há notícias, boas pelo menos. Num momento Zandinga, apodero-me do futuro e prevejo o mesmo desfecho para as outras parangonas desta legislatura.

sexta-feira, outubro 17

Hoje só me apetece dizer isto...


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"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
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Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem,
nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência
como que um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
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Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira a falsificação, da violência ao roubo,
donde provem que na política portuguesa sucedam,
entre a indiferença geral, escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
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Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador;
e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
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Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido,
análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
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Guerra Junqueiro . Pátria

quarta-feira, outubro 15

Rigorosamente a não perder

Já não é novidade trazer aqui ao blogue o Professor Henrique Medina Carreira. Gosto bastante do seu estilo e, para lá disso e de me rever nas suas ideias, acho que é das poucas pessoas genuinamente interessadas na causa pública, a par de Silva Lopes, com uma lucidez magnífica que lhe permite falar e dissertar, sem se engasgar, sobre as maiores e as verdadeiras problemática deste país. Com ele serei sempre suspeito mas parem e ouçam, não por mim, não por ele mas por vocês. Peço perdão pelo modo como disponibilizo os vídeos mas a SIC não fornece um meio melhor em página própria e aproveito para deixar esse piscar de olho à SIC.
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terça-feira, outubro 14

Futuro à volta da esquina



O desgraçado do costume a procurar fugir da desgraça instalada.

domingo, outubro 12

Boas propostas


Trago duas propostas que acabam por resumir muitas das inquietações destes tempos de míngua e, pelo menos, num deles a míngua é explicada. Como tudo, sem a outra língua, a que se tornou universal nada é possível. Acho que vale bem o tempo empregue e a sabedoria ganha nas aulas da língua de shakespeare.

1 - Castelos de Cartas - Groundzero do Subprime.

2 - Carros Verdes - A oferta amiga do ambiente e da mobilidade como a conhecemos.

Desta vez...o fogo.



Na senda das "ideias" curiosas. Divirtam-se

Uma nova viagem



Depois de o Google ter disponibilizado o curioso e útil, em certos casos, google earth, é a vez de podermos aceder, em viagem virtual mas muito educativa e curiosa, ao interior do nosso corpo humano. No site visual body, é possível ter uma perspectiva muito interessante sobre "o como", "o porquê", "o onde" das mil e uma características e funções do nosso corpo. Vale bem uma espreitadela.

domingo, outubro 5

My eyes seek reality



As preocupações gerais – e não as particulares como a conta da electricidade, as prestações várias, essas dificilmente mudam – têm andado muito à volta dos abusos. Abuso na concessão de crédito do outro lado do atlântico que acabaram por respingar para o lado de cá, tal é o emaranhado e a procura de lucro a qualquer preço. Aqui lembro-me de duas personalidades nacionais, uma que me merece crédito (Ferraz da Costa) enquanto que a outra (João Salgueiro), nem por isso – em duas alturas diferentes disseram que as pessoas só ficam apertadas com crédito, a mais para o seu ordenado, porque não sabem fazer as contas nem lêem as letrinhas pequeninas. Pois bem com esta crise duvido que eles tenham transformado em actos as suas sábias e acertadas, mas algo extemporâneas, palavras. Gostaria imenso que as perdas não afectem ninguém, como é evidente, mas que o susto e a mão na consciência de que, ninguém está a salvo independentemente do número de contas e do número de pessoas que as fazem por eles, gostava que não passassem sem ele. É que a sensação de controlo é uma miragem, não controlamos muita coisa e só as leis da probabilidade nos dão alguma margem. Como em tudo, há de tudo e o mal reside mesmo na generalização.
Os outros abusos são à nossa maneira e escala, isto é, o pagamento de favores com recursos públicos. Da crise, palavra maldita para os que se vêm afectados, ou em vias de o ser, era complicado saber-se a não ser que se estivesse por dentro do assunto com olhar crítico e aqui aconselho as intervenções de Nouriel Roubini. Já no caso dos favores… aqui tenho uma metáfora, que já existe em forma de saber popular e que reza assim: à mulher de César não lhe basta ser séria, tem que parecer. Fica a ideia, depois de ver todos os programas de debate que isto era algo estranho a todos. Fico com a ideia de que, como um todo, se julgava que a jovem permanecia virgem, impoluta, intocada e depois, há posteriori, descobrem que assim não é e a comoção toma de assalto tudo o todos, longe da privacidade do seu raciocínio e das conversas de algibeira. Todos vergonhosamente surpresos à direita, esquerda e ao centro. Ninguém está salvo e aqui apetece perguntar, quem resta? Até o primeiro-ministro, pessoa que recuso a classificar, parece ter o nome uma investigação com milhões à solta do Freeport ou então com pressões registadas e num tom ameaçador, aquando da polémica do seu pseudo-curso, ao director do jornal Público e disponíveis no site da ERC. Que raios querem que depois uma pessoa pense, faça ou escreva? Digam-me, por exemplo os comentadores da Quadratura do Círculo, ou melhor, não digam, que o mais certo é haver alguma “desculpa”, como é norma, e ainda acabamos nós por ter que pedir perdão.
Estamos num beco de valores sociais e políticos e conómicos e morais e...

Tudo tem uma razão de ser


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E eu, que passo a vida com os meus alunos, a tentar explicar-lhes, mesmo contra a sua vontade, o porquê das coisas na Terra e não só, posso, com este vídeo, aperfeiçoar o meu saber. Bem-haja.